Trabalho de Português Instrumental
Por: Ednelso245 • 31/8/2018 • 8.302 Palavras (34 Páginas) • 502 Visualizações
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Sugiro que pôr em prática o que foi aprendido com esse livro abriria novos caminhos para diferentes formas de compreensão, melhoraríamos nossa prática de avaliação, pois a importância do ato de ler, não está em dizendo de que ler seria devorar vários livros, sem serem realmente lidos ou estudados, devemos ler seriamente os livros que nos interessam que favorecem a mudança da nossa prática, assim criaríamos uma disciplina mais intelectual onde não faríamos uma leitura do mundo, mas como também escreveríamos e reescreveríamos histórias e compreensões do mesmo.
Protocolo 2
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Gnerre no primeiro capítulo do livro, título da presente resenha, nos apresenta uma discussão sobre as relações entre a linguagem, o poder e a discriminação que se fundamenta em argumentos históricos, linguísticos e gramaticais. Na primeira parte do capítulo, a introdução, o autor nos situa no tema a ser discutido informando-nos que a linguagem “ocupa uma posição central a função de comunicar ao ouvinte a posição que o falante ocupa de fato ou acha que ocupa na sociedade em que vive”. Ou seja, linguagem não é usada somente para espalhar informações, isto é, a função da linguagem é de comunicar as pessoas a posição em que nós ocupamos de fato ou achamos que ocupamos na sociedade em que vivemos.
As pessoas falam para serem ouvidas, às vezes para serem respeitadas e também para expressar o que estão sentindo. “O poder da palavra é o poder de mobilizar a autoridade acumulada pelo falante e concentrá-la num ato linguístico. ” (Bourdieu, 1977). Os casos mais evidentes e os mais extremos que podemos colocar para que a frase de Bourdieu seja entendida seria em um discurso político, sermão na igreja, aula, etc.
Todo ser humano tem que agir verbalmente de acordo com o momento certo para falar, o que se deve falar e como se deve falar. A língua padrão é um sistema comunicativo ao alcance de uma parte reduzida dos integrantes de uma comunidade que vale como reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e sociais. Alerta também o autor que o uso de uma variedade linguística reflete o poder e a autoridade os usuários da língua possuem nas relações econômicas e sociais, ou seja, na sociedade.
Ainda na introdução do capítulo o autor traz para reflexão a questão, o problema central do mesmo no qual a separação entre linguagem escrita e falada se apresenta fortemente marcada, em função, especialmente, por ser a modalidade escrita associada à variedade “culta” ou padrão. Por outro lado, a modalidade falada, associa-se à capacidade de produção linguística do falante em seu meio social. Neste caso, a pronúncia representa uma “marca” da proveniência regional e, às vezes, social do falante, marca essa difícil de ser “apagada” pela instrução, segundo o autor. Na sequência, o autor discute a relação entre uma variedade linguística e o poder da escrita apresentando, para tanto, argumentos históricos. Tais argumentos dizem respeito aos modelos clássicos de língua – ligados diretamente ao poder dominante – como o latim.
O latim não representava apenas a língua “culta”, mas estava associada diretamente ao poder, uma vez que o Império Romano dominou pela força por muitos séculos. Nesse processo de dominação, a língua latina era imposta aos dominados, como o ‘modelo’ a ser“obrigatoriamente”seguido. Nessa mesma perspectiva, quando da expansão dos ibéricos, os modelos da gramática greco-latina foram utilizados pelos espanhóis e portugueses para valorizar as variedades linguísticas escritas, “já associadas com os poderes centrais e/ou com as regiões economicamente mais fortes”. Afirma o autor que a “língua era um instrumento cujo poder nas relações externas era reconhecido”, o que nos autoriza dizer que a dominação era concretizada também pela imposição da língua, no nosso caso, a portuguesa. Houve época que o francês ocupava a posição mais alta na escala de valores internacionais das línguas, depois foi a vez da ascensão do inglês.
O passo fundamental na afirmação de uma variedade sobre as outras é sua associação à escrita e, consequentemente, sua transformação em uma variedade usada na transmissão de informações de ordem política e "cultural". A diferenciação política é um elemento fundamental para favorecer a diferenciação linguística. As línguas europeias começaram a ser associadas à escrita dentro de restritos ambientes de poder: nas cortes de príncipes, bispos, reis e imperadores. O uso jurídico das variedades linguísticas foi também determinante para fixar uma forma escrita.
A associação entre uma determinada variedade linguística e a escrita é o resultado histórico indireto de oposições entre grupos sociais que eram e são pessoas com diferentes variedades. Com a emergência política e econômica de grupos de uma determinada região, a variedade por eles usada chega mais ou menos rapidamente a ser associada de modo estável com a escrita. Associar a uma variedade linguística a comunicação escrita implica iniciar um processo de reflexão sobre tal variedade e um processo de elaboração dela.
Escrever nunca foi e nunca vai ser a mesma coisa que falar: é uma operação que influi necessariamente nas formas escolhidas e nos conteúdos referenciais. Nas nações da Europa ocidental a fixação de uma variedade na escrita precedeu de alguns séculos a associação de tal variedade com a tradição gramatical greco-latina. Tal associação foi um passo fundamental no processo de "legitimação" de uma norma. O conceito de "legitimação" é fundamental para se entender a instituição das normas linguísticas. A partir de uma determinada tradição cultural, foi extraída e definida uma variedade linguística usada, como já dissemos, em grupos de poder, e tal variedade foi reproposta como algo de central na identidade nacional, enquanto portadora de uma tradição e de uma cultura.
Os cidadãos, apesar de declarados iguais perante a lei, são, na realidade, discriminados já na base do mesmo código em que a lei é redigida. A maioria dos cidadãos não tem acesso ao código, ou, às vezes, tem uma possibilidade reduzida de acesso, constituída pela escola e pela "norma pedagógica" ali ensinada. Apesar de fazer parte da experiência de cada um, o fato de as pessoas serem discriminadas pela maneira como falam, fenômeno que se pode verificar no mundo todo, no caso do Brasil não é difícil encontrar afirmações de que aqui não existem diferenças dialetais.
A separação entre
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