“OS CONTOS DA CANTUÁRIA” (O CONTO DO COZINHEIRO)
Por: Sara • 30/3/2018 • 1.049 Palavras (5 Páginas) • 1.292 Visualizações
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O Conto do Cozinheiro
Havia antigamente em nossa cidade um aprendiz que trabalhava em uma mercearia. Jovial como um pintassilgo no bosque, era ele um sujeito baixo, moreno qual amora madura, e com os cabelos negros bem repartidos e encaracolados. Sabia dançar com tanto jeito e com tamanha graça que todos o chamavam de Perkin-o-Farrista. Assim como a colméia está cheia de mel, assim andava ele cheio de amor e desejo: feliz da garota que tinha encontro com ele! Nas festas de casamento ele cantava e pulava sem parar. Gostava mais da taverna que do trabalho. Nos dias de procissão em Cheapside, saia correndo para a rua, só voltando depois de assistir à passagem do cortejo inteiro e de dançar quanto queria. Também costumava reunir à sua volta um bando da mesma laia, que só pensava em pular e cantar e divertir-se, marcando encontro nas ruas para os seus jogos de dados. E a verdade é que não havia na cidade quem soubesse lançar um par de dados melhor que Perkin. Além disso, às escondidas, gastava dinheiro a rodo. Foi o que o patrão descobriu em seu negócio, ao deparar tantas vezes com a gaveta vazia. De fato, o patrão tinha que arcar com muitas despesas para sustentar o tal aprendiz farrista, que vivia atrás de dados, festas e mulheres. E o pior é que ele pagava sem ouvir a música. E isso, porque frequentemente o furto e a folia se confundem e se transmudam em guitarra ou em rabeca. Como dizem, no seio da arraia miúda a farra e a honestidade nunca entram em acordo. Esse alegre rapaz ficou com o patrão até quase o fim do aprendizado, apesar das constantes repreensões e das vezes em que foi levado à prisão de Newgate, com os menestréis à frente abrindo alas. Finalmente, um dia, ao examinar a documentação de seu serviçal, lembrou-se o patrão daquele ditado que diz: ‘Jogue fora a maçã podre antes que contamine toda a pilha’. O mesmo se aplicava ao criado relapso: era melhor livrar-se dele que deixá-lo influenciar todos os outros. Assim, o seu patrão o despediu, e o mandou para a rua da amargura. E o alegre aprendiz se viu desempregado. Vá agora farrear a noite inteira! Ou tome jeito! Entretanto, como não há ladrão sem cúmplices que o ajudem a gastar ou a sugar aquilo que ele rouba ou surrupia, logo enviou ele sua cama e sua trouxa a um compadre do mesmo tipo, que também apreciava os dados, as arruaças e as estripulias, e que tinha uma mulher que, mantendo uma loja apenas como fachada, ganhava a vida como prostituta...
Referências Bibliográficas:
Dísponivel em: http://brasilescola.uol.com.br/historiag/guerra-cem-anos.htm. Acesso em 30 Agosto de 2016.
Dísponivel em: http://docplayer.com.br/2334247-Os-contos-de-cantuaria-the-canterbury-tales-geoffrey-chaucer.html. Acesso em 30 Agosto de 2016.
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