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GÊNERO ROMANCE E A SUA PARTICULARIDADE MODERNA

Por:   •  1/10/2018  •  1.415 Palavras (6 Páginas)  •  291 Visualizações

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da originalidade ter encontrado sua primeira grande expressão na Inglaterra e no século XVIII; a própria palavra ‘original’ adquiriu nessa época sua acepção moderna graças a uma inversão semântica que constitui um paralelo da mudança do sentido de ‘realismo’. Vimos que da convicção medieval sobre a realidade dos universais o ‘realismo’ acabou por indicar uma convicção sobre a percepção individual da realidade através dos sentidos: da mesma forma o termo ‘original’ – que na Idade Média significava ‘o que existiu desde o início’ – passou a designar o ‘não derivado, independente, de primeira mão”. . (WATT, IAN, 1990, P.16).

Quanto à tipologia da forma romanesca alguns aspectos são abordados por Luckács, em sua obra A teoria do Romance. Ele constata de que o romance é a forma necessária da modernidade. Para Lukács, o romance moderno substitui a epopéia na sociedade atual, na medida em que as condições do mundo contemporâneo não permitem a construção de uma narrativa épica, caracterizada pela representação de heróis coletivos e de conquistas dos povos. Para ele o romance moderno está ligado à subjetividade do homem, à sua relação com o mundo em que vive.

Lukács destaca como momentos do gênero romance, o herói é um visionário que se sente menor que o mundo, solitário. Isso acontece em razão de uma inadequação entre a alma e a obra literária, entre interioridade e aventura ele o definiu como sendo idealismo abstrato e cita como exemplo Dom Quixote de Cervantes Dom que é o herói que age, em defesa da honra e da justiça, mas, sua interioridade transformada em ação se revela inadequada e totalmente desconectada da realidade. Em outro momento seria o que o autor denomina da romance da desilusão que ao contrário do idealismo abstrato, aqui se tem visa própria à interioridade da outra forma se converte em ação nesta.

Dom Quixote, é o herói que age, em defesa da honra e da justiça, mas, sua interioridade transformada em ação se revela inadequada e desconectada da realidade. é a fundamental nessa nova época, como crítica e paródia ao romance de cavalaria medieval:

“E Cervantes, o cristão devoto e o patriota ingenuamente leal, atingiu por meio da configuração, a mais profunda essência desta problemática demoníaca: que o mais puro heroísmo tem de tornar-se loucura quando os caminhos para uma pátria transcendental tornaram-se intransitáveis; que a mais autentica e heroica evidencia subjetiva não corresponde obrigatoriamente à realidade.” LUKÁCS, 2000, P.102.

Theodor Adorno (2003) estabelece contribuições importantes acerca da literatura no século XX. “Posições do narrador no romance contemporâneo” consiste em um ensaio que ocorre em um ambiente histórico conflituoso. O romance representa uma sociedade feita por homens sem vínculos permanentes e desencantados com a sua realidade:

O que se desintegrou foi a identidade da experiência, a vida articulada e em si mesma contínua, que só a postura do narrador permite. Basta perceber o quanto é impossível, para alguém que tenha participado da guerra, narrar essa experiência como antes uma pessoa costumava contar as suas aventuras. (ADORNO, 2003, P.56)

Adorno (2003) aponta, o romance é também fruto de uma forma literária gerada em um mundo que busca o sentido em sua própria existência, Além disso, é um elemento que mostra as feridas dos indivíduos abandonados pela selvageria da civilização:

De fato, os romances que hoje contam aqueles que a subjetividade liberada é levada por sua própria força de gravidade a converter-se em seu contrário, assemelham-se a epopeias negativas. (...) Essas epopeias compartilham com toda a arte contemporânea a ambiguidade dos que não dispõem a decidir se a tendência histórica que registram é uma recaída na barbárie ou, pelo contrário, o caminho para a realização da humanidade, e algumas se sentem à vontade demais no barbarismo. (ADORNO, 2003, P 62)

Pode se concluir que a criação do novo gênero romanesco marca o início de uma ruptura com as tendências clássicas. E assim o romance moderno realista acaba estabelecendo uma significativa função na literatura, onde passa a priorizar o indivíduo, representando e aproximando-se da realidade. Dessa forma o leitor passa a se reconhecer naquilo que lia no cotidiano, seus valores morais, aspectos íntimos, entre outros comportamentos que eram expostos no gênero romance.

REFERÊNCIAS

WATT, Ian. A ascensão do romance: estudos sobre Defoe, Richardson e Fielding.são Paulo. Editora Companhia das Letras, 1990.

LUKÁCS, Georg. teoria do romance, A. Editora 34, 1962.

ADORNO, Theodor W. “Posição do narrador no romance contemporâneo”.

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