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A DEUSA, O GÂNGSTER E O REI: RACISMO, ESTEREÓTIPOS E A VISÃO DO NEGRO NO MUNDO DA MARVEL COMICS

Por:   •  19/12/2018  •  3.110 Palavras (13 Páginas)  •  439 Visualizações

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2. JUSTIFICATIVA

As Histórias em quadrinhos, ou HQ’s, começaram como uma forma de entretenimento para crianças e adolescentes e vão adquirindo um caráter mais adulto e maduro à medida que seus leitores vão crescendo e amadurecendo, “forçando” os heróis a encaixarem no mundo e na sociedade moderna. Suas histórias de origem precisam ser adaptadas e recontadas, para satisfazer as expectativas de um público cada vez mais exigente, que acompanha tais histórias ao longo dos anos e também para chamar a atenção do público de leitores jovens. Dada a importância deste fenômeno na sociedade moderna, as histórias em quadrinhos passam a abordar temáticas sociais pesadas e profundas, como a homofobia, o machismo e o racismo, criando pautas de discussão modernas e interessantes que permitem analisar de maneira mais ampla as relações e construções sociais envolvidas na narrativa das HQ’s, comparando-as com a nossa sociedade.

3. OBJETIVO

Analisar as representações etnicorraciais dentro da história de origem do Pantera Negra, de 1973, de Luke Cage, 1972, e da saga Ororo: Before the Storm, de 2005, que narra a trajetória da heroína tempestade nos anos 70, todos da editora Marvel Comics.

4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Analisar os estigmas e estereótipos impostos aos super-heróis negros ao longo dos anos;

- Explorar suas histórias de origem ou histórias que falem sobre suas vidas pré heroicas;

- Analisar a visão estabelecida sobre o continente africano e sua história pelos artistas;

- Observar a relação dos personagens com os espaços geográficos que eles ocupam, assim como a sua relação com outros personagens, sejam eles negros ou brancos.

5. PROBLEMAS

- Quais são os preconceitos, estereótipos e estigmas envolvidos na criação de um personagem negro?

- Qual é a ótica utilizada e o verdadeiro grau de estudo sobre a comunidade negra dentro desse processo?

- Até que ponto a leitura de histórias em quadrinhos pode nos ajudar a formar um pensamento crítico?

6. METODOLOGIA

Apresentação dos personagens com suas histórias de origem e problemas diários, embasada na leitura de Clyde W. Ford, Joseph Campbell, Ellis Cashmore, Sean Howe, Gazy Andraus, Stuart Hall, Frantz Fanon e Nobuyoshi Chinen, as histórias oficiais na Enciclopédia Marvel e na Avengers Encyclopedia e as sagas que relatam o passado desses heróis (Marvel Masterworks: Black Panther volume 1, Marvel Masterworks: Luke Cage volume 1 e Ororo: Before the Stom volumes 1 ao 5), para ampliar a análise do tema escolhido.

7. CRONOGRAMA

ATIVIDADES

FEV

MAR

ABR

MAI

JUN

JUL

AGO

SET

Escolha do tema e do orientador

Encontros com o orientador

Pesquisa bibliográfica preliminar

Leituras e elaboração de resumos

Elaboração do projeto

Entrega do projeto de pesquisa

Revisão bibliográfica complementar

Coleta de dados complementares

Redação da monografia

Revisão e entrega oficial do trabalho

Apresentação do trabalho em banca

8. REFERENCIAL TEÓRICO

Existem diversos processos criativos envolvidos durante a criação de um personagem. Desde fatores como essenciais, como nome aparência e habilidades, até mesmo um background mais detalhado da história do mesmo. O processo criativo da Marvel Comics da década de 60 era qualquer coisa, menos elaborado e constante. Com sua distribuição controlada pela editora rival, a DC Comics, parecia uma ideia mais segura investir tempo e dinheiro nos famosos slices of life, gênero que retrata o cotidiano de determinado personagem.

De qualquer forma, a ordem era buscar o apelo “das minorias”. De forma que, no verão de 1973, quando as últimas edições de A enfermeira da noite e A Gata escapuliram discretamente das bancas, foram prontamente substituídas por esforços redobrados com vistas à diversidade racial. Luke Cage virou convidado especial de destaque em O Surpreendente Homem-Aranha, enquanto em seu título próprio, a Marvel carinhosamente anunciava: “boa parte das gírias malandras de Cage será suprimida”. A maldosa afroamericana Sombra da Noite [Nightshade] enfrentou Capitão América e Falcão; Jim Wilson retornou às páginas de O Incrível Hulk. Em A tumba de Drácula, Marv Wolfman recuperou Blade, um caçador de vampiros com óculos espelhados e bandoleira que concebera nos anos 1960. O western de parceria birracial Reno Jones and Kid Cassidy: Gunhawks virou Reno Jones, Gunhawk quando a parte branca da dupla foi assassinada. As edições finais de Shanna, a Mulher-Demônio apresentaram Nekra, uma mutante albina filha de uma faxineira afro-americana; não surpreende que sua tendência criminosa tivesse conexão com problemas de identidade. Outros novos personagens negros passaram pelo filtro do exotismo internacional: em Supernatural Thrillers, Steve Gerber e Rich Buckler introduziram N’Kantu, a Múmia Viva; o xamã haitiano de Len Wein e John Romita chamado Irmão Vodu [Brother Voodoo] começou a estrelar Strange Tales ; e Don McGregor e Rich Buckler trouxeram o Pantera-Negra de volta à sua terra natal, Wakanda, em Jungle Action, título anteriormente dedicado a republicar fantasias branco-imperialistas dos anos 1950. (Howe, 2013. Pág. 97)

O plano era trazer a “diversidade” para as páginas da Marvel, dando maior espaço a personagens femininos e/ou pertencentes a grupos minoritários, como negros e latinos. Quando surge, o Pantera Negra, primeiro herói africano a povoar as histórias da Marvel, meramente

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