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Síntese do artigo: um acontecimento, três jornais: processo de produção no jornalismo latino americano.

Por:   •  26/9/2018  •  1.621 Palavras (7 Páginas)  •  334 Visualizações

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A nossa análise partiu da edição do jornal Diário do Amapá do dia 01 de abril, que noticiou a greve com o título "Professores deflagram greve por tempo indeterminado a partir de terça". Para fundamentar a afirmação do título, o Diário do Amapá destaca que decisão foi tomada em assembleia com aproximadamente 1 mil professores e com a declaração do presidente do Sindicato dos Servidores Públicos em Educação (Sinsepeap), Aroldo Rabelo que afirmou que todas as tentativas para dialogar com o governo foram em vão, não restando outra alternativa senão deflagrar a greve.

Rabelo afirma ainda que outras categorias do serviço público estadual podem aderir ao movimento já que nos últimos dias cerca de 35 categorias vêm protestando contra o que se tem chamado de “pacote de maldades” do governo.

“Todas as categorias estão sendo prejudicadas por essas medidas ilegais praticadas pelo governo, por isso a greve pode atingir, também, a rede municipal”, pontuou Aroldo Rabelo, que enumerou como principais itens da pauta de reivindicações: o fim do parcelamento de salários, desistência de execução de reformas anunciadas pelo Governo do Estado, fim do congelamento salarial de 2016, retomada da data base de reajuste salarial e da mesa de negociação.

Segundo o SENSEPESP não só os professores aderiram à greve, mas também os demais setores da educação como serventes, merendeiros, equipe de apoio escolar e técnicos educacionais (secretários, supervisores e coordenadores).

A decisão foi tomada em assembleia geral onde uma comissão formada por membros do sindicato apresentou aos trabalhadores os pontos de reivindicação. A grande maioria dos servidores votaram a favor da greve que já havia sido anunciada durante uma paralisação de advertência de 3 dias realizada por esses profissionais imediatamente antes do ato grevista.

No Jornal A Gazeta a manchete em letras garrafais foi “Os trabalhadores deflagraram paralisação por negociações salariais frustradas e repúdio ao parcelamento do salário dos servidores públicos” e destaca que a Procuradoria Geral do Estado (PGE) entrou na Justiça com o pedido de liminar alegando que os professores abusaram do direito de greve.

O jornal A Gazeta destacou a fala do governador Waldez Góis se posicionando contrário a greve com o argumento de que ela: “têm gerado grave prejuízo à formação educacional dos alunos da rede pública estadual, indo de encontro, inclusive, à severa crise financeira”. Com isso se procurou enfatizar que a greve dos professores são fatos que atingem não só a formação dos alunos, mas a sociedade como um todo e o governo vigente.

O jornal A Gazeta não entrevistou professores que participaram do movimento, ou seja, o lado grevista não teve voz nem vez no jornal, pelo contrário o lado governamental foi amplamente divulgado, como uma entrevista com a desembargadora Stella Ramos, que afirmou que movimento dos professores pode tornar-se “arbitrário” quando os serviços públicos forem afetados. “Desse modo, embora os servidores públicos possuam direito de greve, deve-se atentar para o fato de que o seu exercício pode se tornar arbitrário e ilegítimo quando pôr em risco o princípio da continuidade da prestação dos serviços públicos realizados pela categoria”.

Ao analisar as abordagens dos dois jornais escolhidos para esse trabalho em relação à greve geral dos professores do Estado do Amapá pode-se observar com clareza que ambos os textos são tendenciosos para uma das partes.

O “Diário do Amapá” deixa nítido que procurou ouvir com prioridade os representantes do Sindicato dos Servidores em Educação do Estado do Amapá. Já o jornal “A Gazeta” prioriza a versão dos fatos apresentada pelo governo e demais entidades governamentais.

O primeiro enfatiza as perdas salariais dos servidores, a inviabilidade do parcelamento dos salários, bem como, o descumprimento de obrigações advindas de direitos adquiridos por esses trabalhadores, como a data-base de reajuste salarial. Em várias ocasiões são feitas transcrições das falas do presidente do sindicato apresentando seus argumentos e justificativas para a manifestação. A intenção de levar o leitor a compreender e aceitar a atitude dos grevistas é latente em vários trechos.

Já o segundo jornal citado busca demonstrar os problemas que tal manifestação causará a sociedade. O texto cita pareceres de autoridades judiciais que alegam irregularidade das informações prestadas pelo sindicato ao governo, a ilegalidade do ato, além dos transtornos sofridos por alunos que terão o ano letivo comprometido. Aí fica clara a tendência da redação em defender o governo e justificar suas atitudes diante da classe dos educadores.

O conteúdo analisado dos dois jornais revela que eles tiveram acesso as fontes, como entrevistas com o presidente do Sinsepeap, Aroldo Rabelo, com o governador Waldez Góis, com a desembargadora Stela Ramos, além do contato com as massas trabalhadoras da educação.

O jornal Diário do Amapá com uma abordagem sucinta e objetiva sobre o acontecimento mostrou-se de certa forma favorável aos professores, por outro lado o jornal A Gazeta parece abandonar qualquer imparcialidade, se mostrando contrário aos grevistas, defendendo os interesses do governo.

Referências

ZAMIN, Angela. Um acontecimento, três jornais: processo de produção no jornalismo latino-americano. Versão revista de trabalho apresentado no 10º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo.

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