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Resenha de A História na América Latina: ensaio de crítica historiográfica, Malerba

Por:   •  27/8/2018  •  1.316 Palavras (6 Páginas)  •  498 Visualizações

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Essa percepção pós-moderna de que não há uma verdade absoluta na história, mas diferentes perspectivas, acaba por penetrar no que se estabelece como "nova história cultural". Malerba afirma que com essa postura de conceber a história como uma gama de discursos conflitantes, o conhecimento dessa área seria reduzido ao discurso, com histórias especificas, em sua maioria, de grupos antes marginalizados. Com tais noções, reflexo da sociedade individualista, se buscam não mais objetivos coletivos e totalizantes.

Em seguida, Malerba se abre para discutir a relação da historiografia da América latina com outros polos culturais. O pensamento ocidental, destacado pelo autor, invadiu os parâmetros culturais da América, como fica nítido pelas línguas oficiais.

Quanto ao Estados Unidos, sua atenção para América Latina somente se dá após a Revolução cubana. Nesse período da década de 60, o interesse norte americano era levar seu modelo democrático a essas nações. Malerba, porém, desconsidera a noção de um imperialismo cultural e científico por parte dos Estados Unidos na América latina, mas diz ser perceptível um colonialismo cultural.

Malerba, seguindo o pensamento de outros autores, defende que 1968 traz grandes efeitos para a historiografia, colocando o presente imediato como objeto histórico. A aproximação com o âmbito social seria um elemento marcante nesse contexto para a historiografia. Malerba ainda chama atenção para o fato das instituições américas estarem formando os historiadores latino-americanos.

Para Malerba, a abundância de objetos passíveis de investigação histórica reflete o momento de mudança dos anos 60, além de uma certa sujeição latino-americana a produção intelectual hegemônica.

A diversidade temática de investigação é que fez desenvolver a produção história latino-americana nos Estados Unidos. A inserção de sujeitos marginalizados, reforça Malerba citando John Johnson e Thomas Skidmore, gerou um refinamento dos processos metodológicos. E o que se observa nessa produção de história é a preponderância da história social, seguida da "nova" história cultural.

Malerba, porem se atenta em denunciar que essa produção sobre a América Latina fora da América Latina, negligenciava elementos em favor de onde se produzia. As temáticas em foco refletiam a necessidade do lugar do pesquisador. Malerba evidencia como os conflitos entre pesquisadores do Norte e Sul era pautada pela importância que dados temas poderiam ter para a própria América Latina.

Dessa forma, o que Malerba busca pôr em cheque nessa discussão específica, é a definição dos temas de pesquisas, e a quem atenderia.

Em seguida, Malerba se põe a apresentar o avanço do marxismo na historiografia, que por sua vez se desenvolve no pós-Segunda Guerra Mundial, inserindo elementos socioeconômicos na escrita da história latino-americana.

Ainda assim, Malerba destaca alguns trabalhos importantes de vertente marxista na primeira metade do século XX, mas Rafael Pedrueza do México e Caio Prado Junior no Brasil ganham destaque por suas analises com base na estrutura socioeconômica e no conflito de classes. Outro autor de importância é o argentino Sergio Bagu, que defendia a existência de um capitalismo colonial.

Malerba se abre a discutir as mudanças e abalos no marxismo após 1968, e o que viria a ser o pós-marxismo em meio ao pós-modernismo. Esse novo marxismo segue as ideias dos anos 70 e 80, com socialismo democrático, aberto a se adequar as necessidades capitalistas e tendo como objetivo a democracia.

Visto que o pós-modernismo traria o fim das grandes narrativas, e teorias generalizantes, a historiografia latino-americana teria como escopo as unidades culturais.

Malerba expõe alguns autores que criticam a postura dita "pós-marxista" de Ernesto Laclau, visto que uma busca por fragmentos do marxismo é impotente, e relembra que mesmo antes dos pós-marxismo, a analise marxista já havia garantido um certo espaço nas pesquisas históricas, como é o caso da história social britânica, que influenciou a história social na América Latina dos anos 1970, assim como também o fez a Escola dos Annales.

O autor encerra afirmando que historiadores marxistas tendem a produzir uma história elaboradora de questões, que concebe a sociedade em sua totalidade e que evidencias os mecanismos estruturais dessa sociedade. E com bases nessas noções foi que se deu as melhores produções da história socioeconômica da América Latina.

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