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Resenha - A Agonia da Idade Média

Por:   •  22/3/2018  •  2.025 Palavras (9 Páginas)  •  340 Visualizações

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Na visão historiográfica, temos um historiador que através do seu estudo, de seus questionamentos, argumentações e filosofia acorda diante uma Idade Média onde tudo é ambíguo e nada é claro, acreditando que o mundo medieval era um mundo doente e que estava cego. “Avançando pelos silêncios da história, Michelet é um precursor, um homem de arquivos que trocava a serenidade e aridez “científicas”, pela prosa colorida e apaixonada.” (p. 13).

Jules Michelet dedica dez anos de sua vida em estudos sobre a Idade Média, intitula “dez anos à Revolução” nesta obra ele irá reunir um conjunto, situar duas histórias, a da Renascença e da era moderna, na página 17 diz que a obra não foi feita para afligir moribundos, e sim um apelo às forças vivas. “A história, que não é senão o conhecimento da vida, devia vivificar-nos; ao contrário ela nos enfraqueceu, fazendo-nos acreditar que o tempo é tudo, e a vontade, pouca coisa.” (p. 17).

O autor nesta obra aborda apenas o lado sombrio da Idade Média e em suas outras obras ele tenta a abordagem de um modo totalitário. “A agradável palavra Renascença não evoca aos amigos do belo senão o advento de uma nova arte e o livre desenvolvimento da fantasia. Para o erudito, é a renovação dos estudos da Antiguidade; para os legistas o dia que começa a brilhar sobre o dissonante caos de nossos velhos costumes”. (p. 19).

O autor afirma que, no século da Renascença através do pensamento de diversos filósofos o homem faz descobertas do mundo, do céu, da terra e se encontra no mundo e consigo mesmo. “(...) ele aprendeu em seu mistério moral. Perscrutou as bases profundas da natureza. Começou a fundar-se na Justiça e na Razão.” (p. 20).

“Profunda, com efeito, é a base em que se apoia a nova fé, quando a Antiguidade reencontrada se reconhece idêntica de coração à era moderna, quando o Oriente entrevisto estende a mão ao nosso Ocidente e quando, no espaço e no tempo, começa a feliz reconciliação dos membros da família humana.” (p. 20). Michelet trata a Idade Média como estado estranho e monstruoso, artificial, relata o retorno do feudalismo por estar presa a terra, onde parece morrer no século XIII, para então reflorescer no século XIV. E que no século XVI a nobreza dará continuidade até a Revolução. O conceito de Michelet do Renascimento só pode ser visto a partir do espírito revolucionário de seu povo, capaz de fazer a força transformadora dos homens ressurgirem.

Eminentes historiadores descreveram perfeitamente como o governo eclesiástico e laico se organiza ou termina nesses quatro séculos; como se constituem a ordem e a paz pública. No entanto, eles deixaram na sombra o movimento retrógrado que então se consuma na religião, na literatura: a debilitação do caráter e das forças vivas da alma. Michelet explana que o homem, de coisa que era, torna-se pessoa, torna-se homem. E completa que o homem se esgota e se torna estéril.

Em sua obra Michelet diz que a servidão é um estado absurdo e contraditório. Eis um cristão, uma alma redimida por todo o sangue de um Deus, uma alma igual a toda alma, que suporta do mesmo modo aqui na tem uma escravidão real da qual só o nome mudou — melhor dizendo, que vive em um estado profundamente anticristão, ao mesmo tempo responsável e irresponsável, que o subjuga, o associa aos pecados do senhor, e o conduz direto a partilhar sua danação.

Michelet crítica que, proibir a filosofia, o raciocínio teria sido estimulá-los ainda mais, porém, colocar a filosofia em um pequeno círculo legal no qual, sem avançar, ela poderia girar eternamente. Portanto uma crítica ferrenha a essa doutrina que veio a criar os Povos Tolos. “Os sistemas podiam passar, mas a estupidez é imortal.”

“Os observadores sentem-se desencorajados. O estudo dos fatos é muito perigoso. Usam-se os livros como abrigos, adaptam-se velhos textos para apoiar a ciência frívola, bizarra, de imaginação. O campo da verdade se esteriliza; nenhuma descoberta no século XIV.” (p.54) Neste trecho Michelet se mostra perplexo por ler textos que não tem uma comprovação cientifica e acaba criticando a ciência por não poder combater estes textos.

Michelet enxergou nos ensinamentos do cristianismo os indícios do princípio da Renascença. “O cristianismo nascente parecia ter compreendido a si mesmo como uma simples época do mundo, uma de suas formas históricas.” (p.58).

Foi na arte e na ciência que Jules Michelet observou o aceleramento do fim da Idade Média, a visão teológica dos reformadores enfraqueceram a religião. “Os tiranos sentiam pouco os laços profundos, íntimos, existentes entre as diversas liberdades do espírito humano, a oportunidade que a arte livre podia proporcionar à libertação literária e filosófica.” (p. 65).

A Renascença se via presente na arquitetura, na arte, nos filósofos, e imponte foram os esforços da igreja para contradizer a razão. “A arte e a razão reconciliadas, eis a Renascença, a união do belo e do verdadeiro.” (p.73).

Para Michelet da Vinci tem uma grande importância para a Renascença, onde ele o vê como um gênio, audacioso e aclamado por muitos, onde agrega arte e ciência e agride a religião. A burguesia é classe dominante na Europa, e a Renascença não se fará absolutamente por revolução popular, a burguesia será mais como um obstáculo para o povo.

Michelet comenta sobre a imprensa e bíblia no século XV. “A imprensa, é verdade, tinha prestado à humanidade o imenso serviço de colocar em suas mãos o livro do qual desde há muito ela obedecia, sem conhecê-lo.” (p. 79). A impressa traz a liberdade para os questionamentos dos escritos a cerca de trezentos anos adentrando a época da Renascença e propagado também por Lutero mais tarde.

Após ler o Martelo das feiticeiras de Sprenger, que era um por ele considerado um manual da inquisição, Michelet tenta entender então a perseguição entre as mulheres, e encontra as respostas sabiamente tolas, porém ele analisa e afima que: “A mulher, nesta época, substituindo Deus no altar, é, na realidade, a vítima desse mundo sobre o qual todos os males recaem, e ela possui o inferno neste mundo.” (p.86). Michelet já compreende então o erro que estão fazendo em tratar a mulher como uma feiticeira associando ao Diabo e afastando ela de Deus e elabora suas criticas em torno de toda a situação, sobretudo ao trabalho de Sprenger, no qual Michelet dedica um capítulo do seu livro, para analisar e debater sobre o assunto.

“Por que a Renascença chega com um longo atraso de trezentos anos? Por que a Idade Média vive três séculos após sua

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