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RESENHA DO LIVRO ESTADOS UNIDOS A CONSOLIDAÇÃO DE NAÇÃO

Por:   •  23/6/2018  •  3.575 Palavras (15 Páginas)  •  1.005 Visualizações

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e os “realistas” defendiam a manutenção do poderio inglês. Os escravos ficaram divididos, estando milhares de cativos ao lado dos ingleses, na esperança de conseguir liberdade após a guerra, e muitos outros aproveitaram o momento conturbado para fugir da vida escrava.

Com a vitória sobre a Inglaterra, o país recém-criado ocupava uma área quase seis vezes maior que a antiga metrópole e era escassamente povoado. A população norte-americana era formada por um contingente de ingleses, além de irlandeses e escoceses. A maioria imigrara para os Estados Unidos por causa das dificuldades econômicas europeias, atraída pela notícia de que no Novo Mundo havia liberdade religiosa e a terra era farta e ainda não cultivada.

Um ponto interessante elencado pela autora eram os vários problemas para manter na época as 13 antigas colônias unidas em torno de um projeto comum, já que eram entidades separadas, e agora seriam transformadas em estados. Optou-se pelo regime republicano, mas unir homens e interesses diversos não seria fácil. Passando a ser chamado de Estados Unidos, Mary Junqueira salienta que a escolha do nome representava uma espécie de alianças entre unidades que se reuniam em busca de projetos comuns.

O primeiro período do novo país, que vai de 1776 a 1789, é chamado de Confederação, ou seja, não havia um governo central forte, mas uma instância que deveria reunir e analisar as vontades e interesses dos 13 estados. Podemos dizer que, nem todos os estados tinham as suas decisões respeitadas, outros tinham a sua própria milícia, outros cunhavam a sua própria moeda, outros ainda comercializavam com quem queriam de acordo com seus interesses particulares. A unidade, o sonho de um grande país territorial estava seriamente comprometido, e mais, se os estados se dividissem, a legitimidade do país e sua força política perante a Europa estaria se desmanchando.

Alguns homens descontentes com os rumos da Confederação propuseram o encaminhamento de uma convenção para pensar saídas para as fragilidades políticas da fragmentação. A proposta era que o país deixasse de ser uma Confederação, uma mera associação, uma aliança entre os estados e se tornasse uma Federação. Entretanto não faltaram desconfianças, temores acerca do debate da federação, pois grande era o receio de que fosse instalado um governo com as características semelhantes às de um monarca.

A autora faz uma discussão interessante acerca da identidade nacional. O sentimento de que, independentemente da origem, eram norte-americanos, não apareceu da noite para o dia. Criava-se uma unidade política, mas também havia a necessidade de se criar uma identidade cultural norte-americana. Era, portanto, necessário adotar símbolos que dessem unidade e fornecesse aos indivíduos um sentimento de pertencimento. Esse sentimento foi sendo forjado aos poucos, reforçado pela evocação de uma história comum e de elementos também comuns ao grupo social. Junqueira traz outro fator que favorece o sentimento de se pertencer a uma comunidade: o passado comum. Em outras palavras, no momento em que se constituía a identidade norte-americana, procurava-se uma origem única para uma cultura diversificada. Lá pela primeira metade do século XIX, fortalecia-se entre os norte-americanos a ideia de que eram um povo eleito com uma missão a cumprir. Era uma concepção nacionalista que se apoiava na ideia de Direito Natural, concedido pela divina providência àquele país, de tomar para si toda a parte continental da América do Norte.

No livro Presença dos Estados Unidos no Brasil, o autor Luiz Moniz Bandeira elenca que o destino manifesto tinha um caráter ou espírito expansionista. Surgiram doutrinas e movimentos que serviam para justificar a expansão econômica e política: predestinação geográfica, tarefa de regeneração, alargamento da área de liberdade, pois se consideravam um povo eleito com direito à terra prometida. Tanto Mary Junqueira nesta obra, quanto Moniz Bandeira em seu livro Presença dos Estados Unidos no Brasil salientam acerca da ambição dos norte-americanos. Acreditando ser um povo escolhido por Deus, desejavam conquistar e anexar territórios a qualquer custo. Junqueira traz a observação de um observador de sua época, que afirmava que o ímpeto por anexação era tal que o norte-americano estava perdendo os seus princípios simples numa busca desenfreada por propriedades e lucros. Moniz bandeira traz a corrida dos Estados Unidos para expandir seu território e o momento que esse país volta seu olhar para a Amazônia. Sem recuar, autoridades americanas desejavam e até conseguiram introduzir cidadãos americanos na Amazônia e no Pará, pois dessa forma, chegar as riquezas da Amazônia seriam mais fáceis.

Outro ponto enfatizado pela autora é a corrida pelo ouro, quando em 1848, logo após anexar o território da Califórnia, os norte-americanos descobriram ouro na região, fato que desencadeou uma verdadeira corrida de homens em direção às terras próximas ao Pacífico. Havia sim ouro e prata na região, mas muitos homens saíram dali frustrados com relação à esperança de tornarem-se ricos do dia para a noite.

Em abril de 1861 começava a Guerra Civil, as elites do Norte não queriam "perder" o Sul, fornecedor de matéria-prima e devedor dos bancos nortistas. Embora o Partido Republicano de Abraham Lincoln fosse a favor da abolição da mão-de-obra escrava, o objetivo do Norte com o enfrentamento não era pôr fim à escravidão, mas evitar de qualquer maneira a secessão, a divisão dos Estados Unidos da América em dois países. Tanto é assim que o exército nortista passa a se chamar Exército da União, pois lutava pela unidade e não pela separação do país. Já o Sul queria autonomia com relação ao Norte para defender os seus interesses e o regime escravista à bala e tiros de canhão, se necessário fosse.

A luta foi claramente desigual. O Norte contava com um número superior de soldados, com um arsenal militar superior e sistema de comunicação mais avançados que o Sul. Podem-se distinguir as principais frentes de batalha: o mar, o Vale do Mississippi e os estados da Costa Leste. Mas em vários momentos as batalhas se concentraram a leste dos Apalaches, especialmente porque as duas capitais - Washington, da União, e Richmond, dos confederados - ficavam naquela região e distantes apenas 160 quilômetros uma da outra.

O objetivo estratégico dos dois lados, como na maioria das guerras, era tomar a capital inimiga, lugar em que estavam estabelecidas as instituições governamentais que se queria dominar ou destruir. O Sul contava também com melhores cavaleiros, militares bem treinados e o conhecimento geográfico de muitas regiões do interior, coisa que faltava aos nortistas, mais urbanos. Essas

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