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Padre Cícero

Por:   •  1/11/2018  •  12.327 Palavras (50 Páginas)  •  275 Visualizações

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II

CONSAGRANDO-SE PADRE

Ingressou no seminário de Fortaleza, sob a direção dos padres Pedro Augusto Chevalier e Lourenço Vicente Enrile, ambos europeus. O seminarista Cícero passa a testemunhar o processo de “Romanização” da igreja, processo de cunho espiritualista e ideológico, idealizado pelo primeiro bispo do Ceará Dom Antonio Luis dos Santos, que pretendia substituir o “catolicismo colonial” pelo “catolicismo universalista de Roma”. Ou seja, tentar criar uma nova igreja virtuosa e obediente aos preceitos de Roma, (Igreja Católica, Apostólica Romana).

Já neste período o seminarista Cícero, começa a sofrer perseguições e é acusado pelo reitor de participar juntamente com seu amigo José Marrocos (Filho do padre João Marrocos) que já havia sido expulso do seminário, acerca de idéias religiosas tidas como estranhas.

Sofreu também grande pressão pelo fato de ter sido considerado um tanto místico e quem mais o perseguiu foi o Padre Pedro Augusto Chevalier, pedindo inclusive o seu desligamento do seminário.

Porém, disseminados todos os litígios, e com a clemência do bispo do Ceará Dom Antonio Luis dos Santos resolvendo não contrariar o Cel Antônio Luiz Alves Pequeno, chefe político cearense e padrinho de crisma de Cícero, a sua ordenação é permitida. Cícero agora contando com 26 anos de idade se ordenou padre.

Tendo sido Consagrado Padre no dia 30 de novembro de 1870. Em missa cantada, Padre Cícero Romão Batista, retornou a sua terra natal enquanto aguardava autorização para administrar uma paróquia.

Enquanto aguardava nomeações para assumir trabalhos em alguma paróquia, Padre Cícero Romão Batista, ficou lecionando Latim no Colégio Padre Ibiapina, fundado e dirigido pelo seu primo e amigo Prof. José Marrocos, que mais tarde se destacaria como jornalista.

O PADRE E O JOASEIRO

Chega em Joaseiro no dia 24 de dezembro de 1871, convidado Pelo Professor Semeão Correia Macedo, visitando pela primeira vez o lugarejo, um jovem padre recém-ordenado. Tinha uma pequena estatura, pele clara e cabelos escuros, o Padre Cícero Romão Batista. Nesta época Joaseiro era um povoado com pouco mais de 300 habitantes. Neste dia Padre Cícero rezou uma missa (tradicional missa do galo) na rústica capela de Nossa Senhora das Dores, construída pelo padre Pedro Ribeiro. Ficou no lugarejo por mais alguns dias a pedido dos amigos, o padre continuou a prestar seus serviços sacerdotais confessando os cidadãos que ali moravam, mas nada daquilo seria prova de que o padre ficaria no lugarejo, pois seus planos eram de voltar para a capital e lá se tornar professor no seminário onde se ordenara. Esta seria a sua primeira e última visita a Joaseiro.

Um certo dia ao fim de um dia cansativo, após ter passado várias horas a confessar pessoas do lugarejo, Padre Cícero, procurou descansar no quarto da escolinha, onde improvisava seu alojamento, quando de repente ao cair no sono, teve um sonho no qual o padre vai contar por toda a vida. E que para ele, este sonho seria uma revelação. Este evento mudou toda a trajetória de sua vida. Ele viu conforme contou para pessoas intimas e amigos. Os Doze apóstolos e o próprio Jesus Cristo. Neste sonho Jesus aparecia com o coração exposto. Sentados à mesa conforme o quadro “A Última Ceia” de Leonardo da Vinci. De repente quando Cristo vai falar aos seus apóstolos sobre sua missão de salvar todos os homens no fim do mundo, O local é invadido por uma multidão de pessoas famintas e despojadas, carregando seus pertences em pequenas trouxas, a exemplo dos muitos nordestinos que se flagelam na seca e se deslocam para tantas regiões do país. Cristo, virando-se para os famintos, falou da sua decepção com a humanidade, mas disse estar disposto ainda a fazer um último sacrifício para salvar o mundo. Porém, se os homens não se arrependessem depressa, Ele acabaria com tudo de uma vez. Naquele momento, Ele apontou para os pobres e, voltando-se inesperadamente ordenou: E você, Padre Cícero, tome conta deles! Visão esta que foi fato determinante para que Padre Cícero mudasse de uma vez por todas para o lugarejo.

Os habitantes do povoado ficaram impressionados com o Padre Visitante, com voz e olhar que passava força e confiança para aquele povo. Passando-se algum tempo, estava ele de volta, desta vez de “mala e cuia”, e com sua família para fixar residência no povoado de Joazeiro. Mudando definitivamente no dia 11 de abril de 1872, Contando com apenas 28 anos de idade. Vindo nomeado pelo Bispo, Padre Cícero Romão Batista seria o 6º. Capelão a assumir a vida religiosa do povoado.

A PROFISSÃO DE FÉ

Em um povoado formado por um pequeno número de casas de taipa e uma pequena capela erguida pelo primeiro pároco do povoado, o Padre Pedro Ribeiro de Carvalho, em homenagem a Nossa Senhora das Dores, Padroeira do povoado, PadreCícero se instalou. Naquela época, o lugarejo contava com cerca de 300 habitantes, e entre eles muita gente arruaceira, que gostava de jogo e bebedeira. Padre Cícero com sua maneira de ser, tratou logo de restaurar a moral e os bons costumes no lugar, Preocupou-se pessoalmente com a prostituição e com casos de arruaças e vícios. Mudou também o aspecto físico da capela, com a colaboração dos fieis, adquiriu várias imagens para ornamentar a capela. Logo em seguida, com ardente fervor de seguir seu destino de sacerdote e de cuidar do povo que lhe fora confiado, articulou grandes trabalhos pastorais, com pregações, aconselhamentos e visitas nas casas dos fiéis, trabalho pastoral este que revolucionou a evangelização na região. Desta forma rapidamente conquistou a simpatia do povo que tomava conta tal qual um pastor toma conta de seu rebanho, tornando-se assim um grande líder daquela comunidade.

Vendo que seria bom para o lugarejo, e seguindo o exemplo do famoso Padre Ibiapina, missionário Nordestino, falecido em 1883, Padre Cícero idealizou uma irmandade leiga, formada por mulheres solteiras e viúvas, que sua formação em sua maioria eram as beatas, irmandade esta que passou a auxilia-lo nos trabalhos pastorais e que funcionava sob seus cuidados e coordenação.

Ainda como obra de seu apostolado, em princípio de 1875, Padre Cícero iniciou a obra da Capela de Nossa Senhora Das Dores, conseguindo com poucos

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