Minha praça minha história
Por: Kleber.Oliveira • 18/11/2018 • 3.200 Palavras (13 Páginas) • 299 Visualizações
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Isso nos remete a pensar no nosso objeto de estudo: Projeto Pracinha, haja vista, que Santa Clara é uma comunidade carente que se mobilizou para reformar a Praça depois que as árvores foram cortadas sem nenhum planejamento de reposição por parte dos administradores públicos.
E a primeira dúvida que nos acorre é qual a motivação para esse feito ,visto que, os moradores passam por dificuldades financeiras, no entanto, não deixaram de impulsionar uns aos outros, a fim de, levarem essa população a realizar os mutirões e a organizarem os eventos festivos no local, além de, estimular doações dos demais habitantes e participação na organização.
Na festa do Santa Clara realizada todo mês de Agosto ,por exemplo, os moradores são convidados para serem festeiros ,participando das missas e doando prendas a serem leiloadas na pracinha logo após a celebração religiosa na igreja .Assim como nas festas juninas a população é chamada para participar da quadrilha e nas festas das crianças fazem campanhas com a finalidade de arrecadar materiais utilizados na comemoração.
Nos depoimentos questionamos os participantes sobre: Porque eles resolveram realizar esse trabalho sem a ajuda do poder público; quais são os objetivos do Projeto e as dificuldades encontradas no seu desenvolvimento; o que o Projeto, o Bairro e a Praça representam para os moradores e participantes; quais as memórias vivenciadas na Praça e que relação elas tem com o Projeto; e como os participantes gostariam que o Bairro e a Praça fossem vistos pelos jornais e pelas pessoas fora da comunidade
Segundo os participantes as razões que os levaram a se reunir em benefício da revitalização da Praça foram: o desejo de renovar a comunidade onde vivem, o anseio em ver a Praça mais viva e com mais cor. Eles gostariam de preservar seus espaços de encontro e de conversas. Desejam cuidar do lugar onde dividem histórias e compartilham memórias.
Esse Projeto foi realizado de acordo com os participantes para que todos se sentisse parte ,isto é, para que todos se identifiquem como pertencentes ao local: "Se não plantar hoje, não vai colher amanha". (Projeto Pracinha – Ocupação espacial, urbana, humana, social, ambiental e cultural, 2016. www.youtube.com.br).
E quanto ao poder público, eles simplesmente cortam as árvores e não se manifestaram em relação à necessidade de reformar a Praça, assim, as árvores acabaram sendo replantadas pelos membros do Projeto. Os moradores alegam que não houve nenhum pronunciamento dos políticos, portanto, como disseram os participantes: "Faça você mesmo, porque os políticos aqui não fazem nada e não queremos depender deles ,queremos depender de nós mesmos, pretendemos sempre nos unir para melhorar". (Projeto Pracinha – Ocupação espacial, urbana, humana, social, ambiental e cultural, 2016. www.youtube.com.br).
Outras declarações feitas pelos integrantes dos mutirões:
Devemos nos unir para mudar a realidade ,pois,a Pracinha estava esquecida e por isso queríamos trazer as crianças .A Praça era mal vista pela cidade e por muitos moradores,portanto,ela precisava de mais vida e mais cor ,no entanto, ela necessita de mais colaboração. (Projeto Pracinha – Ocupação espacial, urbana, humana, social, ambiental e cultural, 2016. www.youtube.com.br).
Por um lado, é noticiado frequentemente nos jornais os casos de violência que ocorreram na Praça e à sua volta. Por outro, a pracinha do Santa Clara é o ponto de encontro da maioria dos moradores. Para trabalhar, estudar,utilizar o transporte público, se deslocar para o centro, se mobilizar para organização dos eventos na comunidade como: as festas juninas, comemoração do dia da santa padroeira do bairro e o dia das crianças.
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Fotografia da festa do dia das crianças, no dia 12 de Outubro de 2016
(www.facebook/projetopracinha)
Essa festa do dias da crianças foi realizada pelos moradores através da organização e das doações dos próprios membros da comunidade, o bolo, os materiais para efetuar as brincadeiras, para enfeitar o local foram frutos da colaboração da população do bairro. Segundo eles existiram dificuldades, afinal não é simples pessoas com dificuldades financeiras correrem atrás sozinhos dos materiais, porém, em seus relatos eles demonstram toda satisfação em realizar essas ações, alegando estar preservando seus espaços de socialização que serão passados aos filhos, aos próximos moradores e outras histórias serão vividas e contadas preservando a memória e a identidade do bairro.
Na verdade esse é o significado do Bairro, da Praça e do Projeto para esses moradores: local de socializar, compartilhar experiências, histórias e preservá-las. Por isso realizar e divulgar o Projeto em jornais e redes sociais.
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Noticia sobre o Projeto Pracinha no jornal local de Viçosa
(www.facebook.com/projetopracinha)
E é exatamente dessa maneira que eles querem que o bairro e a Praça sejam vistos pela comunidade e pelas pessoas de outros locais como um local que não é representado apenas por violência mas pela solidariedade, pela comoção social e eles desejam que a Praça seja um local que promove encontros e trocas culturais.
Em relação às memórias vividas por eles na Praça conversamos com alguns dos moradores que participaram do Projeto ouvimos relatos de moradores que de diversas gerações, uns mais jovens que possuem lembranças das quadrilhas que dançou; das paqueras e dos amigos que conheceram na pracinha; a maioria deles perderam amigos ou um ente querido e se lembram de momentos que passaram naquele local ao lado deles.
Encontramos também um senhor de mais de 50 anos de idade que se lembra da Praça há muitos anos atrás quando lá se reuniam pessoas para montar times e jogar futebol. Em nome dessas memórias esses moradores resolveram reerguer a pracinha abandonada nos últimos anos. Para eles essas lembranças não poderiam ser esquecidas e a pracinha também não poderia ser deixada de lado. A Praça deve ser reocupada, preservada e deixada como legado para as gerações futuras.
3) Projeto Pracinha: preservando a memória e construindo uma identidade
Este capitulo será desenvolvido para pensar autores renomados que se dedicaram a pesquisar memória dos indivíduos, sociedade e suas relações com a construção
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