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Diaspora Africana

Por:   •  13/3/2018  •  1.237 Palavras (5 Páginas)  •  334 Visualizações

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Em "Capitalismo e Escravidão", de Eric Williams, é possível, logo de cara, constatar que tal prosperidade econômica jamais aconteceria (pelo menos não tão rápido) sem a exploração das colônias das Índias Ocidentais (Antilhas) e sem o comércio de escravos africanos. O comércio triangular tinha como principal mercadoria o escravo africano, que era trocado por diversos produtos na América e nas plantações de cana de açúcar das ilhas das Índias Ocidentais. Segundo Williams, "os lucros obtidos forneceram um dos principais fluxos da acumulação do capital que, na Inglaterra, financiou a Revolução Industrial". Assim, as colônias das índias Ocidentais chegaram ao posto de núcleo central do Império Britânico, com suma importância para a grandeza e prosperidade da Inglaterra, basicamente às custas do povo negro africano e seu suor vermelho. Williams é taxativo e enfático ao fazer questão de frisar diversas vezes que "foram os escravos negros que fizeram dessas colônias canavieiras as colônias mais preciosas de que se tem notícia em todos os anais do imperialismo." A diferença de lucro gerado pelo inglês e pelo escravo negro era absurda. Um escravo rendia 130 vezes mais lucro que um morador da metrópole inglesa. E não há fim nos exemplos de contribuição e lucro gerado pelo comércio triangular marítimo, uma vez que tal prática também se mostrava mais lucrativa para a Inglaterra do que suas minas de carvão e estanho.

Empolgados e impulsionados por esse tipo de comércio, a frota naval inglesa aumentou exclusivamente para fins de tráfico escravo, sendo construídos navios específicos para o tráfico negreiro, fazendo com que a frota britânica usada no comércio exterior quadruplicasse e empregando metade dos marinheiros de Liverpool para essas atividades. Uma vez que o desenvolvimento do comércio triangular fora acelerado por tais melhorias no setor naval, as grandes cidades portuárias também cresceram. Williams cita um analista local para exemplificar a importância do comércio de escravos no crescimento de Bristol, que tornou-se a segunda cidade da Inglaterra durante o século XVIII, citação essa transcrita abaixo:

"Não existe um tijolo na cidade que não tenha sido cimentado com o sangue de um escravo. Mansões suntuosas, padrões de vida luxuosos, criadagens de libré forma frutos da riqueza construída com os gemidos e sofrimentos dos escravos comprados e vendidos pelos mercadores de Bristol. [...] Em sua simplicidade infantil, podiam não sentir a iniquidade daquele comércio, mas podiam sentir que era lucrativo"

Ao ler o trecho acima, é possível ficar na dúvida se o analista destilou uma dose de sarcasmo ao citar a simplicidade infantil que cegara os beneficiados pelo tráfico de escravo ou se também estaria ele cego por tal infantilidade. Um fato é certo: com o passar dos tempos, alguns historiadores jamais se sentiram confortáveis com essa dependência do tráfico por parte da Inglaterra. Infelizmente, ainda surgiram autores de Liverpool partidários da ideia de que a cidade sofreu mais do que merecia por ter sido dependente da mão-de-obra escrava para prosperar, sendo que não sofreu metade do que sofreram os seres humanos africanos utilizados em tal empreitada.

Sendo assim, espero ter conseguido neste trabalho, de maneira responsável, retratar as contribuições realizadas pelo povo negro africano desde os primeiros movimentos de migração para o mundo até uma parte de um período colonial específico escolhido por mim para lidar aqui, o período do comércio triangular marítimo e todo o lucro gerado por este ao Império Britânico.

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