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Análise do Outro na Inquisição

Por:   •  4/11/2018  •  1.174 Palavras (5 Páginas)  •  324 Visualizações

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A Inquisição é então apenas um instrumento da Igreja, e não algo externo a ela. Portanto, a visão da Igreja e da Inquisição sobre o “outro” é a mesma: o herege é um ser condenado que deve deixar a falsa doutrina. Caso contrário deve ser “purificado” morrendo, literalmente, no fogo.

Por fim, os “outros” para a Igreja e para a Inquisição, não menos importantes, eram os professos de outra fé. Em suma: judeus e muçulmanos.

Na palestra da última quinta-feira, dia 09/10, no evento sobre a Inquisição, tratou-se sobre a Inquisição na Olinda Judaica e a Inquisição na Paraíba. O judeu não era visto de modo diferente. Era considerado herege por excelência e um dos alvos preferidos da Inquisição, seja no Brasil, na Olinda Judaica ou em qualquer parte do mundo em que a visão predominante fosse a cristã. A explicação era simples: por terem, no século I d. C., entregado Jesus para a morte, e terem escolhido Barrabás, os judeus são imperdoáveis por tal crime. A remissão para este erro é possível, entretanto, os judeus permanecem resignados a não aceitarem Jesus como Messias. Então, o judeu, culpado pela morte de Cristo, culpado por conhecer as Escrituras, mas não querer ver a verdade nelas, culpado por usura é o “outro” mais repugnante da Idade Média.

Enfim, a Inquisição, responsável por milhões (?) de mortes desde o século XII, parece não ter parado para descansar até o século XVIII. Entretanto, é a Inquisição “filha do seu tempo”. Julga-la um crime, uma barbaridade, um genocídio é o ponto de vista tido como correto para a cultura e sociedade atual. Mas, uma vez que a cultura da Idade Média e Moderna não é a mesma da dos dias atuais, julgar a Inquisição uma “maldição” na Igreja não seria cair no anacronismo? É necessário, antes de tudo, lembrar qual era a cultura dominante na época. Para aquela cultura, para aquele ponto de vista, o “outro” era facilmente descartado, pois não queria submeter-se a Deus e à Igreja. Heresias eram comuns, mas era comum, também, que as heresias fossem “desbaratas” e arrancadas da terra “pela raiz”. A visão do “outro” (seja ele herege, ou pecador [feiticeiro, homossexual, prostituto e prevaricador]) sempre foi de alguém que deve pagar pelo seu erro, caso não queira deixa-lo imediatamente. Não é a pessoa, o ser humano o errado, mas sim o diabo que influencia e seduz as pessoas. O herege por não estar atento cai na armadilha do diabo sem que perceba. Cabe à Igreja a libertação de tal indivíduo, seja por prisões, castigos corporais ou a morte. Para aquela cultura, este lógica é inquestionável!

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