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A historiografia no século XX

Por:   •  24/7/2017  •  3.400 Palavras (14 Páginas)  •  456 Visualizações

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Não se pode apontar apenas uma única origem para a micro - história, pois há vários pontos de partida que combinaram para essa concepção. Um desses pontos está no interesse italiano pela história social, com a sua intensificação, com o aparecimento de livros, ideias e pesquisadores em volta disso. Esse “caminho italiano” para a história social gerou um conjunto de iniciativas importantes que teve como consequência a criação de áreas de pesquisa nas universidades, o nascimento de novas revistas acadêmicas, entre outros. Um exemplo disso está na grande obra coletiva publicada a partir de 1972, Storia d’ Ialia. Organizada por Ruggiero Romano e Corrado Vivanti, que eram dois historiadores italianos que tinham fortes ligações com os Annales. A coleção foi marcada fortemente pela perspectiva “estrutural” de inspiração braudeliano, e pela abertura aos “novos” temas da história social que se multiplicava naquele momento e pela forte participação dos historiadores não italianos. Além de conter um caráter totalizante que marcava as várias tradições da história social. A revista Quaderni Storici fundada em 1966 passa a integrar também toda uma nova geração de historiadores, e que provavelmente foi a publicação histórica italiana que mais se vinculou com o debate da história social no início da década de 1970 que discutia sobre os parâmetros da renovação historiográficas na Itália.

“Microanálise e história social, um artigo de Grendi (historiador genovês, cuja formação na Inglaterra) publicado nos Quaderni em 1977, é o primeiro momento em que se pronuncia de modo mais claro uma proposta metodológica construída em torno da ideia de uma microanálise social”. [...] (p.212)

O ponto de partida era, portanto, uma visão marcada por um empirismo radical voltado à reconstrução totalizante das realidades sociais estudadas, Grendi retomaria com profundidade o debate sobre o caminho que o levava da antropologia à microanálise.

“A referência ao debate passa a ser uma constante tanto como tema de números monográficos dos Quaderni Storici (aparecendo como referência na introdução de Grendi ao volume sobre “Famiglia e comunità”, em 1976, e no número dedicado a “Azienda agraria e microstoria”, em 1978), seja, um pouco depois, como nome de uma coleção de publicações em uma editora prestigiosa (Microstorie, 1981-1992, Einaudi). Nas páginas da mesma revista o tema reaparece também em m importante artigo publicado em 197 por Carlo Poni e Carlo Ginzburg, intitulado “O nome e o como: troca desigual e o mercado historiográfico” (Ginzburg e Poni, 1991)” (p.213)

O artigo de Ginzburg e Poni apontava para várias direções, partes que representavam as propostas “micro analíticas” já avançadas por Grendi e, partes que apontavam para novos caminhos. “O nome e o como” por muito tempo permaneceu como referência de extrema importância para identificar os fundamentos da proposta micro - histórica. Não se pode negar que Carlo Ginzburg teve sua grande contribuição ao debate sobre a micro - história. Começou sua colaboração nos Quaderni storici em 1978, embora ele não havia participado das primeiras discussões sobre a microanálise, teve sua grande participação e encontrou sua familiarização das suas próprias preocupações intelectuais.

“O estudo de um caso singular havia permitido a Ginzburg explorar e redefinir um problema historiográfico muito mais amplo: uma pretensão intelectual que representava amplamente a proposta micro - histórica em seu conjunto. Com a contribuição de Ginzburg, a imagem de um “paradigma indiciário” tornou-se parte integrante do debate, mesmo que não tenha recebido a adesão de outros “praticantes” da micro - história”. [...] (p.215)

Em seus primórdios, a micro - história parecia acreditar ter encontrado as ferramentas e os modos definitivos para a compreensão das grandes questões históricas. Foi exatamente pela sua capacidade de reagir e de dialogar, que a micro - história e as questões por ela levantadas foram capazes de ser incorporadas em contexto historiográficos e de pesquisa, no modo diferente em que ela havia sido de modo original pensada.

“A capacidade de a micro- história produzir perguntas capazes de serem transportadas para contextos espaciais e temporais distintos talvez explicasse, afinal sua aptidão para se comunicar com contextos historiográficos tão distintos” (p.221)

Entretanto, a partir dos meados da década de 1990, as referências à micro - história se ampliaram e foram enriquecidas com novas referências e traduções, com isso, não se tratou apenas de uma “atualização” historiográfica. Ou seja, nada é tão distante da micro - história, sua intenção sempre foi a de considerar a realidade histórica de uma forma mais rica e complexa, na ambição de fazer novas perguntas e encontrar respostas que permitisse compreender de forma geral os processos que são o cerne de toda investigação do passado, uma ambição que ajudará a ampliar os limites do saber histórico.

- HISTORIOGRAFIA FRANCESA – ANNALES

A história da nouvelle histoire pode ser dividida de forma ampla em quatro períodos que envolve todo o século XX. T. Stoianovitch é que caracteriza esses quatro períodos importantes. Mas, considera como centro para a construção do novo paradigma dos Annales, E. Braudel, entre 1957 e 1972, como elaborador da obra mais revolucionária e como o administrador dos Annales. Iggers também divide a história dos Annales em dois períodos. Com suas palavras “podemos dividir a história dos Annales em dois períodos, um anterior a 1945, que foi caracterizado por Le Roy Ladurie como sendo o da “história estrutural qualitativa”, e em segundo, posterior a 1945, no qual uma “história quantitativa conjuntural” cresceu sem substituir a orientação anterior.

“Fala-se de três “gerações dos Annales”, com lideranças e orientações diferentes, ligadas a momentos históricos diversos. P. Burke considera esta periodização da maneira seguinte: este movimento pode ser dividido em três fases. Na primeira, de 1920 a 1945, era pequeno, radical e subversivo, fazendo uma guerrilha contra a história tradicional, a história política e a história acontecimental. Após a Segunda Guerra, os rebeldes tomaram o establishment histórico. Esta segunda fase foi dominada por Braudel. Uma terceira fase abriu-se por volta de 1968. Ela é marcada pela fragmentação. A história dos Annales pode ser, portanto, interpretadas em termos da sucessão de três gerações” (Burke, 1990, p. 2-3) (p. 92 – 93)”.

Na primeira fase entre 1929 e 1946,

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