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A TRAJETÓRIA POLÍTICA DE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Por:   •  16/10/2018  •  4.526 Palavras (19 Páginas)  •  396 Visualizações

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Lula teve importante participação nas greves do ABC que ocorreram de 1978 a 1981, teve seu mandato sindical cassado pela ditadura e foi preso pelo regime militar. Durante esse período, aproximaram-se de intelectuais, artistas e militantes da esquerda brasileira. Foi nesse contexto que participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980.

Em 1986, foi eleito Deputado Federal por São Paulo, sendo o mais votado daquele pleito. Em 1989 foi derrotado nas eleições presidenciais por Fernando Collor de Melo e nas duas eleições seguintes por Fernando Henrique Cardoso.

Em 2002 derrotou José Serra e foi eleito com a votação recorde de 50 milhões de votos, reeleito em 2006, alcançou altos índices de popularidade. De carona na sua popularidade, elegeu Dilma Rousseff como sua sucessora, o que veio a ser talvez, o seu maior erro.

Em 2016, investigações da operação Lava Jato da Policia Federal o apontaram como beneficiário em esquemas de propinas de grandes empreiteiras.

- LULA E O SINDICATO

Lula pisou pela primeira vez no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema em 1967, quando trabalhava nas Indústrias Villares. Em 1969, foi eleito suplente de diretoria do sindicato e em 1972, membro da diretoria executiva. Em 1975, assumiu pela primeira vez a presidência do sindicato, eleito com mais de 90% dos votos da categoria. Reeleito em 1978, inovou as campanhas salariais, introduzindo a luta pela reposição salarial e promovendo amplas mobilizações de massas. Essas mobilizações que ficaram conhecidas com A Grande Greve dos Trabalhadores do ABC tiveram adesão de mais de 78% dos trabalhadores. Em 1979, cerca de 200 mil trabalhadores participaram do movimento, que paralisou a produção das indústrias automobilísticas (adesão total na Volks, Ford, Mercedes-Benz e Scania) e de autopeças e de outras grandes empresas da região.

Após a morte do jornalista Vladmir Herzog em 1974, os militares perderam força,ainda existiam torturas e prisões arbitrárias, no entanto, o povo se sentia mais livre para poder se organizar em manifestações sociais. Organizados em Associações de bairros, de classe e nos próprios sindicatos, o líderes sociais procuram reestabelecer a democracia e a soberania do povo.

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Lula discursa no Estádio1º de Maio em 1980, para mais de 100 mil brasileiros que encararam os riscos de sair às ruas, ultrapassaram a repressão policial e indicaram o rumo para um futuro democrático. Fonte: Instituto Lula

Nesse cenário de luta por direitos legítimos, Luiz Inácio surge como promessa de nova era. Era um homem do povo, conhecedor da vida no chão da fábrica, operário, sabia que a riqueza dos industriais era produzida pelo suor do trabalhador. Diante de tal situação, mesmo não tendo educação formal, Lula que era dono de uma retórica sem igual, mobilizou centenas de milhares de trabalhadores em prol de justiça social e melhores condições para o trabalhador.

Durante o período que esteve a frente do sindicato, conseguiu mobilizar multidões, não só nas greves: seus discursos eram disputados, em 1º de maio de 1980, falou para mais de 100 mil pessoas durante as comemorações do Dia do Trabalho num estádio em São Bernardo do Campo. Tinha poder para reunir multidões e um poder maior ainda para falar a tais multidões e nessas ocasiões usava de todo esse poder para inflamar trabalhadores e disseminar ideais de igualdade e justiça social.

- A prisão pelo Regime Militar

Ainda em 1980, o ex-presidente, que já era um sindicalista influente, liderou uma grande greve de trabalhadores. Após 17 dias de paralisações, Lula foi levado para a prisão. “Os militares cometeram a burrice de me prender. Foi uma motivação a mais para a greve continuar”, disse Lula anos mais tarde.

Dos 31 dias em que esteve preso fez greve de fome durante seis, participou de assembleias com investigadores do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), e assistiu a jogos do Corinthians numa televisão providenciada pelo delegado Romeu Tuma.

Os tempos eram outros. Lula foi preso quando o regime militar já dava seus primeiros sinais de esgotamento. “Se anos antes, um simples boletim sobre arrocho de salários gerava prisão, naquela época, a relação era diferente. Já no meu tempo, a gente ia para porta de fábrica e xingava coronel”, afirmou.

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1980 Lula fichado no DOPS. Fonte: Instituto Lula

Em 1981, foi condenado pela Justiça Militar a três anos e meio de detenção por incitação à desordem coletiva, tendo, porém recorrido e sido absolvido no ano seguinte.

- A FUNDAÇÃO DO PT

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Primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores, 1980. Fonte: http://www.pt.org.br/nossa-historia

Em 1980, os ventos da democracia ainda sopravam fracos sobre o Brasil, porem com o esgotamento do Regime Militar, as ações de cidadania estavam cada vez mais inseridas no cotidiano do brasileiro, as paralisações de trabalhadores por todo país, principalmente no ABC paulista onde se localizavam as grandes montadoras automobilísticas, entre outros fatores favoreciam a reabertura política.

Com o retorno do pluripartidarismo, um grupo heterogêneo, formado por militantes de oposição à Ditadura Militar, sindicalistas, intelectuais, artistas e católicos ligados à Teologia da Libertação, se reuniram no Colégio Sion, em São Paulo em 10 de fevereiro de 1980, para fundar o Partido dos Trabalhadores (PT). Fruto da aproximação entre os movimentos sindicais da região do ABC, que organizaram grandes greves entre 1978 e 1980, e militantes antigos da esquerda brasileira, entre eles ex-presos políticos e exilados que tiveram seus direitos devolvidos pela lei da anistia, desde a fundação, o partido assumiu a defesa do socialismo democrático.

O PT nasceu com uma postura crítica ao reformismo dos partidos políticos socialdemocratas. O partido organizou-se, no papel, a partir das formulações de intelectuais marxistas, mas também continham em seu projeto, desde o nascimento, ideologias espontâneas dos sindicalistas que constituíram o seu "núcleo duro" organizacional, ideologias estas que apontavam para uma aceitação da ordem burguesa, e cuja importância tornou-se cada vez maior na medida em que o partido adquiria bases materiais como máquina burocrático-eleitoral.

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