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A Historia Moderna

Por:   •  31/1/2018  •  2.308 Palavras (10 Páginas)  •  345 Visualizações

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A base material que se fundamentava essa economia nacional emergente era a agricultura inglesa, que se singularizava de diversas maneiras. Primeiro, a classe dominante inglesa distinguia-se por dois aspectos correlatos. Por um lado, havendo-se desmilitarizado antes de qualquer outra aristocracia da Europa, ela fazia parte de um Estado cada vez mais centralizado, em aliança com uma monarquia centralizadora, sem a fragmentação da soberania que era característica do feudalismo e seus estados sucessores. ( pg 82)

Por outro lado, havia o que se poderia chamar de uma troca entre a centralização do poder estatal e o controle da terra pela aristocracia. (pg 83)

Essa combinação singular teve consequências significativas. Por um lado, a concentração da propriedade inglesa da terra significou que uma imensa extensão dela não era trabalhada por proprietários camponeses, mas por arrendatários. ( pg 83)

Por outro lado, os poderes extra - econômicos relativamente reduzidos dos grandes proprietários significava que eles dependiam menos de sua capacidade de arrancar uma renda maior de seus arrendatários, através de meios coercitivos diretos, do que da produtividade destes. (pg 83)

Na Inglaterra, os arrendamentos assumiram varias formas e houve muitas variações regionais, mas um numero crescente ficou sujeito a alugueis pagos em dinheiro – alugueis fixados não por padrões legais ou consuetudinários, mas pelas condições do mercado. (pg 84)

O desenvolvimento dessas rendas monetárias ilustradas a diferença entre o mercado como oportunidade e o mercado como imperativo. Expõe também as deficiências das descrições do desenvolvimento capitalista baseadas nos pressupostos convencionais. (pg 84)

(...) foi a renda não fixa e variável, que atendia aos imperativos do mercado, que estimulou, na Inglaterra, o desenvolvimento da produção mercantil, o aumento da produtividade e o crescimento econômico auto-sustentado. Em outras palavras, não foram as oportunidades proporcionadas pelo mercado, mas os imperativos deste que levaram os pequenos produtores mercantis à acumulação. (pg 85)

As forças competitivas de mercado, portanto, foram um fator fundamental na expropriação dos produtores diretos. Mas essas forças econômicas forma auxiliadas, sem duvida, pela intervenção coercitiva direta para expulsar os ocupantes da terra ou extinguir seus direitos consuetudinários. Mas não há duvida de que, comparada a outros campesinatos europeus, a variedade inglesa foi uma espécie rara e em extinção, e os imperativos de mercado certamente aceleraram a polarização da sociedade rural inglesa em proprietários de latifúndio ainda maiores e numa multidão crescente de não proprietários. O resultado foi a famosa tríade composta por latifundiários, arrendatários capitalistas e trabalhadores assalariados, e, com o crescimento do trabalho assalariado, as pressões para aumentar a produtividade da mão-de-obra também intensificaram. Esse mesmo processo criou uma agricultura altamente produtiva, capaz de sustentar uma grande população não dedicada à produção agrícola, mas criou também uma massa crescente de não-proprietários, que viria a constituir uma grande força de trabalho assalariada e um mercado interno para bens de consumo baratos – um tipo de mercado que não tinha precedentes históricos. Foram esses os antecedentes da formação do capitalismo industrial inglês.( pg 86)

A crise do feudalismo francês foi resolvida por um tipo diferente de formação estatal. Ali, a aristocracia conservou por muito tempo seu controle sobre a propriedade politicamente constituída, mas, quando o feudalismo foi substituído pelo absolutismo, a propriedade politicamente constituída não foi substituída pela exploração puramente econômica ou pela produção capitalista. Em vez disso, a classe dominante francesa ganhou novos poderes extra econômicos, à medida que o estado absolutista foi criando um vasto aparato de cargos por meio dos quais uma parte da classe proprietária podia apropriar-se do trabalho excedente dos camponeses sob a forma de impostos. ( pg 87)

A ascensão da propriedade capitalista e a ética do “melhoramento”

Já no século XVI, portanto, a agricultura, inglesa era marcada por uma combinação singular de circunstancia, pelo menos em algumas regiões, que aos poucos viriam a fixar a direção econômica de toda economia. O resultado foi um setor agrário mais produtivo do que qualquer outro na historia. Latifundiários e arrendatários ficaram preocupados com o que chamaram de melhoramento – o aumento da produtividade da terra com vistas ao lucro. ( pg 88)

O melhoramento agrícola, a essa altura, era uma pratica bem estabelecida e, no século XVIII, fase áurea do capitalismo agrário, o “melhoramento” em palavras e atos já tinha sua vigência plenamente reconhecida. ( pg 89)

O melhoramento não decorreu, a principio, de inovção tecnológicas significativas – embora se usassem novos equipamentos, como o arado de rodas. Em geral, tratou-se mais de novos avanços nas técnicas de cultivo, ou até de simples refinamentos e aperfeiçoamentos de cultivo com o períodos dos antigos: cultura mutável ou itinerante, alterando períodos de cultivos com períodos de alqueive; rotação de culturas; drenagem de pântanos e terras aráveis etc.(pg89)

Todavia, o melhoramento significava um pouco mais do que métodos e técnicas a novos ou melhores de cultivo. Significava, em termos ainda mais fundamentais, novas formas e concepções da propriedade.(pg 89)

O cercamento

É comum pensar-se no cercamento como a simples colocação de cercas em volta das terras comunais ou dos “campos livres” que caracterizavam algumas partes do interior da Inglaterra. Mas ele significou a extinção, com ou sem a demarcação física das terras, dos direitos comunais e consuetudinários de uso dos quais dependia a sobrevivência de muitas pessoas. (pg 91)

O cercamento continuou a ser uma grande fonte de conflito na Inglaterra do inicio da era moderna, quer servisse à criação de ovelhas, quer ao cultivo de terras aráveis, cada vez mais lucrativo. As revoltas contra ele pontuaram os séculos XVI e XVII e o cercamento despontou como uma grande fonte de ressentimento na Guerra Civil Inglesa. Em suas fases iniciais, essa pratica deparou, até certo ponto, com a resistência do estado monárquico, nem que fosse pela ameaça que representava para a ordem pública. Mas, depois que as classes proprietárias conseguiram moldar o Estado de acordo com seus próprios requisitos mutáveis – sucesso

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