Trabalho de Filosofia
Por: Kleber.Oliveira • 18/10/2018 • 1.764 Palavras (8 Páginas) • 311 Visualizações
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Questão 05
Escrito em uma época na qual o mito era a principal fonte de conhecimento, os deuses gregos foram descritos na obra como uma força maior sobre tudo o que existia, e ao longo da narrativa é possível perceber que atitudes só eram tomadas com a permissão divina, e que a população sempre procurava a proteção dos deuses, como é possível perceber nestes fragmentos:
“Diante disso, filha rutilante de Zeus supremo, outorga-nos depressa a tua sorridente proteção! Faze também com que Ares potente que agora nos ataca esbravejando e sem o bronze dos escudos queima-nos vá para longe, volte-nos as costas, procure o leito imenso de Anfitrite ou as revoltas vagas do mar Trácio, pois o que a noite poupa o dia mata!”
“Zeus pai, senhor dos fúlgidos relâmpagos, esmaga esse Ares com teus trovões!”
“O meu desejo, Apolo, é que dispares com teu arco dourado flechas rápidas, inevitáveis, para socorrer-nos, para nos proteger; o mesmo espero das tochas fulgurantes com que Ártemis percorre os montes lícios (...)”
Questão 06
“Foi Apolo! Foi sim, meu amigo! Foi Apolo o autor de meus males, de meus males terríveis; foi ele! Mas fui eu quem vazou os meus olhos. Mais ninguém. Fui eu mesmo, o infeliz! Para que serviriam meus olhos quando nada me resta de bom para ver? Para que serviriam?”. Esse trecho me interessou pois demonstra a atitude de Édipo em relação ao acontecido, quando ele percebe que Jocasta havia suicidado, ele mesmo se cega, justificando que não há mais nada de bom para ver após a desgraça que cometera. Édipo se torna então cego, mas em “Édipo em Colono”, Édipo será capaz de enxergar coisas e fazer com que outros enxerguem por ele. Assim, ele se esvazia para então ser preenchido. Além disso, esse trecho exemplifica a famosa frase de Michael Foucault, “Édipo não se cegou por culpa, mas por excesso de informação”
Questão 07
O fragmento citado se relaciona com a trajetória de Édipo ao longo da peça a medida que sintetiza sua decadência durante a narrativa, exemplificado pelo início do trecho com “Este é Édipo, decifrador dos enigmas famosos; ele foi um senhor poderoso e por certo o invejastes em seus dias passados de prosperidade invulgar”, onde o poder e glória de Édipo já passam a ser referidos por verbos no passado, para mostrar que ele já não é mais considerado um senhor poderoso e invejável como outrora. O trecho é seguido pela exemplificação do sofrimento de Édipo para demonstrar que nunca se deve dizer feliz de verdade antes da morte, pois o universo guarda diversos sofrimentos, como foi observado na ascendência e decadência da vida de Édipo.
Questão 08
A psicanálise interpreta o mito de Édipo como um instrumento de limitação e coesão, utilizado para conter o desejo e fazer o indivíduo entrar em uma estrutura familiar definida pela sociedade. Já Foucault procura interpretar o complexo de Édipo de forma diferente, assumindo que nosso desejo e inconsciente estariam voltados para o jogo entre poder e saber. Ou seja, Foucault concorda com a interpretação dos psicanalistas da existência de um complexo de Édipo, mas ele o amplia para um âmbito coletivo e assume que a ânsia seria para sobressair de alguma forma na sociedade, seja sendo mais poderoso, seja sendo mais sábio.
Questão 09
Foucault compreende a pesquisa da verdade no mito por meio do conto Ilíada, de Homero. No conto, Foucault observa que a maneira de se produzir a verdade não considera o parecer de testemunhas, e é feito através de um jogo, um desafio, lançado por um dos adversários, e que deve ser aceito ou renunciado pelo outro. Caso o indivíduo aceitasse o desafio, a responsabilidade do que iria acontecer seria passada aos deuses que puniriam o falso juramento, se fosse o caso. Já na perspectiva da peça Édipo Rei, de Sófocles, Foucault compreende que o mecanismo da verdade utilizado teria sido o que ele chamou de “lei das metades”. Por esse método, a verdade somente apareceria após juntar diversas peças que se encaixam, se adaptam e se complementam ao ouvir diferentes testemunhas e assim, reconstituir o perfil completo e correto da história.
Questão 10
Para demonstrar que Édipo receava perder seu poder, Foucault primeiramente analisa o título. Em sua análise, ele observa que já no título Édipo traz consigo um termo que o coloca em posição de poder, que exerce algum tipo de poder, sendo traduzido como Édipo Rei. Além disso, Foucault nos mostra que Édipo apenas procura pelo assassino de Laio, pois a peste ameaça os interesses do rei, que seria manter sua soberania, como exemplificado no trecho “Tenho grande interesse em curá-los da peste, porque esta peste que vos atinge, me atinge também em minha soberania e minha realeza.”. E, quando o rei Édipo descobre que foi adotado por Pólibo, Foucault observa que ainda assim, sua única e grande preocupação era sua posição de soberania, quando Édipo diz: “Disse isso para me envergonhar, para fazer o povo acreditar que eu sou filho de um escravo; mas mesmo que eu seja filho de um escravo, isto não me impedirá de exercer o poder; eu sou rei como os outros”.
Questão 11
Foucault caracteriza o saber de Édipo como saber da experiência, um saber que foi preciso encontrar e que ele conquistou sozinho, apenas com seus “próprios olhos”, sem ajuda de ninguém,
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