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O CONCEITO E HISTÓRIA DO TERMO ESTÉTICA

Por:   •  5/12/2018  •  2.268 Palavras (10 Páginas)  •  518 Visualizações

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fazer artístico a partir do belo ideal, fundando a estética normativa. É o objeto que passa a ter qualidades que o tornam mais ou menos agradável, independentemente do sujeito que as percebe.

Vilhena (2006) menciona que nos séculos XVII e XVIII, do outro lado da polêmica, os filósofos empiristas Locke e Hume relativizam a beleza ao gosto de cada um, da presença ou ausência de prazer em nossas mentes ao julga-la. Neste sentido, a beleza ela não é uma qualidade das coisas, mas só um sentimento na mente de quem a contempla. Aquilo que depende do gosto e da opinião pessoal não pode ser discutido racionalmente, donde o ditado: "Gosto não se discute". O belo, portanto, não está mais no objeto, mas nas condições de recepção do sujeito.

O autor ainda comenta, que no século seguinte, Kant, numa tentativa de superação dessa dualidade objetividade-subjetividade, afirma que o belo é "aquilo que agrada universalmente, ainda que não se possa justificá-lo intelectualmente". Para ele, o objeto belo é uma ocasião de prazer, cuja causa reside no sujeito. O princípio do juízo estético, portanto, é o sentimento do sujeito, e não o conceito do objeto. No entanto, há a possibilidade de universalização desse juízo subjetivo porque as condições subjetivas da faculdade de julgar são as mesmas em todos os homens. Belo, portanto, é uma qualidade que atribuímos aos objetos para exprimir um certo estado da nossa subjetividade. Sendo assim, não há uma ideia de belo nem pode haver regras para produzi-lo. Há objetos belos, modelos exemplares e inimitáveis.

Hegel, em seguida, introduz o conceito de história ao estudo do belo, e, a partir do século XIX, a beleza muda de face e de aspecto através dos tempos. Essa mudança (devir), que se reflete na arte, depende mais da cultura e da visão de mundo vigentes do que de uma exigência interna do belo (VILHENA, 2006).

Hoje em dia, de uma perspectiva fenomenológica, consideramos o belo como uma qualidade de certos objetos singulares que nos são dados à percepção. Beleza é, também, a imanência total de um sentido ao sensível. O objeto é belo porque realiza sua finalidade, é autêntico, verdadeiramente segundo seu modo de ser, isto é, por ser um objeto singular, sensível, carrega um significado que só pode ser percebido na experiência estética. Não existe mais a ideia de um único valor estético baseado no qual julgamos todas as obras. Cada objeto singular estabelece seu próprio tipo de beleza (VIEIRA, 2017).

Para Vilhena (2006), o problema do belo está implícito nas colocações que são feitas sobre o feio. Por princípio, o feio não pode ser objeto da arte. No entanto, podemos distinguir, de imediato, dois modos de representação do feio: a representação do assunto "feio" e a forma de representação feia. No primeiro caso, embora o assunto feio tenha sido banido do território artístico durante séculos (pelo menos desde a Antiguidade grega até a época medieval), no século XIX ele vem a ser reabilitado. No segundo caso, trata-se de percebermos que o problema do belo e do feio foi deslocado do assunto para o modo de representação. Só haverá obras feias na medida em que forem malfeitas, isto é, que não correspondam plenamente a sua proposta. Em outras palavras, quando houver uma obra feia, neste último sentido, não haverá obra de arte.

2.3. GOSTO E SUBJETIVIDADE

O conceito de gosto não deve ser encarado como uma preferência arbitrária e imperiosa da nossa subjetividade. A subjetividade assim entendida refere-se mais a si mesmo do que ao mundo dentro do qual ele se forma, e esse tipo de julgamento estético decide o que nós preferimos em virtude do que somos. Nos passamos a ser a medida absoluta de tudo (aquilo de que eu gosto é bom e aquilo de que eu não gosto é ruim), e essa atitude só pode levar ao dogmatismo e ao preconceito. A subjetividade em relação ao objeto estético precisa estar mais interessada em conhecer, entregando-se às particularidades de cada objeto, do que em preferir. Nesse sentido, ter gosto é ter capacidade de julgamento sem preconceitos. É a própria presença da obra de arte que forma o gosto: torna-nos disponíveis, reprime as particularidades da subjetividade, converte o particular em universal (VILHENA, 2006).

Vieira (2017) explana que a obra de arte convida a subjetividade a se constituir como olhar puro, livre abertura para o objeto, e o conteúdo particular a se pôr a serviço da compreensão em lugar de ofuscá-la fazendo prevalecer as suas inclinações. À medida que o sujeito exerce a aptidão de se abrir, desenvolve a aptidão de compreender, de penetrar no mundo aberto pela obra. Gosto é, finalmente, comunicação com a obra para além de todo saber e de toda técnica. O poder de fazer justiça ao objeto estético é a via da universalidade do julgamento do gosto.

2.4. ATITUDE ESTÉTICA

A atitude estética é definida como atenção e contemplação desinteressadas, gratuitas e complacentes de qualquer objeto da consciência em função de si mesmo, não visando a um interesse prático imediato. Tal atitude possibilitaria, por exemplo, elevar uma mesa qualquer do seu estado de indigência, tornando apreciáveis as características que nada valem para a função prática que ela exerce dentre os outros componentes de uma cozinha. No caso de uma obra de arte, apreciar suas qualidades estéticas é bem diferente de notar suas propriedades físicas: tamanho, peso, material de que é feito. Seu valor econômico ou de troca, são pontos que não são levados em consideração na apreciação estética (STOLNITZ, 2007).

Stolnitz (2007) ainda explica que esta concepção de “desinteresse” e também a de “complacência” (no sentido de permitir que o objeto se manifeste em toda a sua plenitude) estruturam a atitude estética como um procedimento que nos coloca em estado de atenção atuante, um modo como nos preparamos para reagir ao objeto para percepcioná-lo tal como ele se apresenta em seus detalhes, suas especificidades, afinando nossa imaginação e emoção às suas propriedades esteticamente relevantes. A contemplação não se opõe à ação: ao contrário, ela é também uma ação, pois é percepção ativa, que envolve a antecipação e a reconstrução. É o que se verifica na experiência musical; nas artes visuais (sobretudo em seus aspectos formais, como a relação da figura com o fundo, formas, cores e tonalidades, diferentes planos etc.); na literatura (na estrutura narrativa).

2.5. A RECEPÇÃO ESTÉTICA

De acordo com Tavares (2017), a obra de arte, pede uma recepção justa, que se

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