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Foucault o Corpo e a Educação

Por:   •  16/4/2018  •  3.454 Palavras (14 Páginas)  •  345 Visualizações

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Portanto podemos observar a importância da educação para a modernidade, e como esta se insere como um saber de capital interesse para a sociedade. E como afirma Foucault, esta disciplina é que garante a formação de um indivíduo dócil.

A disciplina que submete o homem às leis da humanidade e começa a fazê-lo sentir a força das próprias leis. Mas isso deve acontecer bem cedo. Assim, as crianças são mandadas cedo à escola, não para que aí aprendam alguma coisa, mas para que aí se acostumem a ficar sentadas tranqüilamente e a obedecer pontualmente àquilo que lhes é mandado, a fim de que no futuro elas não sigam de fato imediatamente cada um de seus caprichos (KANT, 2006, p.13).

Esta declaração de kant, demonstra claramente o que Foucault vêm analisando e denunciando. Este sujeito está se moldando a uma sociedade dominadora e sem nenhuma crítica, desde muito jovem, o homem vai se amoldurando a este pensamento.

Um dos maiores problemas da educação é o poder de conciliar a submissão ao constrangimento das leis com o exercício da liberdade [...] É preciso habituar o educando a suportar que a sua liberdade seja submetida ao constrangimento de outrem e que, ao mesmo tempo, dirija corretamente a sua liberdade. Sem essa condição, não haverá nele senão algo mecânico; e o homem, terminada a sua educação, não saberá usar sua liberdade (KANT, 2006, p.32).

Por traz desta conduta está toda a ideologia do sociedade que aparece e que está nascendo neste momento histórico. E observamos isto na fala de um filósofo que reuniu fileiras de seguidores até a atualidade. E podemos perceber como esta ideologia está presente desde muito cedo na formação da educação. O campo que permite a criação de uma forma de controle é o saber, e o discurso. As pessoas são levadas a praticar estas ordens, sem se perguntar de onde vêm, por que educação é assim e não de outra forma.

Afirma Moreira, a partir de uma resenha sobre o livro de Veiga-Neto, intitulado Foucalt e a educação:

Para Foucault, os saberes engendram-se e organizam-se de modo que se atenda a uma "vontade de poder". O interesse de Foucault é o poder onde ele se manifesta, ou seja, é o micropoder que se exerce (não que se detém) e que se distribui capilarmente. Importa realçar a positividade do poder, entendida como propriedade de produzir alguma coisa. Buscando elucidar como se deve entender a resistência na perspectiva foucaultiana, Veiga-Neto sustenta que o poder se dispõe em uma rede, na qual há pontos de resistência, minúsculos, transitórios e móveis. "A resistência ao poder não é a antítese do poder, não é o outro do poder, mas é o outro numa relação de poder - e não de uma relação de poder" (p. 151-152, grifos do autor). Poder e saber, como dois lados do mesmo processo, entrecruzam-se no sujeito, seu produto concreto. Não há relação de poder sem a constituição de um campo de saber, nem saber que não pressuponha e não constitua relações de poder. Foucault, em vez de considerar que só há saber na ausência de relações de poder, considera que o poder produz saber. Para Veiga-Neto, tal perspectiva expulsa do campo da educação o sujeito epistêmico, que tanto agrada aos construtivistas. (Moreira, 2004)

Este espaço dois saberes é que determina os discursos de poder, e que garantem a sua efetiva inserção na sociedade.

O discurso, assim concebido, não é a manifestação, majestosamente desenvolvida, de um sujeito que pensa, que conhece, e que o diz: é, ao contrário, um conjunto em que podem ser determinadas a dispersão do sujeito e sua descontinuidade em relação a si mesmo. É um espaço de exterioridade em que se desenvolve uma rede de lugares distintos. (Foucault, 1986, p.61-2)

Portanto, antes de ser um espaço para a libertação a escola está para um espaço de controle e dominação, i. é, um apelo a nova escala que a modernidade vêm trazer sobre o homem e sua conduta. Podemos ficar muitas paginas tratando deste tema, mas este não é nosso foco principal.

Esta introdução é apenas espaço para entrarmos no nosso tema principal, que é a relação ebtre o corpo e a educação, e suas relações com o docilização e a liberdade.

O corpo na modernidade.

Para a modernidade podemos utilizar um autor que é a gênese da mesma, Descartes.

A análise que ele faz do corpo como mecanismo, em muito nos auxilia no entendimento do corpo como dócil, ou mesmo como a modernidade vê no corpo não um existência, mas um fim de controle, de produtividade.

Réne Descartes, filósofo francês do século XVII, é considerado o pai da filosofia moderna. Muito preocupado com a clareza do conhecimento Descartes busca o conhecimento segura e indiscutível, que possa servir de base para a grande arvore da ciência.

Para Descartes este conhecimento não é fruto de uma mente genial, pois no Discurso do Método, o autor defende que a razão, bom senso, é a coisa mais bem distribuída que existe “e, assim sendo, de que a diversidade de nossas opiniões não se origina do fato de serem alguns mais racionais que outros, mas apenas de dirigirmos nossos pensamentos por caminhos diferentes e não considerarmos as mesmas coisas. Pois é insuficiente ter o espírito bom, o mais importante é aplicá-lo bem.” (Descartes, 1999, pg. 35)

Da Dúvida ao Cogito.

Para Descartes a dúvida não é um ponto final, mas meio para afirmar a verdade existente.

Deve-se duvidar das verdades que não sejam intuitivas, que não sejam como que universais incontestáveis, como o exemplo da matemática. Para Descartes, tudo pode ser simplesmente um sonho, quando dormimos temos a impressão, por muitas vezes, de que estamos acordados. Esta constatação é suficiente para duvidar da realidade, pois esta não foge á duvida metódica, não é suficientemente intuitiva. Porem algo foge à dúvida, uma certeza que é absolutamente incontestável e intuitivamente consistente, o fato de que mesmo duvidando de tudo, desde a realidade, meu corpo, pois este também pode ser fruto das artimanhas do gênio maligno, mesmo depois de duvidar de tudo, mas de uma coisa não posso duvidar, de que eu penso, pois duvidar de que estou pensando é pensar, é exercer esta atividade fundadora.

Res Cogitans

Penso, logo existo. Esta é a máxima moderna, a certeza inabalável. O cogito, é a certeza da existência de uma substância pensante, da

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