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OS TIPOS DE REPORTAGEM

Por:   •  23/8/2018  •  6.951 Palavras (28 Páginas)  •  307 Visualizações

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Buscando ampliar o conhecimento pela divisão dos modelos de reportagem existentes, Sodré e Ferrari (1986) complementam a ideia de reportagem de ação. Nesta, o repórter deve desenrolar a história procurando tocar o leitor. Além disso, independentemente do modelo de reportagem escolhido, todos os tipos vão ser esquematizados ou em ordem cronológica – não obedece a pirâmide invertida, levando os fatos a serem apresentados pelo acontecimento menos importante, não o mais – e dialético – quando se trabalha o texto a fim de argumentar uma ideia. (1986, p.52)

Ainda sobre os tipos de reportagem e os dois autores, afirma-se que existem outras duas formas de reportagem: a reportagem conto e reportagem crônica. Sabendo disso, tem-se a primeira como um jeito de relatar de forma específica, elegendo um personagem que irá desenvolver o tema. Já a segunda, “se detém mais em situações flagrantes do cotidiano, conduzindo a narrativa de forma impressionista, por meio de um narrador colocado em posição observadora ou reflexiva; de caráter mais circunstancial e ambiental”. (SODRÉ e FERRARI, 1986, p.53)

O gênero reportagem, então, é uma forma de discurso que permite um “detalhamento e contextualização àquilo que já foi anunciado, mesmo que seu teor seja predominantemente informativo”. (SODRÉ e FERRARI, 1986, p.18). Logo, pode ser considerada, de forma breve, como “ampliação da notícia, a horizontalização do relato – no sentido de abordagem extensiva de detalhes – e sua verticalização – no sentido de aprofundamento da questão em foco”. (LIMA, 2009, p.26)

O gênero jornalístico, apesar de sua importância, é escasso nos jornais devido à ocupação – tanto de tempo, quanto de espaço. Diferente da elaboração de notícias para o impresso, no que necessita de um dia (na verdade, horas), na maioria das vezes, na preparação da reportagem, o jornalista permanece por dias, semanas e até meses. Além de cobrar mais tempo do profissional, requer um maior espaço nas páginas dos meios de comunicação. Devido a isso, o livro-reportagem surgiu, para atender e sustentar esse modelo. Quanto ao livro-reportagem, veremos mais a frente.

No pensamento e palavras de Lima, a reportagem preenche o vazio que os jornais deixavam no noticiário diário, por estar inerente à normas, e, além disso, “avança para o aprofundamento do conhecimento do nosso tempo, eliminando, parcialmente que seja, o aspecto efêmero da mensagem da atualidade praticada pelos canais cotidianos da informação jornalística”. (LIMA, 2009, p.4)

Ao considerar a reportagem como um gênero ou subsistema do jornalismo, como julga Lima (2009, p.8), há a percepção de que esta só se afasta da notícia em si pela questão do tamanho, porém, “entre uma e outra há muito mais diferenças além do aspecto quantitativo, existem notícias sem lead e reportagens com um texto menor, por exemplo”. (SEIXAS e OLIVEIRA, 2011, p.3)

Desta forma, confere dizer que a reportagem como gênero do jornalismo é uma narrativa ampliada de um fato que já repercutiu na mídia, recebendo nova forma. Nessa reforma do acontecimento em si, a origem e essência continuam sendo essa notícia já reproduzida, agora complementada com novos recursos jornalísticos, que caracterizam, por sua vez, a reportagem. Isso ocorre, pois a justificação do surgimento dessa nova categoria é do fato ser, a partir da sua vinculação, basicamente, uma matéria velha, que já ocorreu e não é mais inédita, ou seja, passada.

Baseado nesse caso, no jornalismo é considerado matéria fria, uma matéria de reportagem e quente, as notícias factuais. Recebem essas representações considerando que amanhã, por exemplo, a notícia de um jornal de hoje já se torna velha e desatualizada e a reportagem ainda permanece de atualidade por tempo superior. Quanto a isso, sabe-se que a notícia apura fatos e a reportagem trata de assuntos relacionados aos fatos.

O fator determinante para a circulação de uma notícia é o tempo: o fato deve ser recente e o anúncio do fato, imediato. Este é um dos principais elementos de distinção entre a notícia e outras modalidades de informações. Aqui, talvez, um aspecto importante ao diferençar notícia de reportagem: a questão da atualidade. Embora a reportagem não prescinda de atualidade, esta não terá o mesmo caráter imediato que determina a notícia, na medida em que a função do texto é diversa: a reportagem oferece detalhamento e contextualização àquilo que já foi anunciado, mesmo que o seu teor seja eminentemente informativo. (SODRÉ e FERRARI, 1986, p.18 apud SILVA e BALTAZAR, 2013, p.13)

Decerto vale relacionar a reportagem com o que estudamos anteriormente, sobre a questão da representatividade social e causas e efeitos na sociedade. Visto que uma notícia causa efeito imediato e raso de conhecimento, mais relacionado a estar informado – obter informação, a fim de não estar apartado e alienado da realidade –, a reportagem ocasiona além da só informação: provoca um conhecimento mais amplo, completo e duradouro. Deste modo, a reportagem apresenta uma probabilidade de criar e até transformar uma opinião, o que colabora para o desenvolvimento e crescimento de uma sociedade.

Por lidar com assuntos mais complexos, como já vimos, a reportagem exige investimento de tempo de divulgação e, especialmente, de apuração, que indica a qualidade do material, fora esforço. Como característica do estilo jornalístico, possibilita o jornalista a aventurar-se mais dentro do texto, livrando-se das amarras do lead de praxe. Dentro da reportagem, diferente que na construção de notícias, o repórter não se põe discreto, deixando que o fato seja contado por fontes. Nela, ele se manifesta, buscando obter reações nos leitores.

De acordo com Sodré e Ferrari (1986, p.15), dentre as principais qualidades de uma reportagem estão, principalmente, a predominância da forma narrativa – tem que existir, pois, caso contrário, não poderá ser qualificada como reportagem –, humanização do relato, texto de natureza impressionista e objetividade dos fatos narrados. Este último garante que os acontecimentos “serão relatados com precisão, garantindo, mais ainda, a verossimilhança”. (SODRÉ e FERRARI, 1986, p.15)

Ainda de acordo com os autores (1986),

Em suma: o redator controla a verossimilhança, mas não perde de vista o leitor e seu possível cansaço diante dos termos técnicos excessivos. Com isso, o texto conserva suas qualidades de tensão e condensação. A inovação está no ,comportamento do narrador: dialoga com o leitor e com o “repórter de campo”, como um locutor; presente

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