BARBIE: A INFLUÊNCIA DE PLÁSTICO
Por: YdecRupolo • 25/6/2018 • 2.411 Palavras (10 Páginas) • 431 Visualizações
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Como a mídia influencia na identidade cultural e no comportamento das pessoas, inclui-se a boneca Barbie nesse processo, pois seu sucesso pode ser dado ao fato das narrativas serem tramadas em diversas mídias, o que acaba por renovar as identidades da boneca, moldando-a em diferentes culturas em cada época, nunca deixando a boneca sair da moda e de ser tendência.
Para a Mattel, diversidade consiste em tons de pele, países, línguas e hábitos alimentares diferentes dos da Barbie loura e branca. A pluralidade cultural foi relegada às amigas da Barbie, pois nada poderia retirar a supremacia da branca da boneca (ROVERI, 2008).
3.2 Escola de Frankfurt
A Escola de Frankfurt consiste em um grupo de pensadores responsáveis pelo desenvolvimento da Teoria Crítica: Uma abordagem multidisciplinar sobre a sociedade industrial, levando em conta todos os aspectos de conhecimento a respeito do homem.
Composta por grandes pensadores como Adorno, Horkheimer, Benjamin, Habermas e Marcuse, a escola tem um alicerce na teoria marxista (que relevava apenas o aspecto econômico sobre a sociedade), ao mesmo tempo em que também propõe um movimento auto reflexivo sobre ela.
A Escola de Frankfurt abrange os inúmeros trabalhos que constroem um conceito, teoria e uma prática sobre a mercantilização da sociedade e dos meios de comunicação e também é composta por estudos que analisam sistemáticamente os efeitos da mercantilização na produção cultural.
De acordo com Wiggershaus (2002, p. 97) "a expressão 'teoria crítica' tornou-se a designação preferida dos teóricos. [...] Era também uma espécie de camuflagem para a teoria marxista." Além de Marx, a filosofia da Escola de Frankfurt, também teve como base Freud e Nietzsche, que ajudaram a modificar a forma de ver a sociedade e estudar o homem e sua cultura, sendo também a primeira instituição que incluiu a teoria freudiana em pesquisas teóricas.
4. Objeto a luz do conceito
4.1 Barbie e sua influência estética
Com o passar do tempo, o brinquedo se transformou em um produto de desejo de seu público alvo, se tornando inspiração para meninas se vestirem, se maquiarem e utilizarem o cabelo loiro com rabo de cavalo.
A consolidação do produto no mercado foi tão intensa que começou a sofrer influência da sociedade. Essa pressão foi responsável pela expansão do universo Barbie, resultando na elaboração de novos personagens para a coleção. Um namorado, uma amiga negra e uma amiga paraplégica que vinha com cadeira de rodas, são exemplos da influência que a marca sofreu e suas mudanças para agradar um público cada vez mais abrangente.
Com suas medidas consideradas "impossíveis", a boneca passa a ser uma das maiores causadoras de distúrbios alimentares, pela procura de clínicas estética e química, pela compra de antidepressivos, pelo bullying com meninas acima do peso e nessas, faz com que essas meninas tenham vergonha do próprio corpo, o conhecido transtorno de imagem corporal. Isso ocorre pelo fato da boneca ser considerada o maior ícone de beleza e fashionista da sociedade.
Além disso, a personagem costuma ser representada de maneiras distintas para atingir ainda mais pessoas, possuindo inúmeras profissões, tais como veterinária, bailarina, cantora, médica e professora.
O sucesso foi tão intenso que resultou na criação de filmes, desenhos, músicas, livros e até cirurgias plásticas em mulheres que sonham até hoje em atingir o estereótipo de mulher perfeita que a Barbie carrega. O visual da boneca contribui também para que meninas queiram se tornar mulheres adultas mais cedo, a fim de se vestirem como a personagem, andar com sapatinhos de salto e passar maquiagem.
Ao ser representada em diversas profissões, a boneca incentivou o publico feminino a se desenvolver profissionalmente, mostrando que podiam ser mais do que imaginavam. Essa ideia se deve ao fato de que mesmo sendo mulher e possuindo o padrão de beleza considerado ideal, a personagem é capaz de exercer profissões que eram exclusivamente direcionadas aos homens.
Relacionando esses acontecimentos das décadas de 50 e 60 com a instauração da boneca Barbie na sociedade, pode-se ver a libertação que a Boneca trouxe para as mulheres, pois antes de sua criação, as bonecas tinham traços de bebês, remetendo ao fato de que mulheres deveriam ser mães e cuidar da casa, o que era ensinado para as meninas desde crianças através de suas brincadeiras.
Porém, a Barbie, com seus traços adultos e sua autonomia, teve seu início como uma jovem que ganhou uma bolsa de estudos em Nova York e se tornou uma estilista de moda, logo após veio a Barbie Astronauta, que foi a lua antes mesmo do homem chegar lá. Marcando assim a libertação da mulher dos modos antigos, relevando seus desejos perante a sociedade. O fabricante não vendia mais um objeto, e sim uma personalidade, uma história, um sonho (BROUGÈRE, 2004 apud CRUZ; SILVA, 2012, p. 06).
Apesar da boa influência da boneca na parte feminista da história mundial, a Barbie é, principalmente, de longe, considerada uma má influência na vida de mulheres e meninas, sendo uma das causadoras de 20% das mortes de meninas na faixa de 15 anos por bulimia e anorexia, segundo a Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Com 1,75 metro, 49 quilos e calçando 35, a boneca Barbie se fosse real, seria considerada anoréxica e mal conseguiria parar em pé e com o intuito de ensinar a supremacia de um tipo de corpo, raça e comportamento (BROUGÈRE, 2004; STEINBERG, 2001; DEBOUZY, 1996; ROVERI, 2008). Porém, sua criadora estética deixa bem claro que a boneca não foi criada para ter um modelo de corpo a ser seguido e sim, para facilitar sua troca de roupas.
Sarah Burge, considerada uma das "Barbies Humanas", gastou cerca de dois milhões de reais em cirurgias plásticas para tentar se transformar em uma Barbie, submetendo-se a mais de cem tratamentos cosméticos. A ucraniana Valeria Lukyanova e a russa Angelica Kenova são as mais famosas "Barbie Humana".
Outro exemplo de "tentativa de Barbie Humana" é Jenny Lee Burton, que já se submeteu a cortes, costuras, implantes, lipoaspiração no corpo todo etc. Burton sabe, pelo menos, que sofre de TDC (Transtorno Dismórfico Corporal) que é um transtorno relacionado com a insatisfação com a aparência corporal. Sem tratamento médico e psicológico, o TDC persiste por anos sendo
caracterizado como um transtorno crônico e perigoso, com riscos
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