O surgimento do populismo na America Latina

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Um apelo direto ao povo fornece um meio (entre outros) de fazer a interrupção das instituições existentes, fazendo o papel de parteiras para um novo regime neoliberal que será eventualmente sustentada por sistemas partidários bem-comportados mas traz consigo ao mesmo tempo um risco muito maior de que os mecanismos essenciais da disciplina e controle possam ser perdidos.

Em suma Cammack (2000), faz uma relação entre super-estrutura da sociedade (instituições políticas e ideológicas) e estrutura econômica ou de produção de uma sociedade. Em sua avaliação a separação entre esfera pública e esfera privada permitiu que as desigualdades econômicas não se sobrepusessem “igualdade política”. A primeira pertencendo a esfera privada e a segunda a esfera pública, portanto, as desigualdades econômicas estão fora do espaço em que cabe ao Estado atuar ou resolver problemas, afinal, segundo a teoria liberal, o mercado deve funcionar sem a interferência Estatal.

Por outro lado, a criação e desenvolvimento das instituições está intimamente relacionada a manutenção da reprodução capitalista, criando regras e normas que controlem o conflito social nesta esfera, mantendo o status quo. Nesta perspectiva as instituições são conservadoras, pois buscam evitar que os de “baixo” questionem e busquem ocupar o espaço daqueles que estão no poder. São nos momentos em que existe ameaça dessa possibilidade vir a acontecer que o projeto populista entra em cena.

Podemos dizer que o projeto populista é uma carta embaixo da manga dos grupos hegemônicos capitalistas em momentos de crise institucional, quando a legitimidade dos governos, das instituições e dos partidos políticos são colocados em xeque pelos de “baixo” ou quando o modelo institucional vigente já não está dando respostas satisfatórias a reprodução capitalista.