A CONSTRUÇÃO CIVIL: DEGRADAÇÃO E SUSTENTABILIDADE
Por: YdecRupolo • 25/12/2018 • 2.993 Palavras (12 Páginas) • 499 Visualizações
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O CIB (lnternational Council for Building Research and Documentation) colocou entre suas prioridades de pesquisa e desenvolvimento o desenvolvimento sustentável. A European Construction Industry Federation possui agenda específica para o tema. (INDUSTRY & ENVIRONMENT, 1996)
A Civil Engineering Research Foundation (CERF) entidade dedicada a promover a modernização da construção civil dos Estados Unidos, de acordo com Bernstein (1996), realizou uma pesquisa entre 1500 construtores, projetistas e pesquisadores de todo o mundo visando detectar quais as tendências consideradas fundamentais para o futuro do setor, em cuja pesquisa a questão ambiental foi considerada a segunda mais importante tendência para o futuro conforme mostra a figura 01. Embasada nestes resultados a entidade definiu 38 diferentes propostas de pesquisa.
O conceito, a percepção, o entendimento e a aceitação da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável ainda são relativamente pouco conhecidos e só recentemente disseminados. Costanza et al. (2005),traça um paralelo entre os atuais problemas globais, a exemplo de pandemias – AIDS, aquecimento global, consumo de energia, colapso financeiro atual, terrorismo internacional -, e a sustentabilidade, com observação de que, no passado, os dirigentes socioeconômicos eram locais ou regionais, enquanto que na atualidade estamos todos interconectados globalmente, questionando se a presente civilização global se amoldará e sobreviverá com o elevado acúmulo de problemas interligados. Tal reflexão requer um conhecimento novo e mais integrado de como as pessoas interagem umas com as outras, com os recursos, com as outras espécies e com o meio ambiente.
Gera e suscita dúvidas se é possível ainda achar descrentes e desinformados sobre o assunto. Portanto, seria admissível inquirir se sustentabilidade é utopia ou realidade?
Entre o possível e o utópico, Bonilla (2007), parte do conceito registrado no dicionário de que utopia é aquilo que é impossível, considerando o sentido comum das pessoas. Entretanto, argumenta que é possível redefinir o conceito para aquilo que é impossível em um determinado contexto e ressalta que objetos criados pelo homem, sem exceção, foram de início ideias utópicas que se transformaram depois em realidades concretas.
Ao ser inquirido sobre o que é sustentável, Veiga (2008), apresenta três padrões basilares de respostas de outros autores: os que acreditam não existir dilema entre conservação ambiental e crescimento econômico e que imaginam possível combinar essa dupla exigência, embora não exista ênfase científica alguma sobre as condições em que tal conciliação possa ocorrer, os ultra otimistas de que o crescimento econômico só danificaria o meio ambiente até determina o patamar de riqueza, dado pela renda per capita e que, a partir de determinado momento, haveria uma tendência de inversão que levaria a melhorar a qualidade ambiental; por fim, o que se poderia chamar de caminho do meio, que harmoniza objetivos sociais, ambientais e econômicos.
No inerente à sustentabilidade, Brunacci &Philippi Jr (2005) em referência à Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Humano, ocorrida em Estocolmo em 1972, proclamam que (Declaração nº 1) “O homem é, a um tempo, resultado e artífice do meio que o circunda , o qual lhe dá o sustento material e o brinda com a oportunidade de desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente”.
- SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL
A palavra “sustentabilidade” é, sem dúvida, uma das mais faladas e comentadas neste novo milênio e, não por acaso, esse conceito tem invadido as mais diversas áreas do conhecimento e setores da economia. Na construção civil, a partir da utilização de novos materiais que gerem o menor impacto possível ao meio ambiente e contribuam para o conforto térmico ou a redução do consumo de energia, não é diferente, e há inúmeros exemplos de novos materiais e tecnologias com essa finalidade.
Uma das inovações resultantes de pesquisa são os Materiais de Mudança de Fase (PCM, na sigla em inglês), ou materiais termo-ativos, que atuam no isolamento térmico e armazenamento de energia, por meio da utilização de parafinas microencapsuladas que podem ser dispersas em rebocos de revestimento, a fim de garantir o conforto térmico e reduzir o consumo de energia nas edificações. Isso é possível a partir do acúmulo energético da fusão das parafinas. Para Vanessa Gomes, professora da Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), essa tecnologia, atualmente, apresenta ganhos ambientais e econômicos. “Ela começou muito cara, mas já há pesquisas que conseguem baratear os custos”, aponta.
Outro exemplo de como a sustentabilidade pode trazer benefícios ao meio ambiente urbano e a seus habitantes são as coberturas verdes, construções em que as tradicionais coberturas de telhas são substituídas por vegetação. Esse tipo de construção proporciona o combate às ilhas de calor urbano, absorvendo gases do efeito estufa emitidos por veículos e melhorando a qualidade do ar nos centros urbanos; diminui parte das águas de chuva que poderiam alagar bueiros; e torna-se habitat para pássaros e borboletas. Os “tetos verdes”, como o da foto abaixo, são uma febre em países de primeiro mundo e têm sido utilizados em larga escala nos Estados Unidos e na Alemanha. “Existem áreas do Brasil que podem ser muito apropriadas à utilização de coberturas verdes. Elas ajudam a combater enchentes e outros problemas ocasionados por temporais, pois não são impermeáveis”, explica a pesquisadora da Unicamp.
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Fonte: Blog Casa e Energia/Building Design(Reino Unido)
Copa do Mundo “verde”
Não é apenas nas construções residenciais que o conceito de sustentabilidade veio para ficar. Para sediar a Copa do Mundo de 2014, o Brasil deve seguir uma série de normas estabelecidas pela Fifa, como, entre outras coisas, a construção e a reforma dos estádios para que eles estejam de acordo com o ideal de uma competição “verde”, ou seja, ecologicamente correta e que gere o menor impacto ambiental possível. Entretanto, os altos custos estipulados para as reformas e as construções desses estádios têm gerado questionamentos sobre a viabilidade dos projetos. E também há quem critique o oportunismo do marketing dos megaeventos. “Temos que pensar que, ao cuidar do planeta, estamos cuidando de nós mesmos e reduzindo inclusive os gastos que teremos no futuro. Eventos como Olimpíadas
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