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PROJETO DE CONSTRUÇÃO DE CONDOMÍNIOS EMPRESARIAIS SUSTETÁVEIS NO BRASIL

Por:   •  4/4/2018  •  17.923 Palavras (72 Páginas)  •  360 Visualizações

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António Nóvoa analisa que, na estruturação do sistema de ensino docente em Portugal no século XVIII, as escolas Normais foram importantes mecanismos de controle social, ao mesmo tempo em que possibilitaram aos professores sua afirmação enquanto profissionais do ensino formal. O processo de estatização do ensino consistiu, para a política de formação docente, na substituição de um corpo docente religioso e sob o controle da Igreja, por um corpo de professores laicos, agora recrutados pelo Estado. Contudo, muito embora tenham havido profundas mudanças na estrutura educacional européia e principalmente francesa no século

XIX, o modelo do professor continuava muito próximo do sacerdócio. É o que afirma NÓVOA (1995:16), em outro de seus trabalhos sobre a profissionalização do professorado: “Ao longo do Século XIX consolida-se uma imagem de professor, que cruza as referências ao magistério docente, ao apostolado e ao sacerdócio, com a humildade e a obediência aos funcionários públicos.”

No entanto, do processo de constituição da profissão docente, apenas os homens faziam parte. No auge da difusão das Escolas Normais na França, a educação das mulheres tinha pouca expressão, e sua preparação para a docência, menos ainda. Segundo Jurandir Freire da COSTA (1989), os homens ilustrados da época aspiravam à moralização das pessoas a fim de regular a vida social. A partir daí, a mulher de elite logo foi identificada como agente disseminador de um comportamento moralizante desde o convívio familiar, preparando os filhos para vida em sociedade e ainda acompanhando o marido. Na França, as autoridades na época faziam o seguinte raciocínio: sendo a mulher a primeira educadora de seus filhos - e para isso reportavam-se à obra de Pestalozzi, Como Gertrudes educava seus filhos - e por exercer grande influência sobre o marido, seria a hora de fomentar a educação feminina tanto na escola primária, como na preparação para a docência. Nesse contexto, em 1842, sé aprovada a lei de criação de cinco Escolas Normais femininas na França. No século XIX, no período de consolidação dos Estados Nacionais, a escola era tida como a instituição capaz de garantir a unidade nacional através da transmissão de conteúdos unificados e de valores culturais e morais que promovessem a consolidação do poder. No Brasil, a escola passa a ser vista como a instituição capaz de garantir a unidade nacional através da transmissão de conteúdos unificados e de valores culturais e morais que garantissem a consolidação do poder. O poder público via na educação a força civilizadora fundamental para a construção do consenso necessário à conformação do Estado e, tomava os professores como tentáculos do poder político, na medida em que estivessem identificados com seus interesses.

1.2. De educadoras dos filhos a professoras

A partir da Segunda metade do século XIX, o magistério começa a se configurar com profissão feminina por excelência, afirmam BRUSCHINI & AMADO (1988), ainda que a lei previsse apenas o ingresso das meninas na escola primária e conseqüentemente o provimento destas cadeiras por mulheres. Em Santa Catarina, 15 de abril de 1835 foi oficializado o primeiro currículo para as escolas primárias. Este currículo definia um programa único para as escolas masculinas e femininas. Após 1843, porém, o currículo das escolas femininas passou a ser diferenciado. Nas escolas para o sexo feminino ensinava-se a ler, escrever, contas das quatro espécies, gramática, princípios da moral cristã e prendas domésticas. Não estavam incluídas as quatro operações de aritmética, quebrados, decimais e

proporções, noções de geometria teórica e prática e elementos da geografia, ensinados aos meninos.

A educação da mulher oferecia de fato uma formação intelectual. Contudo com o pretexto de manter sua natureza “frágil” e “maternal”, propunha-se um currículo diferenciado para as escolas femininas. Segundo SAFFIOTI(1969), ainda que as mulheres começassem a ganhar espaço na sociedade letrada, era flagrante a discriminação sexual que sofriam. A questão da diferença curricular reforça esta idéia e traz consigo mais um indicativo de discriminação: juntamente com a diferença entre o que se ensinava aos meninos e meninas, havia ainda conseqüências sobre os níveis salariais. O menor salário recebido pelas mulheres era justificado pela "isenção" de lecionar algumas disciplinas específicas aos meninos, como o caso da Geometria.

Para homens e mulheres, o magistério esteve sempre associado ao sacerdócio. Mesmo nas sociedades liberais, aonde se pretendia a desvinculação com as idéias religiosas, a imagem do professor era confundida com a do sacerdote. As próprias palavras de Guizot, Ministro da Educação da França pós-revolucionária, explicitam bem tal conjuntura: formar os “sacerdotes laicos” do Estado Burguês. Exercer a função de professor e professora, exigia abnegação, dedicação inclusive secundarizando a importância do pagamento pelo seu trabalho.

A profissionalização da mulher no magistério público deu-se em meio ao entendimento de que a educação escolar era uma extensão da educação dada em

casa. Logo, a função de mãe na família era estendida à escola pela pessoa da professora. Estava assim criado o círculo que permitiria a profissionalização do magistério feminino. As mulheres, mães e educadoras por natureza, passavam agora a estender sua função para as escolas na profissão de professoras. Também ARROYO (1985: 24) esclarece que na organização do trabalho pedagógico a 'dedicação' tinha um sentido concreto para os professores e professoras que construíam sob o adjetivo de “dedicado” sua reputação profissional. Segundo o autor, “a comunidade não entregava a educação de seus filhos a qualquer um. Mestre ou preceptor particular, tem que mostrar dedicação..."

Nesse contexto, dissemina-se o conceito de vocação, que desde então servia para legitimar o crescente aumento do número de mulheres ingressando no magistério. Na verdade, segundo BUSCHINI & AMADO (1988:07),

historicamente o conceito de vocação foi aceito e expresso pelos próprios educadores educadoras, que argumentavam que, como a escolha da carreira devia ser adequada à natureza feminina, atividades requerendo sentimento, dedicação, minúcia e paciência deveriam ser preferidas.

Neste momento, o conceito de vocação era usado como mecanismo eficiente para induzir as mulheres a escolherem profissões menos valorizadas socialmente. Melhor dizendo, em nome da natureza feminina

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