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O IMPACTO AMBIENTAL DA ADIÇÃO DE DIFERENTES TEORES DE PALHADA DA CANA-DE-AÇÚCAR

Por:   •  23/12/2018  •  5.682 Palavras (23 Páginas)  •  438 Visualizações

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A larga produtividade de cana, como toda atividade agrícola intensiva, gera sempre algum impacto no meio ambiente, na medida em que emprega recursos naturais como água e solo, e também faz uso de insumos e defensivos químicos (RIBEIRO et al., 2009). De acordo com Abrão (2012), os danos ambientais causados pelo cultivo intensivo da cana podem afetar o meio ambiente, a sustentabilidade do solo, e, consequentemente, a produtividade ao longo do tempo.

O sistema de colheita de cana-de-açucar por queimada elimina a matéria seca e aumenta a concentração de gás carbônico na atmosfera, ao mesmo tempo em que contribui com o efeito estufa e reduz o teor de matéria orgânica no solo (SOUZA et al., 2005). A recente tendência de adoção de práticas agrícolas que levam à uma maior sustentabilidade do sistema, resultou na inclusão da prática de cobertura vegetal com o palhiço, que é deixado na superfície do solo com folhas inteiras, ou trituradas.

O palhiço contribui para redução do problema de poluição atmosférica causado pela queima do canavial, do uso de fertilizantes minerais usados como fontes de nutrientes para a cultura. (PINHEIRO et al., 1996; CEDDIA et al., 1996). Nesse sentido ao recuperar características físicas, químicas e biológicas do solo (BRANDÃO et al., 2013; NASCIMENTO et al., 2005), a cobertura vegetal possui influência positiva, ao incrementar matéria orgânica do solo, e aumentar sua qualidade e fertilidade, tendo em vista a sustentabilidade do solo agrícola. Os resultados obtidos por Peixoto et al. (2012) mostram que a adição de palhiço promoveu aumento significativo nos indicadores biológicos com baixa emissão de CO2 para atmosfera.

Diante do exposto, o objetivo desse trabalho foi avaliar o impacto ambiental da adição de diferentes teores de palhada da cana-de-açúcar como cobertura vegetal do solo, em um Vertissolo de uma Usina Localizada no Município de Juazeiro-Ba através dos indicadores de atividade microbiana (MERCANTE et al., 2008).

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DESENVOLVIMENTO

2.1 Cultura da Cana-de-Açucar e Importância Socioeconômica

A ampliação, do cultivo de cana-de-açúcar, em escala mundial, nos países tropicais, contribui com o crescimento da economia do país. O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar (ABRÃO, 2012). Contudo, a demanda pelo aumento do produto como matéria-prima, está relacionado com a potencialidade da cana, na produção em grande escala de: açúcar, álcool combustível, alimentação animal, e mais recentemente, energia elétrica (CARMO, 2013). O aumento significativo de áreas cultivadas com cana-de-açúcar, alcança várias regiões do país, inclusive o Semiárido brasileiro, e constituem uma importante fonte de emprego para uma a população com baixo nível de instrução.

A região do semiárido é caracterizada por um balanço hídrico negativo resultante das precipitações médias anuais inferiores a 800 mm, insolação média de 2800 horas por ano, temperaturas médias anuais de 23° a 27°C, evaporação de 2.000 milímetros por ano e umidade relativa do ar em torno de 50% (SILVA et al, 2010). Sendo assim, as condições ambientais que favorecem o cultivo da cana-de-açúcar no Vale do São Francisco, estão relacionadas aos fatores climáticos: temperatura, umidade relativa e luminosidade.

A combinação desses fatores climáticos no semiárido favoreceu o estabelecimento da cana-de-açúcar na região, e o aumento de produtividade. Isso porque umidade relativa e a pequena ocorrência de chuvas diminui a incidência de doenças e favorece a melhor qualidade dos frutos (COSTA; LOPES et al, 2012).

2.1.1 Produtividade, Manejo e Impactos Ambientais

A cana-de-açúcar é cultivada em mais de 70 países, dentre esses o maior produtor mundial é o Brasil, com destaque no cenário nacional e internacional, com área de cultivo de, aproximadamente, 8.654,2 mil hectares com uma produção de 665,6 milhões de toneladas de cana, 33,5 milhões de toneladas de açúcar e 30,5 bilhões de litros de álcool (CONAB, 2016). A expansão do cultivo da cana-de-açúcar, contribui para que o Brasil tenha uma grande relevância no cenário de negócios brasileiro.

O crescimento da cultura canavieira é expressivo e beneficia a economia do país, no entanto, o cultivo da cana-de-açúcar, possui dois sistemas de manejos de colheita adotados nos canaviais, mas, em função das políticas de redução das emissões dos gases nocivos ao meio ambiente e a população, a colheita da cana-de-açúcar tem sido modificada, passando do sistema convencional com queima da palhada na pré-colheita para o manejo sem queima (ROBERTSON; THORBURN, 2007).

O manejo sem queima, resulta em disposição da palhada no solo como cobertura vegetal, e no tradicional manejo, a palhada é queimada (CZYCZA, 2013). A queima é utilizada com o objetivo de facilitar as operações de colheita, onde se é ateado fogo no canavial, já que a queima das lavouras na pré-colheita torna a planta mais quebradiça, maximizando a capacidade de corte e reduzindo o tempo de colheita, e limpa as folhas verdes e secas, que são caracterizadas como matéria prima descartável (ANTUNES et al., 2016).

De acordo com Silva et al. (2000), diversos problemas ambientais são apresentados no aumento da produtividade da cana-de-açúcar, dentre esses está: perda de fertilidade do solo, erosão e contaminação do lençol freático, principalmente por resíduos de fertilizantes químicos e defensivos agrícolas, além de potencializar a emissão de CO2.

O manejo inadequado na colheita da cana-de-açúcar pode influenciar a produção e o tempo de vida da cultura, isto porque, as queimadas causam a degradação dos solos, devido a oxidação da matéria orgânica, e o aumento de erosão, pela falta de cobertura vegetal. Aumenta a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera, dentre esses: o monóxido de carbono (CO), metano (CH4), e principalmente o gás carbônico (CO2), e consequentemente ameaçar a qualidade de vida da população, e da sustentabilidade do agronegócio da região, uma vez que um solo degradado não exerce suas funções e com isso compõe sistemas não sustentáveis de produção agrícola. (GIONGO; CUNHA, 2010).

Para Rocha et al. (2009) e Lopes et.al (2012) a modernização da agricultura e a expansão do agronegócio no mundo provoca o uso desregrado do solo que gera sérios problemas de erosão, reduzindo a espessura e a fertilidade

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