ESTRESSE DE ALUMÍNIO E pH E SEUS EFEITOS NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE SOJA
Por: eduardamaia17 • 14/3/2018 • 5.838 Palavras (24 Páginas) • 455 Visualizações
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Key-words: Glycine max - Germination test - Agricultural Production.
1 INTRODUÇÃO
A soja (Glycine max) é a cultura que mais cresceu desde a década de 60, período onde se estabeleceu como sendo uma cultura de grande importância para o país, e apesar de sua produção estar em constante crescimento, foi apenas a partir da década de 70 que a mesma se destacou e consolidou-se como a cultura de mais importância na balança comercial do país. Segundo dados do Ministério da Agricultura, hoje em dia a soja detém de 49% da área de grãos plantados no país, sendo que as regiões que mais se destacam na sua produção são a região Centro- Oeste e região Sul. E segundo dados do IBGE (2010) a mesma é uma cultura que lidera o ranking da produção agrícola no século XXI, tendo 23% de aumento de produção e 13% de aumento em área plantada no Brasil nos últimos anos.
Entretanto a produtividade da soja não tem acompanhado o ritmo de constante expansão que a mesma vem tendo nos últimos meses, e um dos fatores que podem ter relação com tal fato, além da compactação do solo e surtos de doenças e plantas daninhas, é a acidez do solo, pois como explicam Mascarenhas, Camargo e Falivene (1984), para se atingir uma ótima produtividade na cultura da soja deve-se ter um solo que permita um completo e melhor desenvolvimento do sistema radicular, sem que o mesmo tenha restrições físico-químicas em sua estrutura.
Dentre as causas da acidez do solo estão a extração de nutrientes por parte das plantas, a lixiviação, a utilização de adubação inadequada e a erosão do solo, e como consequências disso estão a presença de, metais pesados, como o alumínio tóxico em grande quantidade e níveis de pH abaixo de 5,5, que caracterizam um pH ácido demais para quase todas as culturas. Tais restrições físico-químicas, como presença de alumínio tóxico e pH ácido, são hoje em dia consideradas os maiores problemas da produção agrícola, não só causam problemas na estrutura dos solos e em vários outros cultivos, como também afetam em cheio a cultura da soja, que hoje é considerada um dos principais cultivos anuais do país, podendo inclusive provocar grandes quedas em sua produtividade.
A acidez do solo ou pH do solo, é caracterizado pela presença de H+ em sua estrutura, sendo considerado um indicador de fertilidade, o mesmo tem origem no intemperismo, ou seja, nas rochas oriundas da formação do solo em questão, deste modo é necessário que o mesmo esteja em uma faixa ótima, que difere entre culturas, para que os processos de absorção de nutrientes e desenvolvimento das plantas aconteça da melhor forma possível. Cabe-se dizer que níveis de pH ácido são hoje em dia muito comumente encontrados em regiões produtoras de grãos, porém tal problema é a porta de entrada para que vários outros aconteçam, como o exemplo da presença de metais pesados em grande quantidade e redução na concentração de micronutrientes necessários para as plantas.
No caso do pH ácido, os efeitos nocivos são relativamente iguais ao da toxidez por alumínio, pois só existe presença de alumínio em níveis tóxicos em solos que já são ácidos, devido ao baixo nível de pH.
Deste modo, a acidificação do solo por conta da presença de grandes quantidades de alumínio tóxico é um fator que ultimamente tem gerado muita preocupação, pois com o crescimento da população também cresce a demanda por mais alimentos, fazendo com que se busque o aumento da produção, frente a isso está a importância de recuperar solos degradados e otimizar a produção em pequenas áreas.
Como explica Ferreira, Moreira e Rassini (2006), no solo a grande concentração de Al+3 é um fator limitante para o crescimento e desenvolvimento das plantas, a presença do mesmo tem efeito nocivo sobre as culturas, principalmente na redução da germinação e na redução da taxa de crescimento do sistema radicular das plantas, afetando diretamente o alongamento das raízes e a divisão celular, diminuindo assim o seu poder de absorção de água e nutrientes do solo, tornando-as menos produtivas e mais susceptível à seca, como é também o caso da soja, que se caracteriza pela drástica redução das raízes e queima das folhas por salinidade.
Algumas alternativas surgem para a redução de tais problemas, como é o caso do uso de fertilizantes corretivos, como o calcário, que devem ser usados em uma incorporação mais profunda, entretanto algumas vezes os mesmos são aplicados de forma errada ou até mesmos possuem preços elevados, sendo então uma técnica considerada quase impraticável. Por outro lado tem-se a alternativa que mais tem se destacado nos últimos anos, que é a do uso de melhoramento genético, ou seja, uso de cultivares que sejam tolerantes a esta toxidez, e que se adaptam a situações adversas, sendo relatados inúmeros estudos para este fim.
Portanto, o presente trabalho tem como objetivo estudar os efeitos da toxidez por alumínio e pH ácido na germinação de diferentes cultivares de soja.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo dados da Embrapa (2014) teve-se o primeiro registro do cultivo da soja no Brasil em meados de 1914, na cidade de Santa Rosa no estado do Rio Grande do Sul, porém seu primeiro registro formal aconteceu na década de 40 e ainda assim foi somente a partir da década de 60 que a mesma se estabeleceu como uma cultura importante para a economia do país, e na década seguinte a mesma se consolidou e tornou-se a cultura de maior importância para o agronegócio em âmbito nacional, expandindo as áreas de produção e incrementando a produtividade da mesma.
Muitos foram os fatores que contribuíram para o estabelecimento da cultura na região Sul do país, como a ocorrência da Operação Tatu em meados da década de 60, início do uso de incentivos fiscais, facilidade de manejo da cultura, mercados internacionais em alta e começo das atividades de forma cooperada (Embrapa, 2014).
Como explica Embrapa (2014) a cultura surgiu muito diferente do que é atualmente, pois surgiu a mesma era uma planta rasteira, ou seja, a soja selvagem como era chamada, com baixa produtividade, que a partir de alguns cruzamentos naturais, e melhoramentos genéticos, evoluiu por vários anos até atingir o patamar atual. Para Castilho (2006) a mesma só se adaptava a solos baixos e úmidos perto de lagos e rios na China Central, sendo logo após dizimada e utilizada como alimento em diversos outros países, descoberta como fonte de óleo e nutriente animal somente no século XVIII, sendo hoje em dia mundialmente conhecida pelo seus
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