Uma Abordagem Psicossociológica da Violência

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Lorenz(1966) defende uma posição instintivista do comportamento agressivo. Para ele o instinto agressivo é condição indispensável para o próprio progresso, para a proteção de si mesmo e precisa ser descarregado para o próprio beneficio da pessoa e da humanidade.

Parece mais plausível a posição de que o comportamento agressivo é fruto de aprendizagem e de fatores situacionais desencadeantes. A educação dada pelos pais desempenha papel relevante na formação de uma personalidade mais ou menos agressiva e fatores situacionais funcionam como desencadeantes de comportamentos agressivos.

O fator aprendizagem funcionaria dentro desta conceituação como responsável pela formação de personalidade menos agressiva, ou seja, mais ou menos pronta a reagir agressivamente diante de determinados fatores situacionais, e, estes seriam então os verdadeiros desencadeantes do comportamento agressivo que consistiria no caso, numa reação adaptativa à situação apresentada.

Podemos destacar dois outros fatores situacionais que influem no comportamento agressivo, são eles: a frustração e a provocação.

A frustração tal como definido por Dollard et al. (1939), refere-se à situação experimentada por uma pessoa quando se verifica um bloqueio impeditivo na obtenção de um objetivo. Segundo estes mesmos autores, uma situação frustrante provoca agressividade, a frustração sempre gera agressão e toda agressão pressupõe sempre a existência de frustração,

Outros fatores situacionais além da frustração podem gerar agressividade, se somos provocados através de uma ofensa ou agressão física ou outra forma qualquer de comportamento nocivo ao nosso bem-estar, normalmente reagimos agressivamente. As pessoas tendem a reagir agressivamente, emitindo respostas capazes de infligir punição, quando o comportamento de outra pessoa lhes causa resultados pouco satisfatórios. Assim podemos concluir que tanto no caso de frustração como no de uma provocação, a resposta agressiva será decorrente da percepção que ele tem da ação da outra pessoa.

Se a provocação for percebida como não intencional, ou com fins jocosos sem importância maior, ela não suscitará reação agressiva. A interpretação da situação e a atribuição de intencionalidade ao agente provocador são fundamentais na resposta emitida pelo percebedor da provocação.

Outro ponto importante que é preciso destacar é a influência de filmes e programas de televisão violentos na manifestação de agressividade. Estudos conduzidos por Bandura et al. (1961; 1962) e por Berkowitz e Geen (1966, 1967) concluem pelo efeito nefasto dos filmes que apresentam cenas violentas. Estes estudos mostraram que tais filmes são capazes de provocar maior incidência de comportamentos agressivos, reforçando hábitos agressivos anteriormente adquiridos. Os estudos de Berkowitz e Geen mostraram o papel desencadeante de agressão desempenhado por filmes que apresentam estímulos facilmente associáveis a outros que, na vida real, podem facilmente tornar-se alvos da agressividade da pessoa que assiste ao filme.

Por outro lado, Feshbach (1961) verificou que filmes que apresentam cenas de violência podem desempenhar um papel catártico, tornando as pessoas que a eles assistem menos propensas à agressão. Tal achado foi contraditado por um experimento conduzido por Berkowita e Rawlings (Berkowita, 1961).

Carecemos ainda de resultados definitivos sobre o efeito verdadeiro dos filmes, programas, jogos, sites, que contêm cenas de violência, no que concerne ao comportamento posterior dos que se expões a tais estímulos. Mais pesquisas serão necessárias para uma clarificação definitiva da controvérsia e tais pesquisas deverão levar em conta algumas dessas variáveis: maneira pela qual as cenas de violência são apresentadas, idade dos assistentes das cenas de violência, maior ou menor agressividade demonstrada pelo público, relação das cenas de violência com situações encontradas na vida real. Apesar de não ser definitiva, os resultados dessas experiências demonstram um aumento da agressividade em decorrência da exposição a programas que apresentem cenas de violência.