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Trabalho de Nefrologia

Por:   •  25/2/2018  •  3.489 Palavras (14 Páginas)  •  286 Visualizações

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Hemodiálise

De acordo com Freitas e Cosmo (2010), o tratamento mais realizado é a submissão a programas de hemodiálise (geralmente realizados em três sessões semanais, com duração de 4 horas cada). É um procedimento que limpa e filtra o sangue, controla a pressão arterial e ajuda o corpo a manter o equilíbrio de substâncias químicas. O processo consiste na circulação do sangue fora do organismo, através do acesso vascular. A rotina da hemodiálise é uma prática que tem várias implicações que vão além da doença e incluem, para o paciente, questões emocionais, sociais, econômicas e familiares. Há ainda o fato de que o tempo de tratamento é indefinido e, na maior parte dos casos, é definitivo.

É um tratamento doloroso, é monótono e limitado, interfere também na questão da privacidade e do próprio espaço. Há o convívio com outros pacientes durante a sessão, tendo cada um desses históricos e valores diferentes, e até mesmo diferenciados alterações de humor, fatores que podem vir a causar algum desconforto e aborrecimentos (Freitas e Cosmo; 2010).

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Transplante

O paciente renal crônico (PRC) tem seis meses para realizar exames físicos e psicológicos para dar entrada na lista de espera de doador de rim, quando sua escolha é aguardar um rim de cadáver. Na situação de doador vivo, a avaliação psicológica inclui o receptor e o doador do rim (Garcia et al; 2005).

Segundo Garcia et al (2005), quando se optam por um doador-cadáver, este precisa ser de uma pessoa que estava em estado saudável até antes da morrer, de preferência jovem e com os órgãos em condições de doação.

O doador vivo ideal é aquele espontâneo, que não é alvo de pressão de nenhuma ordem. É importante levar isso em consideração, pois, muitas vezes, a doação é feita como forma de o doador expiar alguma culpa, sentir-se compensado por ajudar alguém ou como fuga para satisfazer a incapacidade de resolver seus problemas (Uryn, 1992 apud Garcia et al, 2005).

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Função do psicólogo

Conforme Garcia et al (2005), o psicólogo hospitalar se diferencia muito do psicólogo clínico, porque atuar nesse contexto é estar atento a todas as relações que o paciente desenvolve com a equipe multiprofissional, com ele mesmo e com a família, dentro de uma fragilidade física. É nessa teia relacional que as intervenções são realizadas e acontecem em um espaço de tempo muito breve, enquanto o paciente está no contexto hospitalar.

As intervenções realizadas pelo psicólogo hospitalar utilizam em sua maioria a abordagem sistêmica familiar, a teoria de crise de Caplan e técnica de psicoterapia breve de apoio (PBA).

A metodologia da abordagem sistêmica pode ser descrita pelos:

Conceitos-chave do pensamento sistêmico têm estreita relação com a totalidade, a organização e a padronização. As idéias centrais dessa teoria são as de que o todo é considerado maior do que a soma de suas partes. Uma mudança em qualquer uma das partes altera as outras e o todo se regula para manter o sistema equilibrado. O conceito da padronização e organização circular indica que nenhum evento ou parte de um comportamento causa outro, e, sim, que cada um está ligado, de maneira circular, a muitos outros eventos e partes de comportamentos. Ao longo do tempo, os padrões constantes funcionam para equilibrar a família. O papel do terapeuta é identificar esses comportamentos, inclusive o sintoma e sua função dentro do sistema (Papp; 1992 apud Garcia et al, 2005).

Caplan define crise como um estado de perturbação, usualmente associado a sentimentos de desconforto, tais como angústia, medo, culpa ou vergonha, que ocorre quando o indivíduo é exposto a um problema insuperável pelos seus meios habituais de solução, durante certo tempo, e outros métodos não lhe parecem disponíveis (Caplan, 1960 apud Garcia et al, 2005).

A técnica de PBA, é também um recurso utilizado na abordagem sistêmica familiar para operacionalizar o planejamento das sessões pois possibilita promover, no menor tempo possível, a elaboração de mudanças, conscientização de situações inconscientes e modificações de condutas dentro de pontos de urgência previamente selecionados no momento da entrevista admissional (Lemgruber, 1997 apud Garcia et al, 2005).

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Caso clínico

Primeiro atendimento psicológico: Maria, que saíra há pouco tempo da consulta com o médico e havia recebido as orientações da enfermeira, apresentou-se com fantasias de cura diante do transplante renal e forte rejeição à hemodiálise. Foram feitos esclarecimentos sobre as limitações e possibilidades do transplante, com o objetivo de auxiliar Maria a elaborar suas fantasias.

Quarto atendimento psicológico: José, que se apresentou tranquilo no início dos atendimentos individuais, decidido diante da doação, com total apoio e incentivo da família e da comunidade para tal, dando apoio psicológico à irmã, começou a indicar sinais de conflitos com ela. Esses conflitos haviam sido sinalizados pela irmã em seus atendimentos individuais. Disse que a razão é a rejeição que a irmã tem por ele desde criança. Acha-a "mal-agradecida", orgulhosa e prepotente por não aceitar o seu rim. Não aceitar seu rim é rejeitá-lo como irmão.

Sexto atendimento psicológico: Maria se apresentou confusa e em dúvida quanto ao transplante. Não sabe se o fato de ter conhecido uma budista - que disse que sua deficiência era um castigo por seus pecados nessa ou em vida anterior - levou-a a ter a fantasia de ter provocado a deficiência renal e a sentir-se culpada: um aviso para não fazer a cirurgia. Foi-lhe esclarecido quanto à origem e ao processo da deficiência renal crônica, auxiliada pela nefrologista que se encontrava no ambulatório.

Maria disse que, durante a semana, fica confusa com o que ouviu e se organiza durante o atendimento. " Quando estou mal, não consigo ver as coisas boas que digo ter e que você confirma. Fico dizendo a mim mesma que estou mentindo e me enganando, como cheguei hoje aqui. E, depois, que fico menos confusa, aí essa ideia passa e me vejo mais capaz, menos ruim, mais madura".

Sétimo atendimento psicológico - com José e Maria: Maria chegou confusa diante de várias situações que a perturbavam. Expressou que estava

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