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Resenha crítica sobre o psicodiagnóstico interventivo e o tradicional

Por:   •  29/11/2018  •  938 Palavras (4 Páginas)  •  483 Visualizações

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As associações paradigmáticas possíveis de serem feitas entre o psicodiagnóstico tradicional com a maneira quantitativa de pesquisa e, por sua vez, o psicodiagnóstico interventivo com o viés qualitativo, revelam o reducionismo prático resultante de tais dicotomias científicas. Isso porque, de um lado, tem-se a pretensão de avaliar o cliente profundamente a fim de dar-lhe uma devolutiva suficiente para que este compreenda a razão de seu sofrimento psíquico, e seja encaminhado ao próximo passo. Mas, esse objetivo não é atingido completamente, uma vez que a metodologia disposta (testes, entrevista etc.) não faz um levantamento satisfatório do contexto de vida desse indivíduo e, portanto, não vislumbra a complexidade do processo.

Além disso, a realização de tais devolutivas gera por vezes efeitos terapêuticos nesse sujeito, mas isso acontece involuntariamente (Ocampo e cols, 1979/1986; apud Barbieri, 2010), não há o intuito premeditado de promover um momento assim no psicodiagnóstico tradicional. E nisso podemos perceber o afastamento estabelecido entre o psicólogo e o cliente, numa relação que Evangelista considera hierárquica. Por outro lado, esse mesmo autor, ao tratar da perspectiva interventiva, não desconsidera a importância do uso de ferramentas como o teste; pelo contrário. O que se indaga é o porquê de não se unirem aspectos tanto de um quanto do outro, seria, como coloca Barbieri, a possibilidade de destituir do psicodiagnóstico seu caráter científico? Ou talvez o receio de relativizar a identidade profissional do psicólogo.

Seja como for, é inegável que a proposta de intervenção no âmbito psicodiagnóstico, seja pautada na perspectiva fenomenológica, psicanalítica ou de qualquer outra base epistemológica, oferece mais condições para compreender e acolher esse indivíduo na sua especificidade, utilizando-se do aparato tradicionalmente desenvolvido sem, contudo, se restringir a uma mera coleta de dados.

Diante do exposto, concluímos que o psicodiagnóstico interventivo como afirma Barbieri (2010) é um campo de conhecimento e aplicação clínica com características próprias, é o preferencial modo que no fim não apenas informa e encaminha, mas sim oferece uma experiência de transformação de concepção da situação crítica a partir da reflexão momentânea, diminuindo assim o sofrimento humano. E no que tange às instituições como aponta Evangelista (2016) o psicodiagnóstico interventivo atende de forma mais eficaz a necessidade das demandas por permitir uma intervenção reflexiva e esclarecedora com caráter transformador da visão sobre a realidade própria do sujeito naquele momento de avaliação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBIERI, Valéria. Psicodiagnóstico Tradicional e Interventivo: Confronto de Paradigmas? Psicologia: Revista Teoria e Pesquisa, SP. Volume 26, Número 3, Julho/Setembro de 2010: 505-513.

EVANGELISTA, Paulo. O psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial grupal como possibilidade de ação clínica do psicólogo. Revista Abordagem Gestalt, Goiânia. Volume 22, Número 2, Dezembro de 2016.

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