Identidade de gênero é passivo de mudança?
Por: Rodrigo.Claudino • 23/9/2018 • 1.104 Palavras (5 Páginas) • 284 Visualizações
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Ainda assim, a ideia de formação e manutenção de uma identidade de gênero muito precocemente na vida de um indivíduo pode ser evidenciada através de estudos realizados com transexuais, que relatam não se adequarem ao sexo rotulado a eles ao nascimento desde muito cedo. Mesmo em casos em que o sujeito assume sua identidade tardiamente ainda encontram-se relatos de que o sentimento de não estar em sintonia com seu sexo biológico sempre persistiu, tendo sido suprimido por contas de convenções e coerções sociais. A identidade de gênero é como qualquer outra identidade (categórica, existencial, etc.) com a qual o indivíduo se encaixe, sendo assim, é construída com grande base em seus primeiros anos de vida.
Outro ponto que põe em cheque a possibilidade de um indivíduo mudar de gênero é a existência dos gêneros não binários e dos gêneros fluidos. Pessoas que se encaixam nesse grupo afirmam não ser nem exclusivamente, nem exclusivamente mulher, podendo se identificar como parcialmente um de cada simultaneamente (demigênero), bem como se identificar com a fluidez entre ambos, sendo hora homem, hora mulher (gênero fluido). Os gêneros fluidos, por exemplo, se identificam com vários gêneros através do tempo: vezes se veem como cisgênero (se identificando com o sexo biológico), vezes são transgêneros binários, outras transgêneros não binários, às vezes até mesmo com nenhum.
A existência de indivíduos com esse tipo de identidade pode levar a crença de que a identidade de gênero é sim, passível de mudança. Entretanto, não se pode deixar de levar em consideração que a fluidez entre os gêneros se torna uma constante para esses indivíduos. Não é o estabelecimento de um gênero, e posterior troca que vai permanecer por toda sua vida. Essa fluidez incessante pode ser vista como a identidade constante ao qual o indivíduo se apegou.
- Conclusão
A identidade de gênero é um tema muito delicado e complexo, que envolve a interação entres vários fatores, externos e internos, para sua formação. É, em parte, uma construção social, uma vez que não nascemos cientes do que é um gênero, e do que se adequa ou não ao papel daquele gênero. Ainda, não se pode deixar de levar em consideração que, mesmo sofrendo grandes influências socioculturais, é pouco provável que, após seu estabelecimento e sua reafirmação pelo indivíduo, essa identidade possa ser mudada a partir de motivações externas, essa improbabilidade não significando que seja impossível, uma vez que estudos mais aprofundados nessa área sejam recentes e ainda exista grande tabu para que o tema seja discutido abertamente.
Referências
Áran, M. (2006). A transexualidade de a gramática normativa do sistema sexo-gênero. Ágora, IX (1), 49-63.
Pillar Grossi, M. Identidade de Gênero e Sexualidade
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