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Homossexualidade Masculina e Vulnerabilidade ao HIV/AIDS na Região Metropolitana do Recife

Por:   •  6/12/2018  •  3.130 Palavras (13 Páginas)  •  343 Visualizações

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Cada participante foi informado sobre a pesquisa e, concordando em ajudar na sua realização, foi lido e discutido o termo de consentimento livre e esclarecido, sendo informado de como poderá participar.

O questionário contém 118 questões fechadas distribuídas nos seguintes 11 blocos temáticos: a: informações sociodemográficas; b: formas de transmissão de algumas doenças; c: doenças sexualmente transmissíveis; d: teste de HIV; e: acesso a preservativos; f: transição; g: comportamento sexual; h: epidemia de AIDS e mudanças no comportamento; i: vida comunitária; j: discriminação e violência; l: finalização. Os questionários foram aplicados individualmente com o auxílio de um entrevistador e elaborado a partir dos instrumentos utilizados no PCAP nacional (BRASIL, 2011b) e em estudo realizado por Raxach et al (2007).

A metodologia inicial previa a coleta de dados exclusivamente através de indicação onde seriam recrutados 12 participantes, também chamados de sementes, e se formariam duas redes de cada uma das cidades a partir das indicações feitas pelos participantes. De modo a formar grupos de indicações, aqui chamadas de ondas, como mostra o seguinte esquema: 1º. Onda (12 entrevistados); 2ª. Onda (36 entrevistados); 3ª. Onda (108 entrevistados); 4ª. Onda (324 entrevistados). Será estabelecido um código para cada entrevistado de modo a permitir rastrear as redes de indicação dos participantes. Este procedimento de recrutamento deverá ocorrer em quatro ondas, ou, caso haja recusa, até que se alcance o número de 480 participantes. A quantidade de sujeitos que se recusaram a participar da pesquisa foi além do planejado, então houve uma pequena mudança na metodologia onde passou a não ser mais exclusivamente por indicação dos entrevistados, podendo ser também contatados sujeitos quem não estava entre os indicados e que se enquadravam no perfil da pesquisa.

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFPE, processo 37870514.9.0000.5208.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um dos resultados obtido na primeira etapa da pesquisa foi o aprimoramento global do questionário e de cada item afim de torna-lo o mais acessível aos entrevistados e abranger o máximo de aspectos detectáveis.

O projeto guarda-chuva anterior, “Homofobia e processos de subjetivação na comunidade homossexual do Recife”, do qual participamos como voluntários, consistiu em analisar 25 entrevistas com enfoque biográfico com HSH de idade variando entre 18 e 38 anos, com foco nas questões de gênero (cf. Rios et al 2016a). Em virtude da riqueza dos dados sobre HIV e modos de prevenção, a equipe avaliou que seria importante realizar uma segunda análise com foco nas questões do atual projeto, de modo a subsidiar a adequação dos seus instrumentos de pesquisa, tornando-os mais sensíveis para aprofundar a investigação sobre a conduta sexual dos HSH e vulnerabilidade ao HIV.

Mesmo que não tenha sido prevista no plano de trabalho, a análise foi realizada nos quatro primeiros meses da bolsa de IC. Com base nela a equipe produziu um artigo: “Da agonia do tesão e ao alívio do teste: práticas soroadaptativas na prevenção do HIV entre homens com práticas homossexuais do Recife”. Ele será publicado na coletânea “HIV e AIDS: desafios rumo a 2030”, organizada por Luís Felipe Rios, Luciana Leila Fontes Vieira e Tacinara Nogueira de Queiroz, com previsão de publicação em março de 2016, pela EdUFPE.

A análise abordou cenas sexuais narradas pelos participantes da comunidade homossexual do Recife na perspectiva de compreender as práticas de redução de risco, também denominadas práticas soroadaptativas, dando relevo para a interferência de emoções e sentimentos no uso ou não da camisinha. Os resultados mostram que os homens são sabedores da presença do HIV circulando na comunidade, mas, ainda assim, realizam práticas sexuais de risco. Para se permitirem ou não a práticas sexuais sem o uso da camisinha, alguns estilos corporais regulam a lógica preventiva. Personagens como o aidético (homem magro de aparência enferma) e o homem belo/saudável, o estranho, o conhecido e o namorado, estão marcados por emoções, como medo, tesão e apaixonamento e produzem sentimentos, como evitação, amizade, confiança, e amor que mediam a presença/ausência da camisinha nas interações. Os homens são sabedores das incertezas de suas tentativas de reduzir o risco, há o uso recorrente do teste, mas apenas após a exposição ao risco. O teste aparece como um ritual reparador, que produz alívio quando o resultado é negativo, raramente é utilizado antes da retirada da camisinha. Também não encontramos relatos sobre o uso da profilaxia pós exposição, PEP, que poderia de fato impedir a infecção.

Essa analise permitiu reajustar os instrumentos tornando-o mais sensível para os objetivos da pesquisa. Esse trabalho foi realizado de forma conjunta pela equipe e teve o intuído de melhorar diversas questões do questionário. Após o ajuste, o instrumento precisou passar por um novo teste para apreciar a pertinência da formulação das questões. Nos meses de dezembro de 2015 e janeiro de 2016 foi realizado o piloto do questionário, com aplicação de dez questionários e os dez questionários foram incorporados na amostra.

É importante ressaltar que a análise dos dados sobre HIV/AIDS originou o capítulo de livro “Da agonia do tesão e ao alívio do teste: práticas soroadaptativas na prevenção do HIV entre homens com práticas homossexuais do Recife”, produzido por Luís Felipe Rios, Amanda Pereira de Albuquerque, Amanda França Pereira, Cristiano José de Oliveira Júnior, Warlley Joaquim de Santana, Clóvis Cabral de Lira Filho e que será publicado na coletânea “HIV e AIDS: desafios rumo a 2030”, organizada por Luís Felipe Rios, Luciana Leila Fontes Vieira e Tacinara Nogueira de Queiroz, com publicação em 2016 na EdUFPE. O capítulo pode ser considerado um primeiro produto deste plano de trabalho.

Foram entrevistados um total de 61 homens com práticas homossexuais residentes dos seis municípios da Região Metropolitana do Recife pesquisados, que não se identifiquem como travestis ou transexuais, sendo destes, 33 residentes do município de Olinda, 15 do Recife, 8 do Cabo de Santo Agostinho, 4 de Ipojuca e 1 de Jaboatão.

Os dados sociodemográficos da nossa amostra foi composto por homens com idade e renda média de 23 anos e R$820,00 respectivamente. E sua maioria (38, dos 61) prefere ser identificado como Gay, sendo o restante 11 como homossexual, 6 como Bicha, 2 como Bissexual e os demais com termos

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