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Fazendo Minha História

Por:   •  10/3/2018  •  1.864 Palavras (8 Páginas)  •  224 Visualizações

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É importante encontrar dentro da casa de acolhimento um espaço reservado onde os grupos acontecerão. O importante é que o acesso a ele seja restrito aos integrantes do grupo, de modo que fique protegido de interrupções externas. Apesar de ser difícil garantir que nenhuma interrupção aconteça, é importante saber que isso causa um efeito no grupo: quebra a atividade, causa incômodo nos participantes, traz o sentimento de invasão e pode interromper uma história que estava difícil para contar, por tanto, enquanto um grupo do FMH está acontecendo, um educador fica com todas as outras crianças e adolescentes da casa – esse educador faz o papel de apoio.

O tempo de duração do grupo varia de acordo com a organização da rotina do abrigo, disponibilidade do facilitador, idade e quantidade de integrantes, proposta de atividade, entre outros fatores. O fato de as crianças e adolescentes estarem nas casas de acolhimento em caráter provisório torna a rotatividade dos integrantes algo comum dentro dos grupos do FMH. Isso quer dizer que os grupos estão em constante transformação e é importante que a cada encontro, as atividades tenham começo, meio e fim. Apesar disso, um grupo não se encerra com a saída de um de seus integrantes.

O facilitador do grupo é o colaborador, educador ou técnico do programa que assume responsabilidade com as crianças e adolescentes e a tarefa de “fazer história”. É uma autoridade, uma figura de referência que garante os combinados coletivos e o clima de confiança e segurança necessário para a expressão e compartilhamento das histórias. O facilitador do grupo do FMH é modelo e referência para as crianças e adolescentes. Por isso, é necessário que ele adote sempre uma postura ética e cuidadosa no trato com os participantes e suas histórias. Por tanto, algumas características essenciais ao facilitador de grupo do FMH: flexibilidade, sensibilidade, afetividade, criatividade, paciência, responsabilidade, pontualidade, postura ética, capacidade reflexiva, gosto pela leitura, gosto pelo registro das histórias.

Os grupos do FMH são caracterizados pela liberdade de expressão. Isso não quer dizer que pode tudo! É necessário que se faça logo no início do trabalho, após a apresentação dos objetivos e da adesão espontânea de um determinado grupo, um contrato de respeito para com as histórias dos colegas. No entanto, é importante que o facilitador esteja atento ao número de regras, estabelecendo junto ao grupo apenas as essenciais. Um encontro cheio de “não pode” dificulta a possibilidade de expressão dos participantes e impede que o grupo proposto pelo FMH atinja seus objetivos.

Para se tornar facilitador de um grupo do FMH é necessário que a pessoa se identifique com os objetivos do programa e que acredite que o trabalho é importante para a construção da identidade de crianças e adolescentes em situação de acolhimento.

A formação inicial do candidato a facilitador de grupo se dá através encontros de sensibilização para o trabalho com as histórias de vida, oferecidos pela equipe do Fazendo Minha História. Ao longo do trabalho são oferecidos suportes, supervisões e orientações pela equipe do Fazendo Minha História, bem como sistemáticos encontros de capacitação para o trabalho.

Quando os integrantes já foram escolhidos e o facilitador está apto para iniciar seu trabalho, é hora de pensar sobre a condução dos grupos. Os encontros são marcados por momentos distintos: os rituais do início, a mediação de leitura, a atividade e o ritual de encerramento.

Para iniciar o encontro, é interessante escolher junto ao grupo um ritual que defina este começo. A partir deste momento, preferencialmente os participantes deverão permanecer até o fim, os combinados grupais passam a valer e a ética por parte do facilitador é essencial para garantir um ambiente seguro e confiável para o encontro acontecer. Da mesma forma, vale criar um ritual de encerramento do encontro, no qual seja possível compartilhar as sensações e percepções de cada um em relação à atividade proposta e aos outros participantes. Isso pode ser feito através de uma rápida dinâmica, como dizer uma palavra que defina a vivência no grupo naquele dia. É importante também que, antes de finalizar o encontro, o facilitador apresente suas percepções em relação ao envolvimento, comportamento e relacionamento dos participantes. Se houver algo mais delicado e íntimo a ser dito para a criança/adolescente, vale fazer essa conversa individualmente.

As atividades grupais do FMH têm como objetivo principal potencializar a reflexão e discussão de temas relativos à história de vida das crianças e adolescentes, lembranças de seu cotidiano e período de abrigamento. Assim, são muitos os recursos que podem ser utilizados para disparar esta reflexão, que posteriormente poderá ser registrada no álbum e compartilhada com o grupo.

Ao planejar uma atividade para o grupo, deve-se levar em conta a faixa etária dos participantes, seus interesses e habilidades. Além disso, é essencial estar atento ao movimento grupal, ou seja, pode-se planejar uma atividade para aquele dia e adiá-la devido a um tema que surja espontaneamente.

Após refletir sobre o tema do encontro, ocorre o momento de registro no álbum. Registrar é importante para que as histórias não se percam, para que possam ser compartilhadas, seja no presente ou no futuro, e para que haja apropriação e reflexão sobre o vivido.

É fundamental deixar que cada um, escolha aquilo que quer escrever, mesmo que precise de ajuda para organizar seu relato ou para produzi-lo.

À medida que se fortalecem os vínculos no grupo, o facilitador vai desenvolvendo aos poucos uma habilidade para captar suas necessidades e interesses, tendo maior facilidade para pensar nos próximos temas a serem desenvolvidos. Para desenvolver uma atividade é necessário ter em mente o seu objetivo para que, em seguida, possa se pensar nos meios para alcançá-lo. Quando se conhece bons tipos de atividade, pode-se adaptá-las para outros temas.

Ao fazer uma adaptação de atividades, é necessário considerar que não é possível dar auxílio exclusivo para cada um dos participantes. Uma atividade individual levada para o grupo abre espaço para identificações entre as histórias de cada integrante, propicia o aprendizado através da experiência

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