Dibs a Procura de Si Mesmo
Por: SonSolimar • 15/1/2018 • 9.659 Palavras (39 Páginas) • 457 Visualizações
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Ao retirar as paredes, Dibs começou a experimentar o alívio de se libertar de condições que o asfixiavam e que construiam barreira psicológicas que o afastava do mundo e das pessoas a sua volta.
No término da sessão de ludoterapia, a psicóloga perguntou para ele se poderia ir sozinho até a sala de aula e ele não se opôs, passando a fazer algo sozinho e de forma segura pela primeira vez.
Percebeu nele uma reação diferente e um certo ar de surpresa e satisfação, passando a edificar uma autonomia emocional para decidir algo e poder agir por si mesmo.
Capítulo III
A Psicóloga Clínica entra em contato com a mãe de Dibs e combina de reunir-se com ela para falar sobre o garoto recebendo o convite para encontrá-la em sua residência.
Ao chegar, percebeu que a casa era uma Mansão Antiga, meticulosamente conservada numa bairro e rua nobre e tradicional da cidade. Pode ouvir ao chegar a voz de Dibs protestando: portas fechadas não.
A casa tinha uma decoração impecável com tudo em seu devido lugar, não parecia um ambiente adequado para que uma criança pudesse viver em liberdade pois a ordem parecia um imperativo geral.
Toda a liberdade e espontaneidade de alguém parecia encontrar uma tão forte disciplina e rigidez imposta que seria impossível alguém expressá-la.
A mãe de Dibs de forma cortês conquanto muito séria, cumprimentou a psicóloga. Serviu-se um chá de forma deslumbrante, um serviço impecável sendo a seguir exposta a situação.
Antecipando-se a qualquer consideração da psicóloga, a mãe de Dibs mostrou-se consciente da gravidade do estado do filho não esperando nenhum milagre ou reversão do seu estado. Contudo, se o filho pudesse de alguma forma ser útil ao desenvolvimento da ciência estaria disposta a colaborar para o avanço de qualquer linha de pesquisa na área do comportamento humano.
Ou seja, estava resignada a oferecer o seu próprio filho como uma cobaia. Em seguida relatou todo histórico de Dibs, suas dificuldades e limitações, evidenciando um retardo mental. Nervosa, não era capaz de fazer a si mesma uma autocrítica, vendo que o sufocava e controlava de todas as formas. Passava a morder seus lábios de forma desconcertada, mantendo a face pálida.
A mãe de Dibs embora sendo uma senhora bonita mostrava-se fria, distante e recatada, vestindo roupas cinzas e clássicas. Devido a sua postura e disposição aparentava ser mais velha do que realmente era.
De expressão elegante e inteligente, altiva e corajosa como um guerreiro, esta aparência poderia na verdade revestir como uma armadura, um ser tragicamente frágil e infeliz no seu interior, como o próprio filho.
Perguntou então à psicóloga se gostaria de observar Dibs em sua própria casa e ambiente, colocando-se a disposição para aceitar qualquer recomendação na aquisição de brinquedos e objetos de interesse útil para o seu tratamento, conveniência e bem estar.
A Psicóloga agradecendo, disse que seria melhor que as sessões ocorressem na sala de ludoterapia do Centro de Orientação Infantil, havendo uma entrevista semanal com 1 hora de duração. Surpresa com a postura firme e objetiva da psicóloga, a mãe de Dibs procurou reforçar seus argumentos inclusive aumentando seus honorários para que o atendesse em casa.
A psicóloga agradeceu a atenção mas disse que a terapia não seria paga e que as condições para a realização eram estas, sendo necessário levá-lo pontualmente e evitando que faltasse a não ser por motivo grave, sendo necessário obter dela e do marido a autorização para a elaboração de relatórios completos das entrevistas para fins de estudo, embora garantindo o anonimato de Dibs e de sua família caso estes dados fossem utilizados para ensino ou publicação.
A mãe de Dibs pediu tempo pra estudar o documento e trocar idéias com o marido, avisando-a depois.
Ela mais uma vez demonstrou surpresa com a recusa da psicóloga em aceitar pagamento pela terapia uma vez que dispunha de recursos financeiros para tal, mas ela explicou-lhe que desenvolvia um trabalho na área de pesquisa para o desenvolvimento infantil já recebendo remuneração para esta atividade, não podendo receber honorários de ninguém mais.
Estaria contudo, fadado a família de Dibs oferecer ou não uma contribuição diretamente ao Centro, pois é desta forma que ele procura prestar o auxílio a toda a comunidade de forma indiscriminada a quem precisa dos serviços nele oferecidos, mas esta contribuição de forma alguma estaria circunscrita a este atendimento em particular.
Diante destas condições a mãe de Dibs mostrou-se insegura, adentrando um território de relações onde ela não podia prever os resultados, ficando constrangida diante dos cenários possíveis a que estaria exposta.
A mãe de Dibs procurou também indicar a psicóloga o nome da escola na qual poderia obter maiores dados sobre o histórico do garoto já de antemão relatando que não poderia comparecer a entrevistas.
Disse também que se o desenvolvimento do trabalho dependesse da participação dela que desconsiderasse o compromisso assumido, pois seu filho era uma tragédia, um retardado mental.
Isentou-se de qualquer condição de responder a questionários e a de participar de discussões sobre o caso, mostrando-se aterrorizado ante a perspectiva de ser entrevistada.
A psicóloga procurou tranquilizá-la dizendo que não a sujeitaria a nenhuma condição específica e de que ela estaria livre para em alguma ocasião falar sobre o filho se fosse do seu interesse.
A mãe de Dibs disse que o marido da mesma forma não gostaria de passar por este mesmo constrangimento e a psicóloga disse que aceitaria as condições de ambos.
Recordando o seu primeiro contato com Dibs e o convite desafiador que propôs a ele para irem juntos a sala de ludoterapia, a psicóloga percebeu que a mãe de Dibs estava muito mais medo, ansiedade e pânico do que o seu filho, diante da nova proposição que lhe foi apresentada, percebendo a psicóloga que ela não teria as condições necessárias para ser persuadida a fazer uma terapia pessoal, podendo sentir-se ameaçada.
Terminada a reunião, a mãe de Dibs passou então a falar sobre Dorothy sua filha, e dos seus indicativos de uma criança perfeita e novamente insistiu na despedida que ela aceitasse atender Dibs em seu quarto de brinquedos, mas ela disse que fora do Centro não poderia prestar o atendimento.
Ao voltar para seu carro,
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