Cenas e trabalhos
Por: kamys17 • 22/3/2018 • 1.663 Palavras (7 Páginas) • 288 Visualizações
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Sua esposa fazia o papel de uma senhora submissa, tímida, recatada, do lar, onde se desdobrava nos afazeres do lar, sua maior missão era satisfazer este marido para o mesmo não se enfurecer e agredi-la, pois a violência doméstica era uma rotina constante no cotidiano deste personagem, uma mãe exemplar, cuidadosa, amorosa, onde aceita o filho com sua opção sexual, amando este menino em toda a sua plenitude.
Já o filho do casal, não era aceito pelo pai, por causa da sua escolha sexual, era homossexual, com conflitos de geração, porém este filho amava a mãe, cuidava dela, protegia deste pai, acolhendo-a toda a vez que era agredida por este companheiro, sua característica principal era sua alegria de viver, sobrevivendo aos conflitos familiares com simpatia.
O grande momento deste conflito era o pai “Carlos Alberto”, que mantinha uma relação homossexual com uma namorado a 10 anos, embora sendo casado, e não aceitando o próprio filho Gay, o rapaz já apresentava cansaço em promessas não cumpridas com este relacionamento, e resolve da um basta nesta situação, colocando o ator “Carlos Alberto” na berlinda, ameaçando contar para toda a sua família este relacionamento, e com isto as angústias e incertezas pairavam sobre a cabeça deste individuo.
A plateia tinha por finalidade trocar de lugar com os protagonistas, toda a vez que a diretora de palco falava, “Congela”, foram várias vezes que a palavra congela foi utilizada, sendo trocado de lugares com os atores mais de oito pessoas no teatro, por fim o final surpreendeu a todos, pois quem decidiu foi à plateia presente.
- OBSERVAÇÕES DOS ALUNOS
Observou-se também nesta dinâmica de grupo uma vasta extensão de possiblidades criativas e reais que continham ideias estereotipadas e presentes na civilização até os dias atuais, mostrando de maneira bem humorada e criativa que as pessoas nem sempre podem ser o que elas querem ser, comportar-se de maneiras que satisfaçam sua condição humana sem ser julgada ou discriminada por ideais “superiores”. Más, o que acaba acontecendo é que toda essa explicação acaba ficando na teoria, e por tanto houvesse uma necessidade de se criar um ambiente e cenas (teatro) em que os atores originais pudessem trocar de papel com a plateia, colocando-se no lugar do outro (empatia e compreensão) na medida em que as cenas foram ficando mais dramáticas, e quando ouvia-se aquela voz dizendo: congela... aí quando o suspense surgia... o fenômeno social emergia (K. Lewin chamou de aceitação em dinâmicas de grupo) e todos ali alegremente participaram e interpretaram de maneira magnífica os papéis sociais.
A plateia, de início estava silenciosa, procurando entender o contexto através da performance dos atores que iniciariam a cena com o tema específico, sendo essa uma trama que abordava a orientação sexual de um homem casado com uma mulher, mas que mantinha um caso extraconjugal com outro homem, sendo ainda autoritário e machista em relação a esposa e filho, no qual este último também possuía orientação sexual por pessoa do mesmo sexo, e era vítima da violência do pai assim como a mãe, que era submissa e prestava-se as humilhações do marido. O homem estava sendo pressionado pelo amante para que expusessem seu relacionamento abertamente, pois se sentia exausto daquela situação vivida por anos. E essa tensão recaía sobre a família.
A partir desta primeira cena, foi iniciado o teatro espontâneo. A plateia foi informada de que seriam convidados a participar de algumas cenas, sendo entregue um objeto relacionado ao personagem que teriam que interpretar. Foi acordado com a plateia que eles teriam participação ativa na construção das cenas subsequentes e estariam livres para se expressarem da maneira que desejassem para dar continuidade à cena, a única coisa pedida era que mantivessem o tema inicial que os atores estabeleceram como base para que todos pudessem compreender o que se passava.
A atuação descontraída dos atores possibilitou uma abertura para que os participantes, sem nenhum constrangimento, até aqueles mais tímidos, conseguissem expressar-se.
Houve pessoas que se apropriaram da cena com agressividade, outras não, dependendo dos papéis a qual estavam integrados, como o do pai e a da mãe em certos ganchos, o participante se apropriava da cena de acordo com suas vivências e seu modo de compreender as atitudes iniciais dispostas nas primeiras interações.
A interpretação inicial havia sido uma contribuição para posterior construção do público, a orientação sexual dos homens de diversas maneiras, um mais introspectivo, outros mais estereotipados e como os participantes se aperceberam da temática original não fugiu muito no decorrer das cenas interpretadas por eles.
A mãe houvera sido interpretada tanto por pessoas mais intensas quanto por mais passivas, mas o que se via era a busca por defender o filho. Todas as mulheres que interpretaram a mãe, ganhavam ares de proteção e imposição diante do marido, uma coisa era serem exploradas por estes, outra era permitir que o filho também sofresse tais abusos.
O intento final construído pelo grupo que iniciou a cena tornou-se outro através das multifacetadas interposições e trocas dos elementos da plateia, levando para um final totalmente oposto ao que era imaginado, e isto apenas serviu para enriquecer mais ainda a atividade, que de certo foi apreciada por todos. Tendo ainda a surpresa de não ter sido preciso pedir ou trazer de volta a cena os interpretes originais para encerramento, pois aqueles mesmos que participavam lhe deram um final surpreendente, a gosto de todos, com o marido e o amante assumindo o relacionamento e saindo de casa juntos.
Após a dinâmica, foi aberto um debate, onde a plateia pôde falar quais eram suas impressões acerca de toda a apresentação. Todos gostaram da dinâmica, por terem a oportunidade de conduzir as cenas. Todos os alunos acreditaram que alguns personagens foram interpretados de acordo com o senso comum, com padrões estereotipados, e isso se deve ao fato de uma tentativa de aceitação do grupo. Durante todas as dinâmicas apresentadas em sala de aula, percebemos comportamentos parecidos dos nossos colegas de classe, penso que foi um grande crescimento mental e profissional diante de tantas dinâmicas, e pude ver a importancia dos teóricos com seus fundamentos teóricos em Dinâmica de Grupo: Kurt Lewin, Moreno, Piaget e Pichón-Revière, Schutz, que estudaram comportamento humano e deixaram para nós um grande legado, e uma vasta infinidade de possibilidades.
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