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Casais Empreendedores

Por:   •  16/2/2018  •  2.762 Palavras (12 Páginas)  •  401 Visualizações

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a transmissão da cultura e a continuidade da espécie. Algumas mudanças, especialmente na economia, contribuíram para o declínio desse modelo familiar no final do século XIX e inicio do século XX (SIMÕES, 2012).

O final da década de 1960 e início da década de 1970 houveram marcos fundamentais nas transformações dos papéis femininos e masculinos na sociedade brasileira. Como lembram Albertina Costa e Cristina Bruschini (1992 Apud GOLDENBERG, 2001) na década de 1970 e, principalmente, na seguinte, a produção acadêmica sobre a questão de gênero é “invejável”. Estes buscam desreificar a idéia de “natureza” feminina e masculina e reforçar a concepção de que as características peculiares à mulher e ao homem são, na verdade, socialmente construídas. Cada cultura apropria-se de uma distinção biológica (macho/fêmea), seleciona alguns fatos naturais como, por exemplo, a função reprodutiva da mulher e os exacerba, naturalizando funções que são produtos de uma determinada educação e socialização (GOLDENBERG, 2001).

No século XX, um conjunto de acontecimentos especialmente relacionados ao processo de urbanização e desenvolvimento das cidades e à entrada das mulheres no mercado de trabalho levou a mudanças econômicas da sociedade que contribuíram não só para o início do processo de autonomia e independência financeira da mulher diante do homem como também acenam para mudanças (SIMÕES, 2012).

O tom da mudança social foi dado pela reivindicação de igualdade na esfera pública e privada e pela recusa de morais sexuais diferentes para homens e mulheres. Neste período, as mulheres viveram com intensidade o dilema de “mudar” ou “permanecer”, coexistindo um padrão tradicional de ser mulher (a “virgem” e “esposa-mãe”), voltado para o mundo doméstico, e um novo modelo de mulher que trabalha, que atua politicamente. Estavam em disputa diferentes modelos de “ser mulher”: o religioso, que exige da mulher a negação de sua sexualidade (virgindade) ou a contenção de seu exercício nos limites do casamento (tendo como fim a procriação); e outro, que pode ser pensado como o mais próximo do difundido pela psicanálise e pelas lutas feministas, que busca a igualdade entre homens e mulheres, defendendo o controle sobre sua própria vida (GOLDENBERG, 2001).

Apesar de todas essas transformações, a nova família conjugal conserva traços típicos da família anterior: o de controlar a sexualidade feminina e preservar as relações de classe, porém aos poucos isso vai sendo mudado principalmente no âmbito de trabalho, onde a mulher passa a percepção de contribuir profissionalmente com mais flexibilidade, gerando mudanças na qualidade de vida, deixando o ambiente de trabalho mais agradável, contribuindo no clima organizacional e obtendo mais resultados. A atuação da mulher no mercado de trabalho trouxe mais confiabilidade dentre os cônjuges tornando uma relação de cumplicidade com o casal (OLIVEIRA, 2009).

Segundo Costa (2005), a conjugalidade é fundamental para o bem-estar psicológico e social dos indivíduos. Perlin (2005) acrescenta que casamento e satisfação ficaram, ao longo da história do Ocidente, estreitamente interdependentes. O casamento, dentro de nossa estrutura política e econômica, tem sido definido como uma resultante social que satisfaz necessidades básicas do indivíduo. Para Norgren, Souza, Kaslow, Hammerschmidt e Sharlin (2004), a satisfação conjugal é um fenômeno complexo, no qual interferem diversas variáveis. O casamento transforma-se ao longo do ciclo de vida familiar e, assim, o nível de satisfação também varia com o decorrer dos anos de convívio, sendo necessário que se discutam as contemporâneas formas com que vêm se desenhando os casamentos e as uniões estáveis.

Nessa mesma lógica, constituir um casal demanda a criação de uma zona comum de interação, de uma identidade conjugal. Assim, o casal contemporâneo é confrontado, o tempo todo, por duas forças paradoxais. Se por um lado, os ideais individualistas estimulam a autonomia dos cônjuges, enfatizando que o casal deve sustentar o crescimento e o desenvolvimento de cada um, por outro, surge a necessidade de vivenciar a conjugalidade, a realidade comum do casal, os desejos e projetos conjugais (FERES-CARNEIRO, 1998).

Essas famílias brasileiras, nos últimos anos, vêm se viabilizando no sentido de buscar novas maneiras de obtenção de renda, buscando aumentar seus recursos econômicos, uma vez que hoje se depara com uma grande crise econômica e social. A partir disto, têm surgido expressões como “estratégias de sobrevivência”, que se baseiam no aumento da renda com o objetivo de atender às necessidades da família como um todo. Tais estratégias de sobrevivência têm como peça fundamental a figura de um dos cônjuges e dos filhos para equilibrar os rendimentos do “chefe” da família, aumentando assim o número de pessoas economicamente ativas dentro da casa. (CARVALHO & ALMEIDA, 2003)

Diante disso, homens e mulheres possuem os mesmos motivos para iniciar seus próprios negócios, tais como: desejo de autonomia e realização, no caso das mulheres há evidências, apontadas em estudos anteriores, que existem motivos de outra natureza, tais como o desejo de conciliar trabalho e família e a insatisfação com a carreira anterior. Nesses casos, esses motivos podem ter maior impacto na decisão de abrir a empresa do que, por exemplo, o desejo de obter ganhos financeiros mais elevados, presente em homens que criam suas empresas. Desta forma, as estratégias de crescimento da empresa provavelmente serão diferenciadas e estarão ligadas aos motivos da sua criação (MACHADO, 2003).

Giacomel et al. (2003) discorrem sobre o trabalho tornado vida e afirmam que na sociedade atual o tempo do indivíduo passou a ser tempo de trabalho em troca de um salário. O corpo do trabalhador foi transformado em força útil, tornando-se dócil, produtivo e submisso, sendo qualificado apenas enquanto um corpo capaz de trabalhar. O tempo de trabalho e a força de trabalho são características dessa sociedade e, além disso, a questão não é mais o corpo que é posto a trabalhar, mas sim, a alma. De acordo com estes argumentos, pode-se perceber que a vida está à disposição da produção, não há mais necessidade de estar em uma empresa, pois esse processo produtivo passou dos limites físicos da fábrica e invadiu as casas, o lazer e as relações familiares. “O trabalhador contemporâneo encontra-se em situação de tal dedicação às atividades profissionais que sua vida tornou-se seu trabalho” (GIACOMEL et al., 2003, p.141).

Na economia, a globalização trouxe consigo a batalha pela conquista dos mercados. Conseguem vencer

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