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Caracterização do Sujeito e seu Âmbito Escolar e Familiar

Por:   •  30/3/2018  •  2.088 Palavras (9 Páginas)  •  314 Visualizações

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Freud (1996) explica a dinâmica da transferência em que a transferência não se dirige à pessoa, mas ao “lugar” que ela ocupa ou ao que ela representa no discurso. Freud também coloca como campo primordial da psicanalise sendo algo que irá perdurar durante todo o trajeto clínico. “Quando algo no material complexivo (no tema geral do complexo) serve para ser transferido para a figura do médico, essa transferência é realizada”. Colocando a teoria analítica que fora primeiramente criada em uma perspectiva clínica para o âmbito da escola, observa-se a transferência do aluno com o professor (ou o estagiário) para a fomentação do desejo de aprender.

Melmam (1985), coloca uma perspectiva interessante da psicanálise, ele coloca a perspectiva da transferência como querer um deciframento, pois é constituído de linguagem. “é deixando de vê-lo para começar a ouvi-lo”. Assim devemos trabalhar na escola, observar o desejo do outro, para assim trabalhar em cima desses desejos.

Era trabalhado com Charles uma perspectiva de sujeito desejante. Não adiantava forçar o ensino se ele não o desejava. Freud (1996) coloca o aprender como vindo de algo externo do sujeito, experiências enriquecedoras ao ego do sujeito. Assim ele cria projeções em relação a imagens paternas e maternas.

Freud (1996) colocava a família como ponto importante para a constituição da subjetivação. O autor afirma que as experiências de identificação vividas pela criança com os pais no contexto familiar podem desencadear efeitos marcantes e primordiais no desenvolvimento e que estão anexados durante toda a vida do sujeito.

Charles vem de uma família onde a imagem paterna sempre foi ausente, pois este trabalha fora do estado, indo visitar a família esporadicamente. Sendo cuidado somente pela mãe e pela avó, até que recentemente sua mãe fica grávida novamente e uma gravidez complicada, sendo o bebe, ao nascer, recebendo mais cuidados e Charles deixado um pouco de lado.

Quando entrou para o Ensino Fundamental II, Charles foi para a extensão da escola que era direcionada para os alunos de 6º a 9º ano, mostrando, desde o início do período letivo, muita dificuldade na adaptação com a mudança de ambiente, na sociabilização, na verbalização de seus interesses e no acompanhamento do conteúdo programático, que já tem nele modificação pedagógica.

Além da mudança de ambiente, Charles se deparou com uma mudança na dinâmica do acompanhamento pedagógico feito pelos alunos de Psicologia, onde a divisão passou a acontecer por áreas e disciplinas (o que faria com que os alunos com necessidades de acompanhamento tivessem vários estagiários e não apenas só um).

Após algum tempo acompanhando o desenvolvimento de Charles, os estagiários começaram a perceber algumas características nas atitudes e na absorção de conteúdo do aluno. Dentre essas características estão:

- Falta de habilidade social;

- Fala e ações repetidas (Incluindo sons e movimentos com os pés, mãos ou com a camisa);

- Pouco contato visual;

- Dificuldade de entendimento ao conteúdo dado em sala de aula;

- Grafia e numeral que segue padrão linear e geométrico[1]*

- Dentre outros.

Dessa forma, alguns estudos foram feitos com esse caso para que fosse sugerido uma hipótese diagnóstica, para o que norteia as questões biopsicosociais de Charles.

Hipótese diagnóstica

De acordo com as características apresentadas pelo sujeito dentro do âmbito escolar, nota-se que há grande aproximação do que se pode caracterizar como Autismo, que segundo Bosa (2002), são chamadas as crianças que tem inadaptação para estabelecer relações ditas normais com o outro, apresentando um atraso na aquisição da linguagem e, quando ela se desenvolve, uma incapacitação de lhe dar um valor de comunicação. Essas crianças podem apresentar estereótipos gestuais e sonoros, uma necessidade de manter imutável e inatingível seu ambiente material. Contrastando com este quadro, elas têm, a julgar por seu aspecto exterior, um rosto inteligente e uma aparência física normal.

Segundo o DSM-IV-TR (2002), existem alguns fatores que dizem respeito à obtenção de alguns sintomas para que se analise a existência de características reacionadas ao Autismo. Entre elas estão:

1) Comprometimento da interação social tendo em vista:

- O desuso quase total de meios não verbais para fins de comunicação;

- O não relacionamento com as pessoas da própria idade;

- Falta de interesse em compartilhar prazer ou mesmo realizações com outras pessoas;

- Falta de reciprocidade emocional ou social.

2) Comprometimento da comunicação, que se manifesta por meio de:

- Retardo ou ausência de linguagem falada;

- Dificuldade de iniciar ou manter uma conversação;

- Do uso idiossincrático da linguagem;

- Da ausência de jogos de imitação típicos da própria idade.

3) Comportamentos estereotipados e repetitivos que podem se manifestar por meio:

- De interesses não usuais em intensidade ou foco;

- De rotinas invariavelmente rígidas e não funcionais;

- De comportamentos motores estereotipados;

- Preocupação com partes de objetos.

Analisando os fatores que perpassam as características do Autismo e as demonstradas por Charles, pode-se dizer que ele possui mais de quatro itens (mínimo de itens para enquadrar um sujeito no Autismo de acordo com o DSM) que se encaixam nas características citadas acima. Dessa forma, seria necessário que a escola e a família desenvolvesse um outro plano de ação para, assim, extrair todas as potencialidades de Charles.

Intervenção

Inicialmente, a escola deveria dar importância à hipótese diagnóstica desenvolvida por quem trabalha diariamente com Charles e, se necessitar de algo mais complexo e abrangente, que procurasse buscar o entendimento de seu aluno, para que, assim,

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