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CONCEITOS RELACIONADOS A SELETIVIDADE PALATIVA

Por:   •  30/4/2018  •  2.419 Palavras (10 Páginas)  •  935 Visualizações

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É possível que experiências intra-uterinas contribuam para preferências de sabores. O líquido amniótico é aromático e o seu odor é influenciado pela dieta da mãe. A semelhança de aromas entre o líquido amniótico e o leite materno pode estar envolvida na preferência do recém-nascido pelo cheiro do leite materno (GIULIANI & VICTORA, 2000). A composição do fluido amniótico varia no decorrer da gestação, particularmente na medida em que o feto começa a urinar. Próximo ao parto o feto humano ingere quase um litro de fluido por dia e é exposto a uma variedade de substâncias, compreendendo a glicose, frutose, ácido láctico, ácido pirúvico, ácidos graxos, fosfolipídeos, creatina, uréia, ácido úrico, aminoácidos, proteínas e sais (BEAUCHAMP & MENELLA,1999 5 ).

A sensibilidade ao sabor doce já aparece na fase pré-natal, provavelmente estimulada pelas substâncias químicas do líquido amniótico (RAMOS & STEIN, 2000 29). Estudos com ratos demonstraram que os filhotes, cujas mães haviam sido submetidas a uma rigorosa privação do sal durante a fase precoce da gestação, apresentaram reduzida sensibilidade ao sal. (BEAUCHAMP & MENELLA, 1999 5 ).

A exposição do feto a algum tipo de odor “in útero” pode resultar em uma preferência pelo referido odor após o nascimento. Por exemplo, quando testado imediatamente após o nascimento, filhotes de ratos nascidos através de operações cesarianas preferiram o odor do fluido amniótico da própria mãe ao de outros ratos, indicando que esta preferência é adquirida antes do nascimento (BEAUCHAMP & MENELLA, 1999).

Um estudo revelou que, durante as primeiras horas de vida, os lactentes exibiram expressões faciais de relaxamento e movimentos de sucção em resposta ao sabor doce dos açúcares. Já o sabor azedo do ácido cítrico concentrado e o sabor amargo da quinina e uréia concentrados provocaram caretas faciais. Nenhuma resposta facial distinta foi relatada para a estimulação com sal (BEAUCHAMP & MENELLA, 1999 5 ). Em contraste com preferência pelo sabor doce, os recém nascidos rejeitaram o azedo do ácido cítrico. Quanto ao gosto amargo, os lactentes somente manifestaram rejeição às concentrações de uréia relativamente baixas depois que alcançaram mais de duas semanas de idade, sugerindo que exista o desenvolvimento pós-natal da sensibilidade do lactente ao gosto amargo.

Logo, a formação do hábito alimentar se dá desde o nascimento da criança e sua primeira amamentação. Pesquisas têm indicado que a alimentação das mães durante a lactação pode afetar o sabor do leite (BIRCH, 1999). Não é atoa que é recomendado a ingestão exclusiva de leite materno nos primeiros meses da criança, já que o leite materno tem um gosto muito variável de acordo com a dieta da mãe e a prole, ao se alimentar dele, não só experimenta uma série de variações de sabores que aguçam seu paladar o que o faz entrar em contato com os hábitos alimentares da família e o faz experimentar diferentes sabores o que o torna já um “provador” desde o começo de sua vida, ao contrário de leites industrializados.

O leite industrializado não tem variação de sabor, pois o animal que o produz é alimentado sempre com a mesma receita gerando o mesmo sabor e portanto, não aguça ou instiga as papilas gustativas dos pequenos e tampouco desenvolve a prática de provar diferentes sabores desde cedo. Sendo assim seguro dizer que o leite materno é decisivo nos primeiros meses e anos da vida da criança em relação a formação do paladar.

2) Consequência pós-ingesta dos alimentos

Imagem 3 - criança superou sua neofobia alimentar

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A conseqüência pós-ingesta dos alimentos é um preditor da aceitação quando esta conseqüência é positiva, ou de aversão aos alimentos quando esta conseqüência é negativa (RAMOS, MAUREM; STEIN, LILIAN; 2000) ou seja, a consequência pós-ingesta dos alimentos seria a resposta após o consumo de determinado alimento e que definiria a aversão ou satisfação da criança em relação ao mesmo e que está associado ao condicionamento alimentar pelo qual a criança passa desde a amamentação até sua infância e que é de responsabilidade do contexto familiar.

Entretanto, a consequência pós-ingesta dos alimentos é afetada pela densidade energética dos mesmos no organismo das crianças.

2.1) Densidade energética

A capacidade de ajustar a ingestão de alimentos em resposta à densidade energética, ou seja, à quantidade de energia fornecida por grama de peso do alimento, influencia os padrões de aceitação do alimento pelas crianças, delineando tanto suas preferências quanto as quantidades de alimento consumido (BIRCH, 1999 & ANDRADE, PEREIRA & SICHIERI, 2003).

No decorrer dos primeiros anos de vida, o controle da ingestão alimentar passa a ser mais complexo, as crianças aprendem a se alimentar em resposta à presença de comidas palatáveis, contexto social, estado emocional e conhecimentos e crenças sobre nutrição e alimentação. Esses fatores interferem na capacidade das crianças maiores e adultos de regularem sua ingestão com base na sua necessidade energética (BIRCH, 1998 8 ).

Um estudo foi realizado com crianças entre 3 a 5 anos de idade, a fim de se determinar se elas têm capacidade de ajustar a ingestão de alimentos em resposta à densidade energética dos alimentos que lhes são oferecidos. Foram oferecidos 2 pratos de comida para as crianças, sendo que o primeiro era fixo e o segundo elas escolhiam. Os resultados mostraram que quando o primeiro prato fixo oferecido era altamente energético, as crianças selecionaram menores quantidades de alimentos no segundo prato, escolhidos por elas, determinando que as crianças podem ajustar a ingestão com base na densidade energética dos alimentos (BIRCH, 1999b 7 ).

3) Contexto social

Contexto social familiar é importante no condicionamento e no desenvolvimento do paladar da criança pois muito ela absorve dos próprios pais e até mesmo de outras crianças e assim, reproduzem o que vêem. Logo “ a alimentação dos pais costuma exercer influência decisiva na alimentação infantil, afetando a preferência alimentar da criança e sua regulação... “ (BIRCH, 1998 14)

Imagem 4 - família como um contexto social e alimentar

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Os cuidadores detém o principal papel na estimulação do

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