Resenha estamira - como a sociedade vê portadores de disturbios mentais
Por: Ednelso245 • 17/8/2018 • 1.092 Palavras (5 Páginas) • 403 Visualizações
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Em uma cena que mostra os trabalhadores do lixão catando lixo à noite ela diz que eles são “escravos disfarçados de libertos” e diz que a Isabel (a princesa Isabel) aboliu a escravidão, mas não deu emprego, educação, deixando eles “passando fome, comendo qualquer coisa, igual aos animais”. Essa parte mostra, além de um conhecimento histórico, a consciência da miséria e penúria na qual alguns segmentos da sociedade estão sujeitos e um profundo teor crítico em relação a realidade que a cerca. Também demonstra seu desejo pela igualdade social entre os homens e assume uma posição política (o comunismo).
Por outro lado, o filme também aborda sua sensibilidade, como por exemplo quando ela se emociona com as lembranças do seu pai e recorda os “nomezinhos” que carinhosamente o pai lhe chamava. Essa parte me tocou muito porque fala das memórias com o pai, do carinho com ele e a falta que sente dele. Em outro momento, a protagonista revela uma visão sensível e até mesmo poética da vida, dizendo que “tudo que nasce é natal”. Em outros momentos, porém, mostra até certa agressividade, como por exemplo quando o seu neto pequeno lhe questiona a respeito de sua raiva com Deus e ela surta, falando bastante palavrão, deixando o menino assustado.
O documentário ainda mostra a tentativa dela de “manter controle” durante um surto psicótico, mostrando que ela tem consciência do que está ocorrendo e da perda de controle durante os surtos.
Estamira coloca para si a missão de ser a responsável por revelar a verdade aos demais, sempre falando que é especial, diferente dos outros, que ninguém pode viver sem ela, que está em tudo em todos os momentos, como se fosse onipresente. Esse comportamento é provavelmente sintoma de sua esquizofrenia.
- Conclusão
O filme me deixou muito reflexiva e triste porque a vida ainda é injusta e muito dura com algumas pessoas, e o quadro se agrava quando a pessoa não tem recursos financeiros, porque os serviços públicos são muito precários ou incapazes de atender as demandas da população. A consequência é que o indivíduo fica debilitado, à espera de uma ajuda que nunca vêm. Quando se fala de distúrbios mentais o quadro ainda piora, porque é discriminado e desprezado pela sociedade e, muitas vezes, a sua própria família abandona o doente. O filme me ajudou a descontruir o estigma que eu carregava em relação aos portadores de doenças mentais, e no lugar do preconceito ficou a compreensão que muitas vezes o trauma e o sofrimento desencadeiam o transtorno e o respeito às suas histórias de vida.
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