A Patologia Oncológica
Por: Kleber.Oliveira • 20/12/2018 • 1.660 Palavras (7 Páginas) • 448 Visualizações
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Dessa forma, aqui no evolucionismo, encontramos ainda, fortemente entrincheirada, a visão etnocêntrica. Mas, paradoxalmente, neste mesmo evolucionismo se armam as bases que virão, pouco a pouco, minando o etnocentrismo dentro da Antropologia. Como pode ser isto? Como um dos movimentos teóricos mais marcados pela ideologia da superioridade pode trazer dentro de si mesmo os germes da superação desta ideologia?
Acredito que a resposta é simples. Ou, pelo menos, a hipótese que coloco aqui é simples. A ausência de um pensamento sistemático sobre o “outro”, a visão caótica do “outro”; o medo oculto, o espanto, a falta ou excesso de significações do “outro”, podem ser mais etnocêntricos do que a reflexão sobre o “outro”. Se o “eu” negava, num primeiro momento, participar da mesma “natureza” humana do “outro”, vê-lo como atrasado e primitivo, mas dotado de uma “natureza” humana da qual também participo, já apresenta alguma diferença. Menos evoluído mas, nem “deus” nem “diabo”, um “outro” tão humano quanto o “eu”.
(Esse trecho é confuso, mas, enfim, ele só diz que a “melhora” se deu porque é bem melhor eu pensar algo a respeito do outro, do que não pensar.)
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Preocupado com o estudo da história concreta, particular de cada cultura ao invés de, como o evolucionismo, ter uma história única, geral, onde teriam de caber todas as culturas, voltou-se, definitivamente, para o mundo do “outro”. A categoria de história perdia, com ele, o seu “H” maiúsculo tão fundamental aos evolucionistas. O “h”, agora, era minúsculo. Não havia uma única história que se acumulava, inapelavelmente, em direção à sociedade do “eu”. O “outro” também passa a poder contar sua história que não iria desembocar, necessariamente, na “avançada” sociedade do “eu”.
Apesar de todo essa falação acima, o Boas não deixou uma teoria bem concreta acerca daquilo que ele pensava. Seu trabalho é parecido com o de alguém que estilhaça um bolo de idéias superorganizadas como o evolucionismo e, no seu lugar, deixa os estilhaços como possibilidades a serem exploradas, mas não um novo bolo de idéias superorganizadas. Em outras palavras, Boas não organizou e apresentou para a posteridade uma teoria da cultura que permitisse, a alguém que fizesse uma “história das idéias” antropológicas, torná-la como um conteúdo evidente do seu trabalho.
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Como já foi citado acima, essa análise das culturas por Boas envolvia a análise de sua história, ou seja, uma análise diacrônica das coisas, história com “h” minúsculo. Surgiu então um outro rapazinho chamado Radcliffe-Brown com uma outra forma de pensar. Ele dizia que não deveria haver essa vinculação entre a análise atual de uma determinada coisa e o seu passado. Ele achava que deveria haver uma análise sincrônica (análise de um tempo atual) e não diacrônica das coisas.
Estes dois termos exigem uma melhor explicação. Se estivermos jogando uma partida de xadrez e pararmos no vigésimo movimento para analisá-la, duas seriam as visões possíveis desta partida. Se analisarmos os movimentos e sua sequência, desde o primeiro até o vigésimo, faríamos uma análise diacrônica. Explicaríamos o estado atual da partida através dos seus movimentos pregressos. Se, diferentemente, efetivássemos uma análise das forças dentro do tabuleiro, das posições das peças no vigésimo movimento, dos valores atuais dos peões, bispos, torres, etc., estaríamos analisando sincronicamente.
A diferença é que a diacronia analisa o vigésimo movimento partindo da história dos dezenove movimentos anteriores e, por eles, estabelece seu conhecimento do vigésimo. A sincronia, por seu turno, centra sua análise no momento determinado pelo vigésimo movimento e, aí, se interessa pelas posições, forças e significados internos a este movimento.
Assim, Radcliffe-Brown, com seu corte teórico, dá outras dimensões à Antropologia. O jogo entre o “eu” e o “outro” deixa, agora, de ter na hierarquia sua regra número um. É na trilha aberta por ele que a comparação dos diferentes se faz menos etnocêntrica. E, como já disse, mais relativa, mais complexa. Nesta linha, vamos ver que a busca de rigor teórico e precisão conceitual têm um papel importante a desempenhar no conjunto de sua obra. /Esse trecho parece ser importante mas não entendi porra nenhuma.
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Um outro nó, um outro lado do laço, e não menos importante para a autonomia antropológica, vai ser desatado por Émile Durkheim. Qualquer estudante da vasta, bela e complexa obra deste grande mestre francês pode perceber que, em diferentes momentos e de várias formas, um tema aparece e se repete. Durkheim afirma categoricamente uma ruptura: o social não se explica pelo individual(COMASSIM, MAS OK). Assim como os fenômenos psíquicos não se explicam pelos biológicos(COMASSIM, MAS OK), o complexo pelo simples, o superior pelo inferior, também o todo – a sociedade – não se explica pela parte – o indivíduo.
Os fatos sociais são externos, autônomos, são fenômenos de natureza tal que recusam explicações outras que não a própria sociedade. E, assim, nesta afirmação Durkheim investe contra o reducionismo. Contra a tentação de explicar o fato social pela consciência individual. Investe contra a possibilidade de se diluir o objeto específico da Sociologia e da Antropologia a simples conseqüências de outros tipos de fenômenos.[pic 14]
Acompanhando esta definição vemos que o fato social é (1) coercitivo, (2) extenso e (3) externo. Com isto ele queria, em primeiro lugar, demonstrar que o fato social coage, pressiona os indivíduos com uma autonomia que os submete à sua lógica.
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