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Dor muscular no ombro

Por:   •  30/10/2018  •  3.288 Palavras (14 Páginas)  •  354 Visualizações

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Associados a dor podemos citar alguns fatores como condição socioeconômica, deficiências no cuidado a saúde, baixo nível de escolaridade, dificuldade de inserção no mercado de trabalho, falha na qualidade de vida, péssimas condições habitacionais entre outros, que potencializará as necessidades em saúde. Sendo a dor musculoesquelética um problema de saúde freqüente, que ocasiona prejuízos em geral a população. (ALMEIDA, 2007).

A dor musculoesquelética, que incide esta investigação, acomete não só os ciganos, mas a população em geral, e pode ser “de origem traumática, inflamatória, isquêmica ou tumoral, além da sobrecarga funcional” (Issy e Sakata, 2005), e de acordo com informações emanada pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) esta dor sobrevém da seqüência de esforço repetitivo, uso excessivo e distúrbios relacionados com o trabalho, que levam a dor em ossos, articulações, músculos ou estruturas adjacentes, podendo ser focal ou difusa, aguda ou crônica. (CORDEIRO, 2008).

Ao tratar sobre o processo de saúde da comunidade cigana é necessário observá-los numa dimensão sociocultural, para referir os fatores culturais, os seus hábitos, as suas tradições e os seus costumes como possíveis intervenientes neste processo. Para os ciganos, a cultura relaciona-se, com a saúde, pois estipula uma representação própria do corpo, do organismo, da saúde e da doença efetivando uma percepção característica considerando-se, então, o processo de doença como biológico e cultural. (LESSALL, 2009).

Embora haja poucos registros sobre a procedência dos ciganos no Brasil, sabe-se que este grupo étnico é originário da Índia, migrando para a Europa Ocidental no início do Século XV. De acordo com (Frans Moonen 2012), os primeiros ciganos que desembarcaram no Brasil foram oriundos de Portugal, não vieram voluntariamente, mas deportados daquele país.

Apesar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não apontar a população ou a localização exata de acampamentos ciganos no Brasil, visto que a informação foi dada pelos próprios gestores municipais e a eles foi perguntado apenas se no município havia a presença de grupos de ciganos, o órgão de pesquisa mapeou, pela primeira vez em 2011, os acampamentos ciganos existentes no Brasil. Eles estão em 290 cidades e se concentram, principalmente, no litoral dos Estados do Sul, Sudeste e Nordeste.

Em grupos minoritários, como a etnia cigana, que possui características culturais próprias, permitindo-lhes construir uma identidade peculiar, a vulnerabilidade costuma acentuar-se, em especial ao acesso aos serviços de saúde, deixando-os mais expostos à contração de doenças (Ayres, 2006). São escassos os estudos sobre dor musculoesquelética em grupos minoritários, entretanto a desigualdade cultural pode alterar a expressão das queixas álgicas em relação a povo cigano.

A saúde é concepcionada pelos ciganos de uma forma divergente da concepção da sociedade em geral, baseada na adoção de um paradigma de práticas auto-impostas. No que refere à prevenção da doença, para a comunidade cigana, não passa pela adoção de estilo de vida saudável, resume-se a uma crença místico-religiosa (Correia, 2011, p. 43).

Assim, além desta percepção dos ciganos a respeito da saúde que é tão influenciada pela cultura do misticismo e religiosidade, há certa preocupação pela saúde, por parte deles, somente quando aparecem sintomas e conseqüências muito limitativas e de incapacidade devido algumas doenças. Neste contexto na tentativa de uma melhor conscientização sobre a necessidade de acompanhamento de saúde, visou-se o estudo desse grupo específico com o objetivo de descrever a dor musculoesquelética na população cigana do Sudoeste da Bahia.

MATERIAIS E METODOS

Trata-se de uma pesquisa de campo, delineada através de estudo epidemiológico, de abordagem descritiva exploratório, de corte transversal. Recorte do estudo multicêntrico, “Condições de saúde da população cigana na Bahia, Brasil”, conduzido em dois municípios no Estado da Bahia, no período de Fevereiro a Dezembro de 2013. .

A partir da População-base 1285 indivíduos. Foi necessária uma amostra de 384 indivíduos, com acréscimo de 20%, para possíveis recusas e perdas, totalizando 461 indivíduos, todos pertencentes a População. Extraída amostra estratificada e proporcional de 17 indivíduos da Região Sudoeste da Bahia, de ambos os sexos. Foram incluídos indivíduos com idade ≥ 12 anos, considerando-se o início da idade fértil, tradição e cultura cigana, onde as mulheres iniciam o matrimônio com idade inferior à maioria do contingente populacional. Foram excluídos os indivíduos que não responderam ao questionário após três tentativas de contato, realizadas em dias alternados.

O tamanho amostral foi definido a partir dos seguintes parâmetros (amostra aleatória simples): População-base 1285 indivíduo. Prevalência Estimada dos eventos estudados (50%), Erro Amostral aceitável 5%, com 95% de Intervalo de Confiança - IC, Nível de Significância (valor de p ≤ 0,05).

Foram utilizados como instrumento da coleta de dados

o questionário auto-referido e o questionário Nórdico.

O questionário auto-referido de coleta de dados é composto por dois blocos de questões, onde o primeiro refere-se às características sociodemográficas, cujas variáveis de interesse são: sexo, idade, situação conjugal, raça/cor, filhos, nível de escolaridade, renda mensal bruta, trabalho atual, atividades domésticas, e situação de saúde. O segundo bloco, por sua vez, refere-se ao Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares, traduzido e adaptado para uso brasileiro (Barros & Alexandre 2003), e tem como características ser um instrumento de autopreenchimento, onde o respondente deve relatar a ocorrência de sintomas como dor, desconforto ou dormência nas dez regiões anatômicas citadas. (PINHEIRO; TRÓCOI; CARVALHO, 2002). Todas as escolhas são binárias para a ocorrência desses sintomas, onde o respondente também relata episódios dos sintomas considerando os sete dias precedentes à entrevista, bem como a ocorrência de afastamento das atividades rotineiras devido às dores, e a procura profissional para dor nas diversas regiões anatômicas.

Na análise dos dados foram estimadas freqüências absolutas e relativas das variáveis categóricas. Sendo estimadas prevalências dos eventos estudados, representados por tabelas. A análise e processamento dos dados foram realizados

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