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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE DENGUE NO MUNICÍPIO DE ILHÉUS NO PERÍODO 2014

Por:   •  3/7/2018  •  2.906 Palavras (12 Páginas)  •  302 Visualizações

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- REFERENCIAL TEÓRICO

- DENGUE – CONCEITO E ETIOLOGIA

O termo "dengue" é de origem espanhola e que dizer "melindre", "manha", devido ao estado de moleza e cansaço em que fica a pessoa contaminada pelo mosquito. Essa doença caracteriza-se por ser infecciosa, febril aguda, de etiologia viral, transmitida pela picada de mosquitos fêmeas do gênero Aedes e subgênero Stegomyia.

O vírus da dengue é um RNA, arbovírus do gênero Flavivírus e família Flaviviridae, representados por quatro sorotipos de dengue: (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4). Os diferentes sorotipos apresentam expressividade sintomatológica e quadro epidemiológico diferenciado (HALSTED, 2006).

De acordo ao contexto, o vírus da dengue pode ser encontrado em grande quantidade nas glândulas salivares do mosquito, devido à replicação dentro do intestino do inseto, podendo infectar os seres humanos que são seus hospedeiros vertebrados. A dengue é transmitida de pessoa para pessoa, pois o mosquito Aedes é apenas um mediador que precisa adquiri-la de alguém já infectado, portanto, os locais de maiores incidência são áreas urbanas onde o vetor encontra condições propicias para o seu desenvolvimento.

O vetor da dengue está adaptado a se reproduzir em ambientes doméstico e peridoméstico, em que utiliza para sua reprodução, os recipientes que armazenam água potável, e recipientes descartáveis que acumulam água de chuvas, comumente encontrado nos lixos domésticos da cidade. Os pacientes são infetantes para o mosquito desde o dia anterior até o quinto dia de doença. O mosquito torna-se infectante 8-12 dias depois de alimentar-se com sangue contaminado, e continua assim pelo resto da vida (6 a 8 semanas). Podendo, inclusive, transmitir a infecção, por via transovariana a seus ovos (GUIA de VE, 2007).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) mais de dois terços da população mundial vive em áreas infectadas pelo Aedes aegypti. A crescente incidência da dengue no Brasil nos últimos dez anos, tornou-se um elemento de extrema preocupação na saúde pública, face às dificuldades encontradas para o controle das epidemias e pela necessidade de melhoras da capacidade de atendimento aos indivíduos acometidos pelas diversas formas da doença.

- BREVE HISTÓRICO DA DENGUE NO BRASIL E NO MUNICÍPIO DE ILHÉUS - BA

Entre o século XIX e início do século XX foi registrado o surto de uma doença semelhante à dengue no Brasil. Com as campanhas de combate à febre amarela a dengue desapareceu do país. Porém, a redução do trabalho de erradicação do vetor fez a doença ressurgir em 1981, quando foram isolados os sorotipos 1 e 2.

Em 1986 houve uma grande epidemia pelo sorotipo 1 no Rio de Janeiro, que disseminou para os estados do Nordeste. Em 1990 o sorotipo 2 foi isolado em alguns estados do Brasil. Segundo Rouquayrol (apud MARTINS, 1987), quatro anos após, o sorotipo 2 causou grande epidemia no Ceará inclusive com casos de dengue hemorrágica. De acordo com informes do Ministério da Saúde, em 1998 foi isolado o sorotipo 3 em São Paulo, de um paciente procedente da Nicarágua.

No município de Ilhéus os primeiros casos de dengue foram notificados em 1994, e registrados pela 6ª Diretoria Regional de Saúde que apresenta em seus arquivos 1248 casos, dos quais 104 foram positivos por laboratório, 826 considerados como dengue pelo critério clínico e epidemiológico, e o restante descartado como dengue.

As condições climáticas da região têm contribuído para o desenvolvimento do vetor e consequentemente para os elevados índices de casos de dengue durante todo período do ano, apresentando maior relevância nos meses de janeiro a maio.

Segundo dados da vigilância epidemiológica, entre os períodos de 2010 a 2013 foram registrados 61 casos de dengue hemorrágica, 16 casos de dengue com complicações e 3 óbitos.

Quando comparado com os anos anteriores, o ano de 2013 apresentou uma redução nas notificações de casos da doença. Todavia, é importante salientar que alguns bairros da cidade como, por exemplo, o Malhado apresentou durante esse período, o maior índice de casos da dengue, seguido pelos bairros da Conquista, Teotônio Vilela, N.S. Vitória, Nelson Costa, Hernani Sá e Barra, devido a notória falta de infraestrutura e saneamento básico nesses bairros.

- FISIOPATOLOGIA

A patogenia da dengue se inicia com a inoculação do vírus no humano através da picada do vetor, ocorrendo então, a primeira replicação viral nos linfonodos locais. Após do período de incubação de 2 a 7 dias o vírus retorna a corrente sanguínea iniciando a fase febril aguda, esse período virêmico dura de 3 a cinco dias. A gênese dos sintomas da dengue ainda não é precisa porém, de acordo com Lopes N, et al.(2014) a leucopenia e a discreta e transitória depressão medular que se apresentam nesses casos, pode estar relacionam-se aos altos teores de citocinas macrofágicas.

O tropismo, (especial para monócitos, macrófagos e células musculares) explica a mialgia que pode ser observada, inclusive músculos oculomotores, sendo responsáveis pela cefaléia retroorbitária que muitos pacientes apresentam. Na primeira semana da doença, o sistema imune inicia uma reposta à infecção. Linfócitos citotóxicos CD 8+ podem destruir as células infectadas (citotoxicidade dependente de anticorpos). Os anticorpos IgM antidengue podem ser observados a partir do quarto dia da doença, com pico no final da primeira semana. Eles conseguem, no entanto, permanecer por meses. Os anticorpos IgG podem ser observados na primeira semana, com elevação no final da segunda. Permanecem no sangue por anos e são responsáveis pela imunidade contra o determinado sorotipo do vírus (VERONESI,2005).

Quando uma pessoa que já teve dengue é infectada por outro sorotipo, temos a chamada infecção secundária, o risco de FHD aumenta, pois, o indivíduo infectado com um dos quatro sorotipos da dengue produz anticorpos antivirais circulantes e não neutralizantes. O vírus é reconhecido no organismo pelos anticorpos não neutralizantes, mas a replicação não chega a ser inibida. O corpo forma um complexo antígeno-anticorpo, o qual é reconhecido pelos receptores em macrófagos e, então, neutralizado. Quando esse processo ocorre, o vírus fica livre para replicar-se, criando a amplificação imunológica. A penetração viral em um macrófago por opsonização seria facilitada. Desse modo, Veronesi (2005) escreve que um grande número de cópias do vírus pode

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