A ENFERMAGEM COMUNITÁRIA
Por: Evandro.2016 • 10/7/2018 • 1.311 Palavras (6 Páginas) • 313 Visualizações
...
Um historiador da medicina, Pericle Di Pietro, escreveu: “ o leproso era considerado como punido por Deus por suas graves culpas, e era por essa razão que devia ser isolado da convivência dos homens”. Assim era-lhe permitida a entrada na cidade em ocasiões particulares, como na Semana Santa, para não o privar da ajuda divina, da qual evidentemente tinha necessidade.
Entre os séculos XVIII e XIX, descobriu-se que os agentes responsáveis pelas doenças infecciosas eram os micróbios e não os homens, o conceito de “perigo social” foi usado, mas como pretexto para um controle sobre as pessoas e não somente sobre as doenças do que para medidas especificas de prevenção. O setor da polícia sanitária desenvolveu-se, como eixa da intervenção pública para a saúde, neste mesmo período. O conceito de “Polícia Sanitária” compreende as quarentenas e as vacinações. Hoje as causas das doenças são em grandes partes conhecidas e os perigos podem ser enfrentados sem atingir quem é inocente.
A “Polícia Sanitária” não foi somente uma perversidade política, mas também uma necessidade preventiva. Todavia, a repressão volta-se contra o doente, ao invés de combater a doença. Os hospícios passaram a existir a partir do século XVIII, quando o medo da lepra se atenua e quando os leprosários se esvaziam; tem-se agora uma nova doença para isolar, são os loucos, e os locais estão vazios e prontos para recebê-los. Nos casos em que a definição de doente é ditada por motivos claramente políticos, tem-se na realidade uma inversão do conceito clinico: não “perigoso porque doente”, mas “perigoso, portanto doente.
Os indivíduos a serem internados no hospital são aqueles que tem comportamentos perigosos por causa de estado psicótico agudo, síndrome do delírio sistêmico, delírio hipocondríaco que determina agressividade “em relação as certas pessoas, organizações ou instituições”. Qualquer crítica em relação ao poder pode ser definida como doença, e o presumido paciente internado e encarcerado. A medicina se torna punitiva ao invés de curativa, e o diagnóstico transforma-se em julgamento político.
Tratamentos e Infecções
De um lado os hospitais funcionam como antecâmara da morte, de outro, como prisão. Com o advento da medicina moderna, que faz seus primeiros testes em hospitais, esta instituição considerada providencial e benéfica (foi, com certa frequência, eficiente) absorve também outra atribuição: os doentes, quase sempre escolhidos fora da classe dominante. É interessante notar que “Não são tratados somente da sua doença, mas são utilizados como objetos de experiencia pelos médicos, aos quais é consentido o exercício da sua profissão para experimentar, no corpo dos pobres, os tratamentos que são realizados no corpo dos ricos”. Os tratamentos errados ou inadequados tornaram-se, portanto, perigosos, não as doenças.
O que fazer em relação a doença como perigo?
Não ignorar os perigos que a doença comporta. Existiriam problemas se os doentes mentais fossem retirados do hospício e depois abandonado a própria sorte, sua condição se agravaria e seu incomodo seria transmitido à sua família e a comunidade, existiriam problemas se não avaliássemos o risco de contagio para as doenças infecciosas, ou se fossemos induzidos a não nos tratar e a tolerar doenças que ameaçam a convivência civil e a saúde das pessoas. O perigo se torna maior se pensarmos que a corrida armamentista nuclear, cujo uso foi confiado a computadores e a operadores que devem agir e reagir em tempos recordes, fez nascer dois terríveis riscos de guerra: por erro do computador, ou por uma loucura repentina dos técnicos. O perigo, também nesse caso, só num segundo momento são os doentes, Além de criar perigos, a doença pode perturbar o sistema social.
Constrói-se o “papel de doente” que, por coação externa e pela própria escolha, implica uma serie de consequências: Isenção do papel social normal, O reconhecimento de que é impossível curar-se somente pela própria vontade, A obrigação de querer estar bem e de procurar, com esse objetivo, uma ajuda tecnicamente competente. O perigo são as moléstias, quem as propaga, quem não as impede; e não os doentes. No caso das doenças infecciosas, o que conta é sobretudo a prevenção e o tratamento. A orientação atual é a de prevenir doenças, tratar os que estão realmente doentes e isolar os perigos reais somente pelo tempo estritamente necessário.
Referencia
http://cebes.org.br/site/wp-content/uploads/2013/10/A-doenca.pdf
http://historiacsd.blogspot.com.br/2013/01/algumas-reflexoes-sobre-os-doentes-na.html
...