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JOGOS COM INTERAÇÃO SOCIAL

Por:   •  4/4/2018  •  1.831 Palavras (8 Páginas)  •  356 Visualizações

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Para entender essa analogia em suas aberturas práticas, em seus significados, deve-se olhar e perguntar pelo seu uso social, pelos seus sentidos, por suas forças, suas agitações, suas ascendências. Deve-se perguntar pelos alvos, interesses e necessidades de quem pratica a cooperação, de quem está envolvido no processo da educação. Deve-se compreender o sentido pedagógico dessas práticas, isto é, a direção que se dá ao processo educativo.

Afirmando a importância da cooperação, diz Pierre Lévy (1999, p. 44) que a riqueza das nações depende hoje da capacidade de pesquisa, de inovação, de aprendizado rápido e de cooperação ética de suas populações. Esta afirmação pode ser trazida para o contexto da realidade regional na qual se quer atuar. Necessita a região, em função de seu desenvolvimento, de incentivo à pesquisa científica, de inovação tecnológica, de novas aprendizagens e de cooperação de todos os atores e sujeitos presentes nos seus diferentes espaços das atividades humanas. Porém, como algo que nasce de dentro da região, enraizado e participado, como expressão de sua afirmação no contexto maior.

Estes aspectos todos precisam conduzir a uma base de força política, de identidade e afirmação. A necessária politização desses aspectos do desenvolvimento regional coloca, quem sabe, um dos maiores desafios à educação na região. A cooperação como prática social, um lugar de discussão e de ações, de argumentação e realização, pode constituir-se em espaço de "educação política" das pessoas que o integram. Na prática da cooperação, certamente, os seus sujeitos cooperados tomam consciência das diferentes dimensões dos fatos da vida, dos seus significados, dos interesses e das relações sociais que constroem entre si.

JOGOS COM INTERAÇÃO SOCIAL

Os jogos cooperativos são dinâmicos de grupos, que visam despertar a consciência da cooperação como uma alternativa possível e saudável no campo das relações sociais. Estes jogos apresentam as seguintes características: os participantes jogam uns com os outros, em vez de uns contra os outros; joga-se para compartilhar, superar desafios e unir pessoas; reforça a confiança mútua, o aperfeiçoamento pessoal e coletivo; desenvolvem a intercomunicação e facilitam o despertar de potencialidades individuais em prol do grupo. (BROTTO, 2001; AMARAL, 2004; SOLER, 2005)

Para Brotto (2001), a convivência, a consciência e a transcendência são importantes numa relação cooperativa. A vivência compartilhada entre as pessoas, a reflexão sobre esta vivência e as ações baseadas no diálogo, no consenso e na integração visando transformações desejadas pelo grupo são os pilares de uma pedagogia cooperativa.

Amaral (2004) ressalta que os jogos cooperativos estão pautados em valores educativos, a saber: construção de uma relação social saudável, favorecendo um ambiente de apreço; empatia - colocar-se no lugar do outro, compreendendo-o; habilidade para resolver de forma compartilhada tarefas e problemas; relação dialógica; clima de confiança mútua e implicação comum; autoconceito e autoestima positivos; confiança e segurança em si mesmo e nos outros; alegria na realização das tarefas sem medo do fracasso e da exclusão.

Segundo Soler (2005) os jogos cooperativos apresentam características libertadoras num grupo. Libertam da competição, da eliminação, da agressão física e para a criação. Favorecem atitudes essenciais para o exercício da convivência, evitando situações de exclusão; diminuindo as chances de experiências negativas; favorecendo o desenvolvimento de habilidades e competências de forma prazerosa; promovendo o respeito e a valorização pelo diferente e ensinando para além das regras e estruturas do jogo.

Os jogos cooperativos, utilizados como estratégia de ação, podem contribuir para a inclusão e união dos alunos. O fortalecimento de valores pautados na solidariedade e na cooperação são importantes na formação dos jovens que, por vezes, deparam-se com atitudes individualistas, de discriminação e de segregação dentro da sociedade.

A introjeção de valores pautados na ética, moral e estética por parte do alunado é de fundamental importância para a formação da identidade, personalidade e cidadania. Dessa forma, a escola tem uma missão relevante de, por vezes, contrapor os valores oferecidos pela sociedade que contrastam com uma perspectiva inclusiva e plural.

EDUCAÇÃO FÍSICA E A PERSPECTIVA INCLUSIVA

Para Gaio e Porto (2006), refletir sobre a inclusão é valorizar o convívio entre corpos diferentes e acreditar no aprendizado de valores sociais e humanos, estimulando a criatividade, a resolução de problemas, a cooperação e a descoberta de movimentos na realização das tarefas.

Tolocka (2006) reforça que o movimento carrega significados atribuídos pela sociedade, porém pode também criar uma força disruptiva, desafiando a ordem vigente e proporcionando diversas formas de pensar os elementos da prática social.

Kunz (2001) destaca que a Educação Física, por vezes, tem servido para reproduzir as contradições e injustiças sociais ao invés de mudar esta situação vigente e, para isto, devemos encontrar "espaços vazios" que permitam deflagar algumas mudanças.

Uma Educação Física voltada para a aptidão física, rendimento, seleção de talentos e a competitividade exacerbada contribui para a exclusão e o movimento mecanizado, que estão de acordo com a reprodução do sistema. Sendo assim, a proposta dos jogos cooperativos pode vir de encontro à idéia de ocupação dos "espaços vazios", citada acima, numa perspectiva de mudança e de novas alternativas de trabalho.

Podemos observar em nossas aulas de Educação Física que alguns alunos apresentam dificuldades de executar determinadas tarefas não por falta de competência motora ou cognitiva, mas por falta de habilidades sociais para cooperar e tomar decisões conjuntas no sentido da resolução de problemas ou superação de desafios.

A Educação Física deve

"facilitar a conscientização dos elementos sócio-afetivos que possam frear tensões, conflitos, competições, agressividade, permitindo uma melhor auto-regulação individual e do grupo em relação às dificuldades e aos problemas de inter-relação". (FERREIRA, 2006, p. 69)

Quando pensamos numa proposta de inclusão e formação de princípios para a cidadania, devemos atentar para a construção de sujeitos que não percam suas individualidades,

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