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SOCIOLOGIA DA VENEZUELA

Por:   •  27/11/2017  •  2.520 Palavras (11 Páginas)  •  243 Visualizações

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da RCTV, alegando que a não renovação de sua concessão (que já durava 53 anos) violava o direito democrático da liberdade de expressão (MUCHINATO, 2011, pág. 07).

O sinal que era utilizado pela RCTV passou a um canal de domínio público, a TVes, evidenciando uma supressão de liberdades básicas (no caso, a de contestação) em prol da igualdade e da participação. A RCTV claramente se posicionava contra o governo Chávez, tendo recebido inúmeros processos ao longo dos anos pela divulgação de conteúdos que fizessem “apologia ao delito, incitação à rebelião e a subversão da ordem pública” (MUCHINATO, 2011, pág. 08).

3. Igualdade, educação e desigualdades sociais

A igualdade, condição primordial numa democracia, visa garantir que cada cidadão ou grupo tenha as mesmas proteções legais e direitos garantidos (MUCHINATO, 2011, pág. 13).

O relatório “The Chavez Administration at 10 years: The economy and social Indicators (2009) mostram o avanço do governo Chavez no quesito igualdade. O relatório aponta um grande declínio na porcentagem de pobres e extremamente pobres. Desde a eleição de Chavez o índice de desigualdade medido pelo índice Gini diminuiu em quase 6 pontos (MUCHINATO, 2011, pág. 13).

Em saúde, a mortalidade infantil caiu de 21.4 para 14.2 mortes a casa 1.000 crianças nascidas. Os índices de crianças que sobrevivem de 1 a 11 meses e o consumo de calorias tiveram uma melhora de mais de 50% de 1998 a 2006. Acompanhado de um aumento da parcela da população com acesso a tratamento médico (MUCHINATO, 2011, pág. 14).

Em educação o grau de escolarização básico aumentou de 85 para 93,6%. E o número de jovens no ensino secundário partiu de um quinto da população para mais de um terço (MUCHINATO, 2011, pág. 14).

Chavez chama estas políticas sociais de Misiones, que são mais de 30 e tratam das mais variadas dimensões sociais. Estes resultados evidenciam sua prioridade às questões de igualdade. Estas missiones são o grande carro chefe do governo e tem impacto direto nos setores menos privilegiados (MUCHINATO, 2011, pág. 15).

4. Características culturais: Ideologias, política, religião e manifestações

4.1. Ideologia: O culto a Bolívar

Inicialmente o culto à figura de Bolívar foi espontâneo, sua biografia, sua morte, o período na presidência antes de exilar-se, o fato de não ter deixado filhos, ajudaram a compor uma figura adorada pela população. Essa penetração popular foi rapidamente assimilada pelos líderes políticos venezuelanos (NEVES, 2010, pág.116).

A formação do mito Bolívar começa a partir dos relatos e de suas qualidades. Os testemunhos dão conta um personagem absolutamente infalível e insuperável. Esse traço da imagem de Bolívar, segundo Germán Carrera Damas (2003), complementa um traço geral da personalidade coletiva da Venezuela: a necessidade de uma identidade forte, para fazer voltar um tempo mítico em substituição ao período de baixa autoestima e crise após a depressão pós-conquista da independência (NEVES, 2010, pág.118).

O mito Bolívar conforma uma estrutura histórico-ideológica que permitiu projetar os valores derivados da figura do herói em todos e em cada um dos que dele partilham; todos os campos da vida cotidiana podem referir-se ao mito, especialmente a política (NEVES, 2010, pág.119).

4.2. Política: Minorias e discursos radicais

O adversário político é visto como um inimigo de vida ou morte, cujas crenças e valores não são compartilhados. Não há acordo sobre as regras do jogo, o que faz com que todas as partes fiquem receosas de cumprir a sua parte no pacto social, mantendo-se na defensiva, mesmo que muitas vezes a única tática defensiva disponível seja o ataque. Essa polarização ocorre por diversos motivos, mas o principal são as diferenças internas que se sobrepõem, polarizando o país (NEVES, 2010, pág.120).

O problema ocorre quando as diferenças sociais se sobrepõem de maneira linear, gerando poucas relações entre os diferentes grupos, o isolamento e a baixa integração de membros de um e de outro campo que compartilhem pelo menos alguns valores ou realidades comuns em outras áreas da vida. Tal situação acaba por polarizar a sociedade. Essa é a situação que foi gerada na Venezuela, principalmente a partir do advento da indústria do petróleo, que, aliado a um histórico de violência na luta pelo poder levado a cabo tanto por caudilhos, ou políticos militares, quanto por pretorianos, ou militares políticos. A divisão em classes sociais apartadas foi tão profunda, que essa diferenciação passou a determinar as outras diferenciações sociais possíveis e não a disputar com elas. A análise da divisão entre eleitores de esquerda e direita na Venezuela revela uma identidade com a condição socioeconômica muito maior do que em outros países, acontecendo a polarização extremada da sociedade (NEVES, 2010, pág.121).

Entre 1920 e 1939, a população de Caracas, por exemplo, dobrou, dobrando novamente no período que vai até 1950, e triplicando no período que vai de 1950 a 1971. A economia petroleira criou uma nova classe média dependente do Estado e das rendas da indústria petroleira, enquanto a periferia pobre passou a se estender, ainda na década de 1970, para a região oeste da cidade. O resultado é que quase 40% da população de Caracas vive no limiar da pobreza, e a economia informal é um fenômeno bastante comum na cidade, como em outras cidades da América Latina, e, apesar de as taxas de desemprego oficiais serem de apenas um dígito (8,3%). Entre 1940 e 2007, a população total do país passou de 4 milhões para 26 milhões (NEVES, 2010, pág.123).

Uma das fissuras que dão base a esse conflito social é, na verdade, mais uma percepção coletiva do que um componente marcante na sociedade venezuelana. Trata-se do discurso étnico. Apesar da ausência de diferenças étnicas muito acentuadas no seio da população venezuelana – 70% da população é composta de mestiços –, tal discurso acaba sendo utilizado como substitutivo funcional em vários conflitos. Na Venezuela não há uma maioria étnica que esteja sob jugo de uma elite minoritária claramente definida. Existem diferenças econômicas entre os diversos grupos étnicos, mas essas diferenças não chegam a ter peso político específico especialmente porque a miscigenação na Venezuela foi muito grande e não há guetos numerosos (NEVES, 2010, pág.120).

4.3. Religião

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