Peronismo/Populismo
Por: YdecRupolo • 27/3/2018 • 6.220 Palavras (25 Páginas) • 311 Visualizações
...
cultura e
política, explicado pela crise do racionalismo positivista e a difusão de novas “filosofias de
vida”, idealistas e irracionalistas. Política e cultura tornaram-se aspectos complementares
de uma nova cultura política necessária a nova constituição social de regime e reformismo,
que exaltava o valor criativo da ação social em beneficio do país e com o compromisso de
atendimento as superação das desigualdades sociais. Considerando a política uma via para
materializar a formação integral do homem, criando novas realidades históricas, formando
uma “nova sociedade para um novo mundo”.
Um dos objetivos principais do peronismo foi a diminuição das desigualdades e a busca de
uma conciliação de classes que evitasse os conflitos sociais. Até a década de 1950, o
governo justicialista de Perón desenvolveu sua política com sucesso, mas, a partir destas
datas, as dificuldades e a perda de apoios debilitaram ao movimento peronista, que exibiu
desde então uma tendência mais acentuada para o autoritarismo. Para 1952, duas más
colheitas consecutivas provocaram a diminuição da capacidade exportadora, que, junto ao
acréscimo da inflação e da especulação, determinaram uma crise econômica, agravada
pela falta de reservas do Banco Central e pelo endividamento exterior.
A Heterogeneidade de mobilização social na formação e consolidação de uma matriz
político-ideológico que implicasse um novo regime político, econômico e social na Argentina
surge a partir de um debate sobre condução política de transformação e consolidação
revolucionaria de mudança e alteração de condição estrutural de desigualdades
contrapondo em debate, figuração e cena política esquerda nacional (latina) versus a
esquerda europeia” na proposição de respostas ao desafio da integração interna e
superação na condição de desigualdade geográfica estrutural.
O triunfo eleitoral de Perón, candidato do partido Laborista que foi formado nas vésperas
das eleições com Cipriano Reyes (um sindicalista de orientação socialista), foi produto do
reagrupamento das forças sociais e setores importantes da sociedade argentina. Embora o
apoio fundamental fosse dado pelos setores operários organizados, que demonstraram ter
um poder de convocatória e mobilização até esse momento impensado, o mesmo
complementou-se com grupos de trabalhadores rurais do interior, setores de classe média
baixa, grupos da burocracia (incluindo certos setores do exército) e núcleos de pequenos e
médios industriais de ideologia nacionalista. Perón e os dirigentes mais ligados a seu
projeto haviam conseguido estruturar um amplo movimento poli classista pró-estatal (nele o
elemento nacional-popular se impunha sobre o classista), até então desconhecido na
Argentina: uma coalizão majoritária que, dadas as características da situação sócio política,
mostrava altas possibilidades de manter-se estável e dominante (AZNAR, 1982: 296).
A vitória do peronismo nas eleições de 26 de fevereiro de 1946 apoiou-se
fundamentalmente no voto dos pequenos e médios proprietários, no dos trabalhadores e no
da burguesia industrial. Esta coalizão política soube aproveitar os interesses dos novos
setores sociais que o processo de industrialização conformava. Apoiado institucionalmente
no Exército e nos sindicatos, o peronismo perseguiu a criação de um capitalismo nacional
independente. Deu um decidido impulso à indústria do país, se nacionalizaram importantes
setores da mesma, até então em mãos de capital estrangeiro, e investiram-se grandes
quantidades em obras públicas. A política social, dinamizada pela forte personalidade de
María Eva Duarte de Perón (Evita), reportou importantes avanços trabalhistas, que
culminaram com a proclamação dos Direitos do Trabalhador, e melhorias sociais como o
sufrágio feminino ou a construção de milhares de escolas e centros de saúde. Nutrindo-se
de quadros provenientes do movimento operário: ex-comunistas, ex-anarquistas e exsindicalistas.
Respaldou-se nos dirigentes socialistas, para neutralizar a influência dos
comunistas e posteriormente, também afastou os socialistas do governo, assim como todos
os dirigentes que mostraram certa independência. Deste modo, a dinâmica da política
argentina ficou instaurada: a classe operária, um fragmento das classes médias da cidade e
do campo e boa parte dos sem bandeira, se alinham por trás da figura de Perón, que conta
com o aparelho do Estado e o respaldo da Igreja Católica. De outro lado, o que resta: uma
pequena porção de trabalhadores, comprometidos politicamente com socialistas e
comunistas, um fragmento muito ativo das classes médias das grandes cidades e todos os
proprietários (HOROWICZ, 1986: 106).
Caracterizando-se por uma política de caráter popular e estatizada, onde Estado
encarregado
...