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Cadeias Globais de Valor no setor textil: o caso da H&M1

Por:   •  14/11/2018  •  5.041 Palavras (21 Páginas)  •  386 Visualizações

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Gereffi (2001) aponta a globalização como fator importante para o desenvolvimento econômico de países em ascenção. Muitos autores enxergam este fator como um empecilho, Gereffi vê neste como uma oportunidade para o avanço dos países em desenvolvimento. Diversos teóricos surgem para discutir a teoria de desenvolvimento, contudo este artigo se limitará em descrever as características das CGV apresentada por Porter (1985) e se sustentará nos argumentos dados por Gereffi (2001).

Segundo Porter (1998, p.84) “ O conceito identifica as várias atividades diferenciadas, do ponto de vista técnológico e econômico, que a empresa desempenha para executar seu negócio. São as chamadas atividades de valor.” As atividades de valor são dispostas em atividades primárias e de apoio, onde todas as atividades empregam insumos adquiridos, recursos humanos e uma combinação de tecnologias. A infra­estrutura da empresa, abrangendo funções como gerência geral, assuntos legais e contabilidade, sustentam toda a cadeia.” (PORTER, op. cit., p.85).

Desta maneira, o termo CGV é utilizado para designar uma forma de produção que está sendo utilizada por grandes empresas. A palavra “global” do termo se dá pois a produção não se encontra mais em um só páis, e ainda, não é feita verticalmente e sim horizontalmente. Isto quer dizer, em outras palavras, a produção está fracionada em mais de um local, entre diversas empresas de diversos paises que estão conectadas entre si e são responsáveis por partes diferentes da produção. Existe a empresa do centro[3] geralmente responsável pela etapa que agrega mais valor, como disse Gereffi (op. cit., p.13 apud REICH, 1991, tradução nossa) “ As empresas de centro atuam como agentes estratégicos no coração da rede, controlando a informação importante, as habilidades e os recursos necessários para que a rede funcione eficientemente.” As outras etapas do processo são feitas em outros países, semi­periféricos e periféricos, e as motivações para um bem ser produzido em tais locais, vão desde mão de obra barata à outras vantagens comparativas diversas.

Outra grande característica que deve­se mencionar é expressa pela palavra “valor” do termo, utilizado pelo fato de as empresas não mais se preocuparem em produzir quantidade demasiada, mas sim em demasia de valor. Uma vez que a produção horizontal em diversos locais altera o preço do produto, buscando diminuir os custos da produção e obtendo vantagens frente ao mercado, segundo Porter:

“A cadeia de valores de uma empresa é um sistema de atividades interdependentes conectadas por elos. Os elos surgem quando a maneira como uma atividade é desempenhada afeta o custo ou a eficácia de outras. Os elos geralmente criam opções excludentes no desempenho das diferentes atividades a serem otimizadas. A própria otimização às vezes impõe essas opções excludentes. A empresa deve exercer essa opção excludente de acordo com a estratégia, de modo a conquistar a vantagem competitiva.” (PORTER, 1998, p.85­86)

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Figura 1: Curva de criação de valor (Curva Sorridente)​

Cada uma dessas atividades tem uma parcela de agregação de valor ao produto final e essa “contribuição” é explicada através da curva sorridente de Stan Shih, visto que no ciclo produtivo, as atividades relacionadas à pesquisa e desenvolvimento (P&D) e serviços agregam mais valor ao produto, ao mesmo passo que a produção (montagem) do bem acrescenta um valor bem menor. Devido à dispersão do processo produtivo, as exportações de um país contêm cada vez mais valor estrangeiro adicionado, que ocorre por meio de importações de insumos ou produtos intermediários, como peças e componentes.

O setor textil é um dos atores principais utilizador da CGV, segundo dados de 2013 fornecidos pelo Instituto de Estudo em Marketing Industrial, a China, maior produtora no setor textil fo responsável por 41,4 milhões de toneladas, dessa forma, a seção seguinte tratará de aprofundar sobre tal segmento.

A cadeia de valor global têxtil e de confecções

Duart (2001, p.37 apud COSTA, 2011, p.38) por sua vez em sua obra define uma cadeia produtiva como um “conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vão sendo transformados e transferidos os diversos insumos”. Desse modo, a fim de que ocorra a transformação industrial da fibra têxtil (substrato primário) em um tecido ou peça confeccionada, por exemplo, seria necessária o que o Instituto de Estudos e Marketing Industrial – IEMI (2005) denomina de “Estrutura da Cadeia Têxtil”, como está evidenciado na figura 2.

Assim sendo, nota­se que esta estrutura é composta por indústrias dos setores de fibras e filamentos, têxtil (que compreende os processos de fiação, malharia, tecelagem e beneficiamento), de confecção (vestuário, linha lar e técnicos) e fornecedores auxiliares (insumos químicos, máquinas e demais equipamentos). Ademais, percebe­se também certa dependência de cada um desses segmentos industriais ao direcionar seu respectivo produto à próxima etapa do processo. No entanto, há também a possibilidade de uma empresa ser independente em relação à colocação de um produto final no mercado, ou seja, ela pode tanto representar apenas um segmento, como fiação ou malharia, por exemplo, quanto participar de dois ou mais segmentos, dada a integração das atividades.

Em 1994, ​na obra “​Commodity Chains and Global Capitalism”​, ​Gereffi e Korzeniewicz escrevem:

A commodity chain has been defined by Hopkins and Wallerstein (1986:159) as “a network of labor and production processes whose end result is a finished commodity”. A GCC consists of sets of interorganizational networks clustered around one commodity or product, linking households, enterprises, and states to one another within the world­economy. (GEREFFI; KORZENIEWICZ, 1994, p.2).

Desse modo, os autores, nessa obra considerada uma das mais importantes sobre o assunto aqui estudado, afirmam que as cadeias de produção globais têm três dimensões principais, são elas: a estrutura de insumo­produto (conjunto de produtos e serviços conectados em uma sequência de atividades econômicas que agregam valor); territorialidade, ou seja, dispersão ou concentração da produção; e estrutura de governança (relações de poder e autoridade que determinam como recursos financeiros, materiais e humanos são alocados dentro da cadeia.​

[pic 2]

Figura

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