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A Geografia Política no Período do Interguerras

Por:   •  22/3/2018  •  2.306 Palavras (10 Páginas)  •  394 Visualizações

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Em 1918 a Alemanha passa pela derrota militar externa e pressões políticas internas que, quando juntada com as dívidas do país aumentavam o ódio da população, afinal o dinheiro das dívidas estava ‘enriquecendo’ outras nações que não a sua, esses fatos foram dando forma para a campanha nacionalista, a partir desse momento figuras como Hitler passaram a desenhar a história.

No texto vemos Haushofer, um militar alemão e um forte acadêmico que gerou polêmicas quanto a sua posição referente ao nazismo. Haushofer em uma visita a prisão de Landberg onde estava Hitler, fala sobre a questão do “espaço vita”’ (de Ratzel), ou seja, o espaço para o povo, e este foi um dos argumentos usados por Hitler em sua ascensão. Porém ele era um geografo intelectual preocupado com a articulação da ciência política, ele leva em questão que independe se a política de Estado é de extrema direita ou de extrema esquerda, ela deve reconhecer a geopolítica. Haushofer defende a urgência de consciência geopolítica que o povo alemão deveria ter. Em um de seus trabalhos ele viajou até o Japão e ficou impressionado em ver que o povo entendia os problemas de fronteiras e as ameaças externas em que passam.

No caso da Alemanha, as “fronteiras móveis” não seriam capazes de captar o espírito do povo na visão de Haushofer, pois elas não faziam o mesmo modelo de raciocínio baseado nas árvores, que são enraizadas no seu território, por isso ele critica a posição das instituições públicas. A França já havia percebido essa necessidade de gerenciar seu território e buscava se instrumentalizar cientificamente para isso.

O envolvimento alemão com os japoneses se deu pois, ambos estavam sufocados em seus espaços e sobre uma tensão das potências marítimas, a Alemanha mutilada pela Paz de Versailles e o Japão no espaço marítimo e continental (Coreia do Sul, ilhas do Pacífico, entre outros). Essa movimentação dos dois países refletia na política mundial uma contraposição quanto às potências ocidentais (pangermanismo e o movimento pan-asiático).

Outra política externa de Haushofer envolvia território inimigo, em que a ideia era que a Alemanha não deixasse o “coração continental” (de Mackinder) cair nas mãos inimigas, por isso uma aliança com a Rússia seria de bom grado, envolvendo espaços de crescimento e massa terrestre. Haushofer desejava um bloco continental, forte o suficiente para fazer frente as ameaças das potências marítimas ocidentais.

As alianças da Alemanha com o Japão, URSS e até a Itália foram feitas, a vontade de Haushofer de um bloco continental euro-asiático foi executado, tinha-se a Europa norte e leste e a Ásia. Porém em 1941, predomina o “arbítrio dos homens de Estado” e Hitler rompe e ordena ataques à URSS. A história de Hitler na URSS teve o mesmo final que a história de Napoleão.

A I Guerra Mundial teve proporções inimagináveis, tanto pelos agentes envolvidos, quanto pelo tempo de duração e buscava estabelecer não somente as questões de cada nação envolvida, mas também as relações de poder mundiais. Os grandes impérios da época como Inglaterra, França, Alemanha, Áustria-Hungria, Otomano, Rússia, Estados Unidos e Japão aplicaram políticas de expansão territorialista e hegemonia.

As análises do pós-guerra tenderam a explicar o arranjo geopolítico das regiões envolvidas no cerne dos motivos para a guerra, com o aparecimento de novas nações e os efeitos não só na Europa.

3 - O debate teórico em geografia política no período das guerras mundiais.

Nesse momento, Wanderley da Costa trata de como o debate teórico em geografia política ganhou força durante o período de guerras, resultado dos estímulos causados por esses conflitos. Os objetos do debate teórico no período, foram os conceitos e as concepções de Estado, nação, território e fronteira.

Quem formulou uma teoria geográfica sobre o Estado foi Ratzel comparando-o como um organismo político territorial e o que determina os outros elementos que constituem o espaço político é a indissociabilidade entre o estado e o território, assim formando uma cultura espacial. A escola francesa de geografia humana entra nesse seguimento da geografia criticando a teoria ratzeliana, sendo seu pioneiro Vidal de Lablache, destacando que a geografia política está sujeita a influência do meio físico e ao ser humano, e aponta que, além do território de cada estado, a distribuição da humanidade na terra, em forma de comunidades políticas, deve interessar à geografia política. Contudo, esse autor concorda com a visão de Estado como organismo vivo de Ratzel. Alguns anos depois Camille Vallaux e Jean Brunhes publicaram seus estudos influenciados por Ratzel, seja para concordar com suas ideias ou refutá-las, como refutaram o “determinismo territorial” ratzeliano e a ideia geral de Estado, concebendo o Estado em sua diversidade intrínseca e afirmando que as sociedades que determinam o papel do Estado e não o contrário, e que a sua função primordial é de prover segurança. Dessa forma o Estado seria fruto de lutas e contradições internas e externas que determinariam sua posição territorial. Os autores valorizam o valor estratégico da organização dos territórios nacionais, não crendo em supressão das fronteiras ou relações harmônicas entre os Estados, visto o período de guerras em que estavam inseridos. O princípio da soberania seria fundamental para as relações externas e a coesão nacional para as internas, retomando o que foi proposto por Ratzel, porém, ao invés da visão de organismo estatal-territorial, pensando em termos de organização política ampla. A coesão, portanto, seria fruto de jogo de fluxos políticos e econômicos e da organização do poder político para a paz e a defesa da soberania de uma nação.

J. Ancel, a partir de uma geografia política humanista, distingue a “base territorial” dos Estados da “base geográfica”, sendo essa última um conceito de nação. Discordando dos outros autores, Ancel entende que mesmo o Estado enquanto um quadro fixo, falta a consideração da vida social que se desenvolve no seu interior, que formaria a Sociedade de Estados. Ancel acrescenta à noção territorial de Estados o conceito de conjuntos de fatores históricos e morais e de nação, que é também compartilhado por A. Demangeon que identifica no Estado uma consciência e vontade próprias, dando importância a ações humanas e suas relações internas e externas que determinam as leis da sua existência, o que será temática para a discussão de fronteiras.

Ancel rejeita a definição clássica de fronteiras,

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