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Um Resultado Doação

Por:   •  4/7/2018  •  2.408 Palavras (10 Páginas)  •  248 Visualizações

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O público é submetido a uma leva de produções similares, todas voltando seu gosto para a mesma coisa, todas padronizadas, agradando a maior quantidade possível de pessoas, que, em seguida, se tornariam consumidores destes produtos.

É aqui que Horkheimer e Adorno vêm problemas. A padronização de estilos, técnicas e estruturas cria uma repetição favorável à queda de qualidade. Como a teoria capitalista sobre a concorrência. Basicamente, aquela expressão nacional “não se mexe em time que está ganhando” descreve o que acontecia naquele período. Todos os músicos tentavam cantar o que agrava o público, ou seja, estilos musicais parecidos atraiam cada vez mais pessoas. Não havia espaço para o novo, uma vez que era muito arriscado investir em algo que não possuía retorno financeiro garantido.

O foco da produção industrializada da arte é vender a maior quantidade de ingressos possíveis, a maior quantidade de discos possíveis, a maior quantidade de cópias possíveis, sem se preocupar, de fato, com a qualidade do que está sendo vendido, uma vez que “todo mundo vai comprar”.

A arte dita comportamentos, tendências, desde sempre. Com este modelo analisado por Horkheimer e Adorno, a baixa qualidade das produções artísticas produzia um público com pensamento acrítico, já que as narrativas eram sempre próximas umas das outras, as músicas respeitavam os mesmos padrões e limites, assim, não se fazendo necessária a reflexão sobre o que foi assistido, sobre o que ouviu agora mesmo.

Reflexos disso ainda permeiam o modelo atual de sociedade à qual pertencemos. Filmes parecidos todos os anos, fenômenos musicais criam duplas e bandas que cantam as mesmas coisas. Além disso, o lucro é o que dita o mercado – para quem faz e para quem consome. Um exemplo: sequências só acontecem no cinema se o primeiro filme atinge a bilheteria esperada.

Raros são os casos de produções que fogem dos padrões atingirem um grande público. Filmes independentes, cantores novos, nos dois casos, todos acabam ficando limitados aos baixos orçamentos e circulação em festivais fechados, com público restrito. Não é por menos que festivais como esses são conhecidos por ter um “público intelectual”. Analisando todos os pontos da teoria da indústria cultural, é possível compreender tal fato. Poucas pessoas não gostam de habituar apenas ao que chega para a massa.

Resumindo, Horkheimer e Adorno acreditam que a arte passa a ser produzida como se estivesse num processo de industrialização, onde padrões se repetem e a produção se torna automática – tudo isso devido à busca pelo lucro de quem a produz. Estes dois principais fatores provocam uma queda na qualidade dos produtos vendidos, uma vez que importa apenas quantas pessoas assistiram ao filme, e não necessariamente o que elas acharam dele.

É claro, porém, que existe uma visão um pouco mais amena sobre a produção de arte em larga escala. Trata-se agora da “democratização da cultura”, como teorizado por Walter Benjamin (1892-1940). A tecnologia permitia que diversas salas de cinema, ao redor de todo um país, levassem filmes para todas essas pessoas. Não se questiona a falta de qualidade, mas, pelo menos, mais pessoas têm acesso à cultura.

É uma visão que levanta reflexões. Talvez, teoricamente seja linda. Hoje, mais de setenta anos de história à frente de Benjamin, podemos ter certeza de que democratização da cultura, nada mais é do que cultura de massa, que nada mais é do o consumo da arte produzida pela indústria cultural (novela atrás de novela, dupla sertaneja atrás de dupla sertaneja, [no cinema] comédia barata e fanfarrona atrás de comédia barata e fanfarrona).

Em tempos digitais, onde a tecnologia é absurdamente avançada e popular, tem-se um novo paradigma: quem consome arte agora pode produzir arte. Quais as consequências disso?

Mais do mesmo. Sempre. Fenômenos na internet, pessoas desconhecidas que, da noite para o dia, tornam-se famosas, produzem coisas que outros produziram para atingir o mesmo status. Outras pessoas também se espelham em seus modelos para tentar atingir o mesmo resultado. Esta (a internet) é a ferramenta mais acessível para produção artística por qualquer um. E mesmo nela, padrões citados por Horkheimer e Adorno se fazem presentes. O cinema, o rádio, a televisão, as revistas, estes continuam o mesmo. Ditam comportamentos sociais (desde vestimentas à ornamentos pessoais, até ditados e frases de efeito).

No entanto, mudanças ainda sutis podem ser percebidas atualmente nestes definidos padrões da indústria cultural. A mesma internet que espalha conteúdo fraco e repetitivo, é responsável por dar voz a quem quer falar. As pessoas que antes precisavam ir em festivais para encontrar filmes diferentes, ou ouvir um cantor em início de carreira, agora demandam através da internet, maior distribuição de estúdios e gravadoras. Os próprios produtores podem incentivar seu público através do relacionamento próximo permitido graças à internet e suas redes sociais.

Outro ponto é a resposta que o público pode dar sobre o produto consumido. O público começa a ganhar espaço na decisão do que quer ver e como quer ver. Filmes trocam de diretores, roteiristas, ou produtores, são engavetados ou têm sequências canceladas por conta da reação de seu público. Público este que hoje tem uma voz muito poderosa, que se faz ouvir até mesmo por quem sequer conhece o produto em questão. Um amigo espalha para o outro que nunca viu o filme e que afirma que não tem interesse de ver, se baseando no que lhe foi apresentado.

Passamos hoje por um momento de adaptações. Resta-nos aguardar para ver qual sistema se sobressai – o velho ou o novo.

A Aldeia Global

“Todo lugar é agora, nossa vizinhança”. Esta é uma das frases que o apresentador Alan Millar usou para abrir sua entrevista com Marshall McLuhan (1911-1980) ao canal CBC TV, em 1960.

McLuhan é o defensor e responsável pela propagação da ideologia de que o mundo passou a viver numa espécie de aldeia global. Com sua definição de que “o meio é a mensagem”, o autor define os meios de comunicação como extensões do ser-humano – o rádio é uma extensão da audição e a TV, dos olhos e ouvidos, por exemplo. Com o avanço da tecnologia, o mundo acaba ficando completamente conectado, interligado, permitindo a união de pessoas de todas as partes de dele.

A conexão primária entre pessoas – fator responsável pela formação dos primeiros grupos, das primeiras sociedades, e das primeiras cidades de que se

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