A HERANÇA MALDITA DE RIBEIRÃO PRETO

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“Lula declarou que Palocci é imprescindível. Por isso eu quero que ele caia. Palocci está salvando Lula. Quem salva Lula é ruim para o país”, escreveu Mainardi. Na definição do ex- ministro Delfim Netto, Palocci era o pau de circo; sem ele, a lona cairia.

Palocci tornou – se ainda mais frágil quando, além das denúncias envolvendo seus ex- assessores, passou a ser atacado pela ministra Dilma Roussef, da Casa Civil, que classificava sua política econômica como “rudimentar” e cada vez mais era prestigiada pelo presidente Lula. Quando José Dirceu perdeu o comando da Casa Civil em junho de 2005, o ministro de Palocci enxergou a possibilidade de passar a dominar completamente o governo Lula. Seu plano consistia em transferir o Ministério da fazenda para o economista Murilo Portugal, seu secretário- executivo, e assumir ele próprio a Casa Civil, no lugar de Dirceu. Os canais paralelos de obtenção de recursos, operados pela turma de Ribeirão Preto, continuaram ativados e, nas eleições de 2006, poderiam servir ao presidente ou ao próprio Palocci.

Se a reeleição de Lula se mostrasse inviável, ele apostava que seria o principal nome do PT numa disputa presencial. Essa ideia, porém, foi bombardeada de todos os lados. Tanto José Dirceu, que estava deixando seu cargo, quanto o ex- tesoureiro Delúbio Soares alertaram o presidente. E Lula, que tem um grande instinto de sobrevivência, ainda que subestimado por muitos, vislumbrou o risco. “Ele seria refém do Palocci”, diz Pierre La Gorge. O ministro da Fazenda acabou vítima da própria ambição.