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O conceito de bem em Sócrates e Platão e a concepção kantiana do bem.

Por:   •  16/11/2018  •  4.259 Palavras (18 Páginas)  •  331 Visualizações

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Esta é a equação Socrática, que quer dizer que o bem é igual ao útil. Ou seja, as pessoas fazem o bem por interesse próprio, porque é o que vai levá-las a felicidade.

Sócrates queria que as pessoas se desenvolvessem na virtude. A virtude é um agir ótimo, é procurar fazer o bem, que é o correto, o ideal. As coisas são virtuosas a medida que elas fazem bem as coisas para as quais elas foram feitas.

A virtude da alma é a sabedoria, que é o que a aproxima de Deus. A sabedoria tem haver com humildade intelectual e não com a quantidade de saber. Sócrates se achava mais sábio porque pelo menos sabia que nada sabia. O importante para a sabedoria é o que você faz, não é o que você sabe. A sabedoria modifica o ser e purifica a alma de forma que seus objetivos fiquem mais fácil de serem atingidos.

Ou seja, o que há de comum entre todas as virtudes é a sabedoria, que, segundo Sócrates, é o poder da alma sobre o corpo, a temperança ou o domínio de si mesmo. Permitindo o domínio do corpo, a temperança permite que a alma realize as atividades que lhe são próprias, chegando a ciência do bem. Para fazer o bem, basta, portando, conhecê-lo. Todos os homens procuram a felicidade, quer dizer, o bem, e o vício não passa de ignorância, pois ninguém pode fazer o mal voluntariamente.

Para Sócrates, a filosofia vem de dentro para fora e sua função é despertar o conhecimento, ou seja, o Auto-conhecimento, pois a verdade está dentro de cada um. Para conhecer a si mesmo é preciso conhecer o outro. A alma do outro é como se fosse o espelho da própria alma.

O conhecer-te a ti mesmo, que era, na inscrição de Delfos (onde Sócrates foi proclamado o mais sábio), uma advertência ao homem para que reconhecesse os limites da natureza humana, tem dois significados : Ter a consciência da condição humana, não tentar ser mais do que é para os homens serem, não tentar ser Deus, não ser arrogante, devendo os limites do homem serem respeitados para que se viva bem, ou seja, a consciência da seriedade e gravidade dos problemas, que impede toda presunção de fácil saber e se afirma como consciência inicial da própria ignorância; E, o conhecimento interior, para o grego, é conhecer o que permanece oculto, isto é, as coisas divinas eternas, o que as pessoas nem sabem que podem ser. Ou seja, é necessário conhecer o mundo para conhecer a si mesmo.

O conhecimento da própria ignorância não é a conclusão final do filosofar, mas o seu momento inicial e preparatório.

Platão:

Platão afirma que as ideias são vivas e não inertes, como a muitos poderia parecer. Para ele a ideia mais importante é a do Bem, porque constitui a natureza de Deus criador soberano do Cosmo. Não pode o Bem ser causa do Mal. Todavia, a existência do Mal não pode ser negada, é o inverso, que se opõe ao Bem. O que importa é que todas as ideias se inclinam para aquela ideia superior a todas elas, que é a ideia do Bem. Ele quer que o Estado se ajuste à ideia do Bem, dai por que coloca sua filosofia, sua metafísica e sua ontologia a serviço da teoria política do Estado. Crê que se a ideia do Bem é a suprem a ideia, aquela que rege e manda em todas as outras ideias, do mesmo modo, entre tudo o que existe no mundo sensível, o que deve e tem que coincidir com a ideia do Bem é o Estado. Por isso, ele escreve esses dois livros admiráveis, A República, e As Leis, onde mais profundamente estuda a formação do Estado ideal e chega à conclusão de que o Estado ideal seria aquele em que os mandantes fossem filósofos.

A problemática do Bem situada nos livros VI e VII da República relaciona-se com a educação platônica do rei-filósofo. Platão apresenta um plano educativo sobre a natureza do filósofo e a função que ele deve assumir dentro da cidade (Polis). Ele afirma que as qualidades naturais do philosophos

são: a boa memória, a facilidade para aprender, a afinidade com a justiça, a coragem e a temperança.

Ele deve voltar-se continuamente para o modelo luminoso do Bem, onde ele contempla “o verdadeiro absoluto e, depois de o contemplar com a maior atenção, reportar-se-lhe para instituir no mundo as leis

do belo, do justo, do bom.” Logo, somente o filósofo por ter uma índole boa e justa e, ao mesmo tempo o conhecimento dos valores universais da justiça e da bondade poderá ser o guardião da justa medida na Pólis e administrar com sabedoria os bens públicos.

A posse do conhecimento da verdade possibilita ao philosophos compreender que a organização da vida comunitária na Polis requer a instituição da Lei e da Ordem como condições para o bem-viver intersubjetivo. E, como bom administrador, ele procura imita-las na medida do possível, a fim de

tornar a sua práxis a ela semelhante. Percebe-se, portanto, que na visão platônica, a virtude filosófica tem seu fundamento na Ciência (Episthéme) e, só através do seu exercício o filósofo é capaz de organizar a cidade (Polis) a partir da luz oriunda do princípio último, que é a Idéia de Bem (tóAgathón).

A problemática do Bem situada neste contexto de educação filosófica e da sua práxis na Polis demonstra a intuição platônica em fundamentar a Política sob a Ética e ambas em um princípio metafísico. Ele afirma: “é a idéia do Bem o mais alto dos conhecimentos, aquele do qual a justiça e as

outras virtudes tiram a sua utilidade e as suas vantagens.”

Segundo Thomas Szlezák a Idéia do Bem é o arché da metafísica platônica. Como arché ela é no mundo inteligível a causa do ser das Ideias conferindo-lhes a sua essência; conseqüentemente é ela que fundamenta o “ser bom” e o “ser belo” de todas as coisas. Como princípio último, é evidente que

o seu status metafísico está acima das Ideias em dignidade e poder e, ao mesmo tempo ela confere o sentido à estrutura hierárquica platônica em seus níveis sensível e inteligível.

Se a Idéia do Bem (tó Agathón) é o primeiro princípio (arché) e está no topo da metafísica platônica, qual é a natureza do Bem? Quando se trata de explicitar a essência do Bem, Platão na República restringe-se a dizer que a conhece, mas que, por ora, não vai se ocupar em demonstrá-la. Ele afirma: ”Não nos ocupemos por ora do que pode ser o bem em si, pois chegar a ele neste momento, tal como ele se me afigura, excede, a meu ver, o alcance do nosso esforço presente.”

Este silêncio em torno da Essência do Bem na República, na interpretação de Giovanni Reale mostra claramente que Platão não quer

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