A VOZ DA IGUALDADE
Por: YdecRupolo • 28/9/2018 • 2.157 Palavras (9 Páginas) • 246 Visualizações
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2. DESENVOLVIMENTO
Já em seu início o filme é impactante ao apresentar Milk (Sean Penn) um homem de meia-idade, em seu gabinete e de viva voz gravar em fita a citação: “Eu entendo perfeitamente que uma pessoa que luta pelo que eu luto um militante, um militante gay, se torna o alvo ou o alvo em potencial de uma pessoa que é insegura, medrosa, assustada ou muito perturbada consigo mesma.”
Harvey Milk decidira registrar sua história, conquistas e ideais caso fosse assassinado; e ele estava certo. Em 27 de novembro de 1978, Harvey Milk morreu baleado com três tiros disparados pelo ex-colega supervisor Dan White, mas deixou um legado na luta pelos direitos LGBT nos Estados Unidos e pelo mundo até os dias de hoje.
Tal fato, sob a ótica da cientificidade da matéria relativa ao direito e os movimentos sociais – para explicar a hostilidade heterossexual em relação à homossexualidade – e nos remete ao conceito de duas grandes teorias: “a teoria da homofobia e a teoria do preconceito sexual, as quais refletem, na sua sequência histórica, uma mudança de paradigmas, do paradigma psicológico ao paradigma social centrado na noção de minoria sexual, e, conseguintemente, uma mudança das estratégias políticas, que visam transformar o status LGBT das pessoas na sociedade.
A partir dos anos 70 começaram a emergir novas garantias dos direitos civis dos indivíduos homossexuais e dos casais do mesmo sexo, uma nova perspectiva dos movimentos de libertação gay: a exigência de alterar radicalmente a estrutura da sociedade heterossexista e eliminar a sua visão estreita da sexualidade e do gênero” (grifo nosso).
O filme tem o cenário principal naquela loja na hoje lendária Rua Castro, era a referência que se tornou o quartel-general da luta pelos direitos dos homossexuais, ali começou a se mobilizar ao tomar conhecimento da violência policial e do cerceamento da liberdade dos gays. Passou a discursar em palanques improvisados, e conquistou e encorajou milhares de homens na mesma situação a assumirem e viverem bem com sua condição.
A frase com que iniciava as suas falas, mais do que uma referência irônica, se transformou num chamado à luta: "O meu nome é Harvey Milk. E estou aqui para recrutá-los." Suas ações provocaram protestos exagerados dos homofóbicos da época. Em San Francisco, os gays elitizados o rejeitavam e não toleravam o estilo de suas abordagens de confronto.
Harvey cooptou e recebeu a ajuda do jovem Cleve Jones (Emile Hirsch) ex-michê. O humor picante e o atrevimento de suas intervenções públicas carrearam o apoio ao movimento que crescia e atraia gays de diversas partes dos Estados Unidos.
Milk se candidatou e perdeu três vezes, motivando o desgaste e pondo fim em seu relacionamento com Scott (James Franco) que, irredutível, não aceitava uma nova candidatura. Entretanto, suas campanhas teatrais deram-lhe crescente popularidade no que resultavam as mudanças sociais mais amplas que a cidade estava vivendo.
Ele tirou vantagem do crescente poder político e econômico do Castro para promover seus interesses. Com a colaboração de amigos e voluntários (não necessariamente homossexuais), Milk entra numa intensa batalha política, em 1977, e consegue ser eleito para o Quadro de Supervisor da cidade de San Francisco tornando-se o primeiro gay assumido a alcançar um cargo público de importância nos Estados Unidos.
Milk exerceu o mandato de Supervisor por onze meses e foi responsável pela aprovação de uma rigorosa lei sobre direitos gays para a cidade. Aquele crescimento e a popularidade alcançada pelo primeiro político que publicamente se declarou gay alvoroçaram os conservadores, mas ele seguiu em frente. Lançou uma grande campanha para que as pessoas recolhessem os dejetos de seus cachorros nas praças e parques, com isso, assegurava evidência na mídia nacional.
No filme – tal as personagens Harvey e Scott, que interpretaram – Sean Penn beija na boca o ator James Franco. Foi assim que Harvey Milk incentivou lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e todos os cidadãos a viverem suas vidas abertamente e acreditava que ‘sair do armário’ era a única forma que eles poderiam mudar a sociedade e obter igualdade social.
Ganhou fãs e inimigos. Em 27 de novembro de 1978, Daniel White, um de seus adversários, invadiu a prefeitura. Matou primeiro o prefeito, com três tiros, e depois se dirigiu ao gabinete de Milk, assassinando-o também.
A morte de Milk provocou protestos e levou 50 mil pessoas às ruas de São Francisco. Contudo, no julgamento, o advogado de defesa de White, Doug Schmidt, afirmou que ele não era responsável por suas ações, usando a defesa legal conhecida como capacidade diminuída, Schmidt disse que a deterioração mental de White foi demonstrada e agravada pelo consumo alimentar pouco saudável na noite anterior aos assassinatos.
Jornais regionais rapidamente apelidaram-na de "defesa twinkie" (uma espécie de bolo com recheio, comum nos Estados Unidos). A cidade, em especial a comunidade gay reagiram negativamente a um veredicto injusto e homofóbico.
Os assassinatos de Milk e Moscone e o julgamento de White mudaram a política de San Francisco e o sistema legal da Califórnia. Como resultado do julgamento de Dan White, os eleitores da Califórnia mudaram a lei para reduzir a probabilidade de absolvição dos acusados que soubessem o que estavam fazendo, mas alegassem que sua capacidade estava prejudicada. A "defesa twinkie" entrou para a mitologia americana, popularmente descrita como um caso em que um assassino escapa da justiça porque ele comete excessos alimentares pouco saudáveis. Dan White cumpriu uma pena de cinco anos de reclusão e, quando foi libertado, se suicidou.
3. CONCLUSÃO
O corpo de Harvey Milk foi cremado e suas cinzas espalhadas no Pacífico. Lê-se, em parte, na placa cobrindo as cinzas de Milk condensadas e enterradas sob a calçada onde ele e a Castro Câmera haviam operado defronte do número 575 da Rua Castro: “Sua vida é uma inspiração para todas as pessoas comprometidas com a igualdade de oportunidades e o fim do fanatismo.”
Apesar da sua curta carreira política, Harvey Milk se tornou um ícone em San Francisco e "um mártir dos direitos gays", segundo a respeitável opinião de Peter Novak, professor da USF (Universidade de San Francisco). O colunista do San Francisco Chronicle Herb Caen descreveu os episódios que culminaram com o assassinato de Milk como uma pandêmica "aversão aos homossexuais" da polícia.
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